Universitários criam projeto de panificação sustentável e ajudam comunidade
Estudantes da Escola de Engenharia de Lorena, da USP, transcenderam a receita de água e farinha para criar um projeto de panificação que, além de alimento, leva oportunidades a pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Por meio de uma oficina de panificação e empreendedorismo, a comunidade aprende a fazer pães e se organiza para comercializar o produto. A iniciativa desenvolveu técnicas de panificações que buscam formas de consumo e produção sustentáveis. Para isso, criou receitas usando como ingrediente principal o bagaço de malte, resíduo que costuma ser descartado pela indústria cervejeira.
Trata-se de um resíduo rico em fibras, o que torna a receita nutritiva, saborosa, inovadora e com alto valor agregado que já teve impacto na vida de mais de 420 pessoas no município do interior de São Paulo.
"Neste trabalho foram estudadas as propriedades nutricionais do bagaço de cevada maltada, um resíduo da indústria cervejeira que, geralmente, é descartado. Além disso, o mapeamento da comunidade identificou que a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica necessitava não só de uma renda extra, mas também de nutrientes em sua alimentação", conta Érica Boer Garcia, vice-presidente da Enactus EEL USP.
A Enactus é uma organização internacional sem fins lucrativos dedicada a inspirar os alunos a melhorar o mundo através da ação empreendedora. A entidade está presente em mais de 37 países e fornece uma plataforma para os universitários criarem projetos de desenvolvimento comunitário que colocam a capacidade e o talento das pessoas em foco.
A partir desses dados nasceu o Projeto Cigana, com aplicação de oficinas com uma receita de pão nutritiva e de baixo custo, além de módulos voltados a custos e vendas para despertar nos alunos o espírito empreendedor.
A iniciativa desenvolveu técnicas de panificação que buscam formas de consumo e produção sustentáveis.
Dentro das oficinas, o Projeto Cigana aplica o módulo de "mão na massa", ensinando a receita com adição de bagaço de malte e a importância dessa reutilização. O uso do malte não só viabiliza um ciclo produtivo sustentável, mas também traz os benefícios do grão para a saúde, visto que sua grande quantidade de fibras e nutrientes colabora para um bom funcionamento do sistema digestivo.
O malte nosso de cada dia
A ideia inicial, surgida no TCC da estudante Karen de Souza, ex-integrante do grupo Enactus - EEL, já era a de uma receita de pão com adição do bagaço de malte. Com o passar do tempo foram realizados diversos testes e degustações para se conseguir uma receita mais simples e mais barata que pudesse levar alimentação saudável e de baixo custo a mais gente.
Hoje novas receitas com adição de malte estão sendo estudadas e testadas pela comissão atual do projeto para expandir as opções, incluindo bolos, brownies e massas.
O malte é conseguido por meio de parcerias e doações com cervejeiros locais que avisam sobre a produção e, assim, o grupo consegue fazer a retirada de grandes volumes por vez e congelar para que ele dure mais tempo. Os outros ingredientes, diz Érica, são comprados com o caixa do projeto ou doação de outras parcerias para a realização das oficinas.
Por causa da pandemia de covid-19, tanto a produção desses cervejeiros, quanto as oficinas do projeto ficaram paralisadas por um tempo e, por isso, os responsáveis estão utilizando um volume abaixo do comum nessa fase de retomada —aproximadamente 5 kg por mês. No entanto, conta, o projeto já utilizou em suas oficinas mais de 110 kg de malte sem contar as doações repassadas para as produções individuais dos alunos e testes de receitas por membros do projeto.
Impacto na comunidade
O Projeto Cigana aplica oficinas de panificação e empreendedorismo desde 2018 na cidade de Lorena (SP) e nesse período foram aplicadas 29 oficinas de panificação e empreendedorismo de formas variadas. Com isso, mais de 420 pessoas já foram impactadas, 430 pães produzidos e 110 kg de malte reutilizados. "Além disso, o projeto ao longo dos anos ajudou na geração de renda extra para algumas mulheres que carinhosamente chamamos de empoderadas. Hoje contamos com duas empoderadas em atividade", diz Érica.
Segundo ela, a comunidade se mostra receptiva com o projeto, que sempre consegue atingir sua meta de inscrições mesmo durante a pandemia. Além disso, o projeto faz a distribuição do malte recebido e alguns alunos mantêm o contato para retirar mais malte e produzir mais pães, seja para consumo próprio ou venda. Outro bom indicador dessa receptividade são os pedidos de novas oficinas com novas receitas recebidas pelos feedbacks no final das oficinas realizadas atualmente.
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