Topo

Ação de estudante de medicina leva atendimento para as ruas de 5 cidades

Ações do "Saúde da Rua" atendem cerca de 200 pessoas em SP pelo menos duas vezes ao mês - Divulgação Saúde da Rua
Ações do 'Saúde da Rua' atendem cerca de 200 pessoas em SP pelo menos duas vezes ao mês Imagem: Divulgação Saúde da Rua

Isaac Toledo

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

15/11/2021 06h00

Em dezembro de 2019, a estudante de medicina Rebeca Pelosof e sua mãe, a médica endoscopista Adriane Graicer Pelosof, participaram da ação de Natal da ONG SP Invisível, organização voltada para ajudar e dar dignidade às pessoas em situação de rua.

"A ação aconteceu na região da cracolândia. Ao chegarmos lá, vimos que tinha um grupo de médicos realizando atendimentos. Então, começamos a acompanhá-los para entender o que eles estavam fazendo e como poderíamos ajudá-los. Foi muito chocante ver a situação daquelas pessoas, pois percebemos que aquela população era privada de atendimento básico e contínuo", conta a futura médica.

Ao voltar para casa, Rebeca estava decidida a encontrar uma forma de levar esse atendimento até os mais necessitados. O momento que ela encontrou para tirar a ideia do papel foi em maio de 2020. Com a pandemia avançando pelo país e as aulas suspensas, a estudante de medicina criou o 'Saúde da Rua'.

Ela, sua mãe, uma amiga do curso de medicina, Cibele Akaki, e seu primo, Gustavo Gracier, foram os participantes da primeira ação do projeto, que teve como objetivo rastrear possíveis casos de covid em pessoas em situação de rua.

"Percebemos que a covid era só a ponta do iceberg, pois muitos tinham problemas mais urgentes a serem tratados. Começamos realizando duas ações por semana. Em um mês, não sei nem como explicar, tivemos um boom. Uma estudante de medicina de Campinas falou com a gente e abriu uma filial do projeto na cidade. A Human Day nos convidou para ser o braço da saúde da ONG e tivemos mais de 200 pessoas interessadas em ser voluntários, sendo 150 estudantes da área da saúde e 79 médicos formados", conta Rebeca.

Saúde da rua - Divulgação Saúde da rua - Divulgação Saúde da rua
Estudante de medicina percebeu que os problemas de saúde dos moradores de rua iam muito além da covid-19
Imagem: Divulgação Saúde da rua

Atualmente as ações na cidade de São Paulo acontecem ao menos duas vezes ao mês, geralmente aos finais de semana, e se concentram em duas comunidades do bairro do Grajaú: Comunidade da Toca e Comunidade Anchieta.

Com a alta adesão ao projeto, o Saúde da Rua passou de 25 atendimentos por ação para 200, levando não só atendimento médico, mas também distribuindo kits de higiene pessoal, remédios e até encaminhando pacientes com casos graves a hospitais.

Além das cidades de São Paulo e Campinas, o projeto tem filiais em mais três cidades: São José do Rio Preto, São Carlos, ambas no interior de São Paulo, e Itajaí, em Santa Catarina.

Saúde da Rua para Elas

Além de institucionalizar o projeto, para atrair patrocinadores e poder receber doações em dinheiro e materiais de empresas do ramo da saúde, outra meta é oficializar o Saúde da Rua pra Elas, com ações voltadas especificamente para público feminino.

"Sabemos que quase 90% da população em situação de rua são homens, mas os 10% de mulheres são uma população ainda mais vulnerável. Elas sofrem muito abuso, geralmente estão muito reprimidas, sentem medo de ir ao atendimento e expor sua condição. Quero muito ajudar mais esse público", afirma Rebeca.

Para informações sobre voluntariado e como contribuir, acesse o site oficial do Saúde da Rua ou mande uma mensagem pelo direct da conta do Instagram do projeto.