Projeto ajuda professores a lidar com o ensino híbrido e a evasão escolar
A chegada da pandemia do novo coronavírus desencadeou uma série de fatores que desestruturou não somente a saúde pública. Diversos segmentos sofreram o impacto da crise sanitária, entre eles a educação. Quarentena, aulas remotas, alunos e professores sem acesso à Internet, falta de atenção ao conteúdo, evasão escolar. Esses problemas têm afetado mentalmente a classe educadora.
Sensível a essas demandas, um grupo tem dado apoio emocional aos professores por meio do projeto Quero na Escola. O atendimento especializado começou em 2020, no primeiro ano da pandemia, e foi adaptado de um projeto anterior: o Especial Professor. A atualização foca no atendimento a questões de saúde mental.
O Quero na Escola originalmente é um canal que atende a pedidos de estudantes. Por meio de uma plataforma mantida por professores da rede pública e privada, um grupo de voluntários acolhe o que estudantes querem aprender além do currículo obrigatório. Na pandemia, no entanto, o serviço deu atenção às demandas dos educadores, que pediram apoio.
"Quando entrou a pandemia, estava todo mundo com muita demanda de saúde mental, dificuldades de entender etc., e percebemos que seria mais útil focar nesse tema para conseguir atender mais professores. Fizemos isso de julho a outubro de 2020. Quando acabou, os professores pediram mais", explicou Cinthia Rodrigues, fundadora do projeto.
A Ecoa, Cinthia informou que recebe pedidos de ajuda individual, coletiva ou com os alunos, além de cadastros de voluntários que se colocam à disposição para ajudar. "A gente liga a demanda a quem pode atender, marca a primeira sessão e dali para frente eles ficam conectados."
No total, participaram desse processo, até agora, 1.523 pessoas, sendo 1.046 professores, 375 alunos e 102 psicólogos voluntários.
O projeto já atendeu 315 escolas, de 103 cidades de 21 estados e do Distrito Federal. Professores que solicitaram apoio individualizado (286, no total) receberam atendimento em sessões exclusivas. Os demais participaram de uma das 54 ações coletivas realizadas até o momento.
Na avaliação de Cinthia Rodrigues, as escolas precisam contar, cada uma delas, com um profissional especializado que possa acolher as pessoas, em um universo de centenas de professores. "No fundo, esse projeto é indicador da necessidade de política pública. As sessões ficam a critério de cada professor e psicólogo. Alguns tiveram três sessões apenas. Outros estão em contato continuado desde o ano passado", disse.
Na rede de ensino pública de São Paulo, o professor Thiago Mariano Alves, de 33 anos, sentiu os efeitos da exaustão mental. O educador leciona na Escola Estadual Maurício Nazar, localizada em Guarulhos. Ele sentiu que precisava de ajuda ainda em 2020.
"Percebi que a falta de retorno dos alunos e a dificuldade para chegar até eles me deixaram extremamente ansioso e angustiado. A rotina mudou radicalmente e eu não consegui lidar com isso. Problemas com tecnologia eu não tenho, mas a comunidade onde leciono não possui acesso à internet e nem instrução para o uso de ferramentas digitais", contou.
Ter acesso ao Quero na Escola foi determinante para aliviar as aflições do educador, que, neste ano, passou a chefiar uma equipe quando aceitou a coordenação pedagógica na escola. "Descobri sobre o apoio emocional do Quero na Escola e resolvi tentar para mim e para minha equipe de professores. Os profissionais são incríveis e direcionaram todos de uma forma muito positiva. Além de menos ansiosos, todos aprenderam a lidar com empatia e hoje estão mais felizes", ressaltou.
O professor lembrou que houve aumento na evasão escolar, o que dificultou ainda mais a vida do profissional e a divulgação dos conteúdos das aulas. "O trabalho foi intenso para chegar até os alunos. Aos poucos estamos alcançando nossos objetivos e agora o novo desafio é o retorno obrigatório."
Para ter acesso ao Quero na Escola, basta acessar o portal do projeto. Contatos também podem ser feitos pelo perfil do projeto no Instagram
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