Douglas Belchior: "Debate sobre clima é debate sobre direitos humanos"
O historiador Douglas Belchior, uma das principais lideranças do movimento negro, tem marcado presença em muitas das discussões mais importantes da sociedade civil e de grupos subnacionais na COP26, em Glasgow.
Um dos criadores do documento colaborativo "Clima e Desenvolvimento: Visões para o Brasil 2030", que propõe planos concretos para o enfrentamento às mudanças climáticas, ele defende que não se pode discutir mudanças climáticas sem falar sobre justiça racial e direitos humanos.
"Chico Mendes disse que discutir ambientalismo sem discutir classe era como fazer jardinagem. Pois eu digo que justiça climática sem justiça racial também é jardinagem. Temos que ir às profundezas desse debate e manter a vida das pessoas como primeira preocupação", disse ele a Ecoa.
Hoje (5), ele mediou o evento "Terra, territórios e o enfrentamento ao racismo nas lutas contra a crise climática: o Movimento Negro Brasileiro na COP 26", no Brazil Climate Action Hub. Foi uma discussão sobre o papel do movimento negro no debate climático e a importância dos territórios quilombolas, que pode ser assistida aqui.
"Debate sobre clima é debate sobre direitos humanos. Diz respeito à vida das pessoas que ocupam territórios e que são, junto com os territórios, vítimas dos interesses econômicos que sugam da natureza tudo o que ela tem de riqueza sem se importar em repor, assim como suga a vida das pessoas. Justiça climática diz respeito ao direito à vida", disse.
Em suas falas, ele frisa a necessidade de o Estado garantir proteção a todos os povos. "No Brasil, povos indígenas, populações tradicionais, o povo negro, os quilombolas, os povos das águas e das florestas, todos sofrem com a degradação do meio ambiente promovido pelo capital — pelas grandes corporações, latifúndio, agronegócio. É preciso garantir proteção a eles", completou.
Cobrando ações
Ontem (4), Douglas participou do evento Governadores pelo Clima destacando a importância da justiça climática e o impacto do racismo ambiental no Brasil. Para Ecoa, ele afirmou que é preciso cobrar que as promessas firmadas ali se tornem ações.
"A gente sabe que entre o discurso e a prática tem uma distância enorme, e o papel dos movimentos é pressionar pelo direito à vida das populações originárias e cobrar políticas nos estados. Porque é ali que as regras incidem diretamente sobre a vida das pessoas, e o que a gente percebe é o sucateamento das políticas ambientais e o não cuidado com o meio ambiente", afirmou.
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