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Ampliar vozes sobre clima e ação para cumprir metas são destaque na COP26

Juma Xipaya, ativista indígena de Altamira (PA), na COP 26 - UOL
Juma Xipaya, ativista indígena de Altamira (PA), na COP 26 Imagem: UOL

Flora Bitancourt e Kamila Camilo

Colaboração para Ecoa, de Glasgow (Escócia)

03/11/2021 06h00

Enquanto países celebram seus compromissos de redução das emissões de carbono, a necessidade de ações efetivas e de se ouvir mais vozes nas discussões sobre clima esteve no centro da programação da COP26 ontem (2).

"O Brasil tem uma visão plural e ambiciosa sobre a NDC [sigla para Contribuição Nacionalmente Determinada referente aos compromissos para cumprir o Acordo de Paris] que não é essa que o governo federal tem colocado na mesa. E eu acho vai continuar falhando se não escutar todas essas vozes tão plurais do Brasil que têm muito mais para apresentar", afirmou Marina Marçal, coordenadora de política climática e engajamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

Juma Xipaya é uma das ativistas que está representando os povos indígenas por lá e sabe bem do que Marina diz. "Estamos falando da mudança climática há muitos séculos e nós não somos ouvidos. É preciso que vocês [pessoas não indígenas] entendam a importância do clima e da floresta", afirmou ela, que é de Altamira (PA).

O ativista climático João Pedro Rocha, que foi do Rio de Janeiro a Glasgow para a Conferência, fez coro para o principal destaque do dia, após conversa do presidente da COP, Alok Sharma, com populações tradicionais. "Os povos indígenas sabem a solução [para frear o aquecimento global]. Eles já vêm praticando essa solução, só precisam dos recursos e vieram hoje cobrar apoio para que eles coloquem em prática, Nós, juventude brasileira, estamos aqui para apoiar todos eles", disse.

Para isso, é necessário ação. "O que espero que aconteça é que não seja mais uma daquelas COPs em que os governos se comprometem, assinam acordos e depois retornam pros seus países e não cumprem", afirmou a Ecoa Kretã Kaingang, que integra a coordenação executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pela região sul do Brasil.

A busca por aplicação prática das promessas também é central para o secretário do meio ambiente da prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Cavaliere. "É importante que ter em mente que a gente não pode sair daqui sem compromissos claros e ações efetivas e objetivas de como a gente vai chegar até zero emissões em 2050", disse. O representante de Eduardo Paes na COP26 falou a Ecoa sobre a importância do fortalecimento da atuação local neste processo, como o C40, grupo que reúne representantes de quase cem grandes cidades pelo mundo em cooperação para combater a crise do clima.

"As grandes cidades do mundo estão aqui, uníssonas, cobrando que os governos nacionais financiam as cidades, tenham ações focadas nos governos locais para que a gente inicie imediatamente a redução e essa meta ambiciosa de zerar emissões até 2050", disse Cavaliere.