Jovens periféricos criam rede de informação sobre política e pandemia em PE
Há, nas quebradas de Recife, capital de Pernambuco, uma rede de articulação liderada por jovens que trabalha com diversas pessoas e temáticas e realiza ações para deixar moradores da periferia do Grande Recife informados sobre a pandemia do novo coronavírus.
A Rede Tumulto, criada no início da pandemia de covid-19, usa a linguagem periférica para ter certeza de que a mensagem foi entendida. Além disso, o projeto oferece oficinas sobre conscientização política e mostra os papéis de cada parlamentar para que os cidadãos saibam como cobrá-los.
Segundo a organização da rede, formada jovens negros de periferia especialistas em comunicação e tecnologia, o objetivo do trabalho é expandir o diálogo com outros grupos, pessoas e espaços com ações de formação e produção de conteúdos — além da inclusão da periferia na área da comunicação, arte e tecnologia.
Combatendo as fake news
Com a pandemia e toda a disseminação de fake news sobre o vírus, o projeto identificou a necessidade de estimular o senso crítico e o olhar sobre o conceito de políticas públicas. "Para que eles possam questionar os direitos básicos que nos são negados", explica uma das coordenadoras da rede, a designer de produto e experiência Fernanda Paixão.
Fernanda diz que a motivação do grupo vem da vontade de devolver para a comunidade todo o conteúdo que eles tiveram a oportunidade de absorver. "Somos fruto de um projeto social. E nos consideramos como multiplicadores com o intuito de ajudar mais jovens e pessoas de periferia a repensar a sua trajetória e se reconhecer como uma potência", diz ela.
A profissional ressaltou que as ações são focadas na diminuição do impacto da covid-19 nas favelas, com distribuição mensal de cestas e kit de higiene em mais de 15 comunidades da RMR. Em média, mais de 400 famílias recebem apoio.
A Rede Tumulto também espalha cartazes pelas quebradas, que fazem alertas sobre as posturas dos políticos durante a crise sanitária e também repercutem a situação na qual a comunidade está imersa mesmo dentro de uma pandemia, como falta de água, por exemplo.
Já as formações com jovens e mulheres donas de casa, na Oficina de Acesso à Política, detalha para os moradores o que é um ser político e quais os papeis daquelas figuras que se aproximam da comunidade na época eleitoral.
Atenção especial às mulheres
Com as mulheres donas de casa, acrescenta Fernanda, ainda existem momentos de reflexão sobre o corpo, mente e enfrentamentos pessoais. Ela diz que todos reconhecem a realidade da maioria das mulheres periféricas, geralmente pilares de suas famílias.
"Elas tiveram um ano ainda mais sobrecarregado durante a pandemia. Então, provocamos a necessidade de cuidado com o seu corpo e mente, entendendo essas atividades como algo pertencente a elas. O intuito da atividade é reconhecer a importância e necessidade do cuidado a quem cuida", diz Fernanda.
A Rede Tumulto aceita doações de alimentos, itens de higiene e recursos para a ação de distribuição de cestas básicas. Também recebem parcerias e recursos para a realização de formações para jovens e pessoas de periferias.
As formações ocorrem mediante um apoio de recursos para ser possível custear local, bolsa, transporte e alimentação. Todos esses aspectos resolvidos tornam viável a participação do jovem ou pessoa periférica na atividade.
Danilo Mendes é morador do bairro do Totó, na zona Oeste de Recife. Ele conta que buscou as oficinas para entender mais sobre política. "Eu precisava ter mais propriedade para falar sobre o assunto. E as aulas foram bem didáticas, com cartazes, câmeras. Aprendemos sobre a importância de cobrar os políticos no ano todo, não somente nas eleições", disse.
Todo o contato com a Rede Tumulto é feito pelo perfil do projeto no Instagram. Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX (chave-e-mail): redetumulto@gmail.com.
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