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Artista usa materiais descartados para dar roupagem nova a superfícies

Renato Tija assina a cenografia do prêmio Ecoa - Arquivo pessoal
Renato Tija assina a cenografia do prêmio Ecoa Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração para o Ecoa, de Maceió (AL)

10/11/2021 06h00

Há dez anos, o artista visual Renato Tija decidiu largar as agências de publicidade e tentar algo autoral. A ideia que lhe veio à cabeça foi usar material de vários tipos em uma arte sustentável. Hoje, ele faz arte com madeira, parede e ladrilho, por exemplo, e colhe os frutos da decisão de uma década atrás.

"Tenho um trabalho muito voltado para uma nova visualização de superfícies. Então, eu sou meio que um um uma pessoa dedicada a isso. Tudo que você imagina que é superfície, meu trabalho se molda", explica.

A oficina do artista fica em São Vicente, litoral de São Paulo, e é uma verdadeira fábrica de criações. "Nossa oficina foi toda montada com materiais de descarte", conta.

Oficina do artista em São Vicente (SP) - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Oficina do artista fica em São Vicente (SP)
Imagem: Arquivo Pessoal

Nesse tempo, ele conta que já fez vários tipos de trabalhos que o fizeram atingir um grau de maturidade artístico. Por um tempo, ele trabalhou com revitalização de alguns descartes. "Eram coisas que eu achava em uma caçamba, ou na rua, ou nos restos de uma construção", diz.

Desse material, surge um conceito de arte. "Tem clientes que me pedem obras feitas com telhas, com canos PVCs, com pedaços de portas. Acabo dando uma cara para isso, dou roupa nova para essas peças e superfícies que teoricamente estavam descartadas", afirma.

Arte de Tija reúne elementos de superfície - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Tija tem um trabalho voltado a uma nova visualização de superfícies
Imagem: Arquivo pessoal

Tija vai produzir a cenografia do Prêmio Ecoa, e dá alguns detalhes do que pensou para a arte que vai ao palco.

Para ele, o trabalho dos concorrentes ao prêmio têm muito a ver com a forma como ele faz sua arte. "O meu trabalho acaba se juntando a essa turma, a essas cabeças, porque sou uma pessoa que também tenta trabalhar de uma forma diferente do que já existe no mercado", diz.

A ideia da cenografia do prêmio, diz, foi inspirada em andaimes. "É um cenário como se a gente tivesse montado uma galeria pós-demolição. Para montar, peguei vários andaimes e, para subir, há uma sensação de que você mesmo constrói o alicerce para chegar lá no alto.

Acho que Ecoa é muito isso: são as próprias pernas, os próprios braços que você usa para construir, como nesse andaime, de forma firme e resistente; sem que você caia; sem que você tenha tropeços

Para isso, porém, o artista não perdeu a sua essência na produção do trabalho. "Sem dúvida dei uma cara Ecoa sem tirar minha identidade. Fiz para mostrar que a gente está em sintonia", finaliza.

A premiação nasceu para reconhecer e impulsionar as histórias e soluções de quem está na linha de frente da transformação social no Brasil. O Prêmio ECOA quer agregar valor tanto às iniciativas, pessoas e empresas indicadas quanto para a sociedade brasileira, amplificando as vozes que são silenciadas e construindo pontes entre agentes de transformação, audiência e a sociedade, de forma propositiva e inspiradora.