Topo

Consciência Negra: Ecoa lembra mulheres e homens que têm fortalecido lutas

Djamila Ribeiro - Flavio Teperman/Divulgação
Djamila Ribeiro Imagem: Flavio Teperman/Divulgação

De Ecoa, em São Paulo

20/11/2021 06h00

A ideia de celebrar o Dia da Consciência Negra no dia 20 de novembro tem origem no início dos anos 1970, quando o grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, defendeu um dia para celebrar a consciência sobre a presença dos negros no Brasil.

O dia foi escolhido porque marca o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695), colocando o foco no protagonismo das pessoas negras na luta por liberdade. Após décadas de pressão do movimento negro, a data entrou no calendário escolar após uma lei de 2003 e, oito anos depois, foi oficializada pela presidente Dilma Rousseff como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Para celebrar a data, Ecoa fez uma seleção de reportagens publicadas ao longo de 2021 sobre pessoas negras que estão fazendo história e ajudando a construir um país melhor.

Nina Silva

Nina Silva  - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Nina Silva
Imagem: Iwi Onodera/UOL

"Somos um único povo e não vamos sair da base da pirâmide se não agirmos em coletivo e atuarmos intencionalmente nisso, mas ao mesmo tempo podemos montar a nossa própria estrutura. É novo, mas é ancestral. Reconstruir essa ancestralidade sempre foi um processo coletivo, colaborativo e também um processo cíclico de busca por uma real liberdade."

Leia: Ela encontrou força do coletivo ao criar Movimento Black Money

Nath Finanças

Nath Finanças - Leo Aversa - Leo Aversa
Nath Finanças
Imagem: Leo Aversa

"Sei que boa parte dos brasileiros passa fome, mas sei também que tem pessoas que estagiam, que são jovens aprendizes, que pagam as contas com os pais, os avós. E a gente não vai falar com essas pessoas? Vamos deixar elas se endividarem? Pessoas que estão passando fome não conseguem pensar em educação financeira. Não posso romantizar isso; elas precisam comer. Mas sei que tem gente que pode estudar, consumir conteúdo gratuito na internet e economizar".

Leia: Nath Finanças quer mudar sua vida e sua relação com o dinheiro

Ana Fontes

Ana Fontes - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ana Fontes
Imagem: Arquivo pessoal

"Foram quase 17 anos no mundo corporativo. Sofri muita discriminação, hoje consigo elaborar, falar sobre isso, mas na época não tinha essa clareza. Sabia que tinha mais obstáculos para conseguir qualquer passo dentro dessa carreira. Sempre ouvia em todos os processos seletivos que não vinha de escola e de faculdade de primeira linha, que não falava inglês fluente."

Leia: Ela criou rede e capacitou meio milhão de mulheres para empreender

Carmen Silva

Carmen Silva Ferreira - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Carmen Silva Ferreira
Imagem: Fernando Moraes/UOL

"Quando eu vim da Bahia, tive que morar um ano nas ruas de São Paulo. Passava o dia andando a pé pela cidade e à noite ia dormir em um albergue da prefeitura. O povo acha que sem-teto é só quem mora na rua, né? Nada disso. Todo mundo que não tem moradia própria está sem teto. Aí, eu começava a olhar para cima, para os prédios, e muitos, muitos mesmo estavam sem ninguém. As pessoas só passavam pelo centro, não moravam aqui."

Leia: Ela morou nas ruas e luta para que todos tenham casa

Djamila Ribeiro

Djamila Ribeiro - Flavio Teperman/Divulgação - Flavio Teperman/Divulgação
Djamila Ribeiro
Imagem: Flavio Teperman/Divulgação

"Sou filha e neta de empregadas domésticas. São exemplos de 'mulheres que limpam o mundo', como diz a [cientista política] Françoise Vergè, e que foram invisibilizadas pela história escrita pelos vencedores. Não se dá o devido valor a essas mulheres que tiveram papel fundamental para o funcionamento da sociedade. Para que os homens pudessem sair e conquistar o mundo, existiram essas mulheres tomando conta da casa. Esse lugar foi imposto e deve ser questionado.

Leia: Ela ensina sobre questões raciais em livros que venderam mais de 500 mil cópias

Emicida

Emicida - Jef Delgado - Jef Delgado
Emicida
Imagem: Jef Delgado

"A gente precisa, para ontem, superar a desigualdade racial. E como a gente vai superar essa desigualdade? Enfrentando de verdade o racismo. E como a gente vai enfrentar o racismo? Compreendendo que ele é um assunto que pertence à sociedade brasileira. Se a gente empurrar isso para a população preta dizendo 'esse é um assunto de vocês, resolvam-se', vamos estar fazendo o quê?"

Leia: "Todos os dias a minha esperança se renova"

Liniker

Liniker - Camila Tuon/Divulgação - Camila Tuon/Divulgação
Liniker
Imagem: Camila Tuon/Divulgação

"Sabe, sempre vou falar sobre afeto. Acho que tentando sempre fazer com um olhar diferente, mas afeto é a minha força motriz de trabalho. E isso também é político para mim. Porque é como eu reivindico minha existência sendo preta, sendo trans, sendo LGBTQIA+. Acho que o que mudou é que agora não é mais a Liniker de lá do começo da carreira, que apareceu na mídia escrevendo cartas de amor que ela nunca entregou. Não, agora o amor da Liniker é ela mesma. É sobre autoamor".

Leia: "Afeto é a minha força motriz de trabalho. E também é político"

Kaique Brito

O jovem influenciador Kaique Brito - Divulgação - Divulgação
O jovem influenciador Kaique Brito
Imagem: Divulgação

"Quando as pessoas dialogam ninguém perde. Às vezes, a pessoa só tem um pensamento porque acha que vai beneficiar ela mesma, mas não vai. Por exemplo, se a pessoa tem uma opinião de que é bom o desmatamento, a grilagem, ela precisa ver como isso impacta negativamente a vida dela. Eu acho que quando tem diálogo, ela pode perceber isso."

Leia: Kaique Brito viralizou aos 14 anos unindo humor e ativismo

Criolo

Criolo  - Divulgação - Divulgação
O rapper Criolo
Imagem: Divulgação

"Vivemos em comunidade, isso é algo indivisível, até a manutenção do individualismo requer outras pessoas para isso se manter de pé. Se vou comer, alguém fez a comida. Se você fez a comida, alguém plantou essa comida. Quem escolhe não ser solitário, mas ser sozinho no mundo depende de toda uma rede de apoio em ações e suporte à sua individualidade."

Leia: Criolo traduz a luta ambiental para a quebrada

Thalma de Freitas

Thalma de Freitas cantando "Cordeiro de Nanã" com Mateus Aleluia - Reprodução/Youtube - Reprodução/Youtube
Thalma de Freitas
Imagem: Reprodução/Youtube

"Sempre teve um movimento de consciência negra no Brasil, obviamente. Mas com o advento da internet, do Facebook, as pessoas ficaram muito mais educadas a respeito. Elas passaram a ouvir as reclamações dos afrobrasileiros a respeito da cultura brasileira. Não dá mais para ficar nessa negação. Não dá, não tem lugar para isso."

Leia: "Enquanto existir quarto de empregada, a luta continua"

Marina Silva

Marina Silva no Seminário Economia Limpa, em 2017 - KEINY ANDRADE//Folhapress - KEINY ANDRADE//Folhapress
Marina Silva
Imagem: KEINY ANDRADE//Folhapress

"Tem uma pedagogia triste que está acontecendo no mundo e também no nosso país, que é o resultado dos eventos extremos. Quando as pessoas entram em contato com essa realidade, seja em relação às enchentes, aos deslizamentos, aos períodos de estiagem, com prejuízos para as suas lavouras, para a geração de energia, aumentando a tarifa de luz, aumentando a inflação, o custo dos produtos que levam para casa, isso acaba criando uma consciência prática."

Leia: Marina Silva quer ver discurso de proteção ambiental virar ação

Lázaro Ramos

Lázaro Ramos vai apresentar a série "Trip Transformadores" na TV Cultura - Divulgação / Trip - Divulgação / Trip
Lázaro Ramos
Imagem: Divulgação / Trip

"É muito difícil falar de uma fórmula para inspirar as pessoas de uma maneira geral. Acho que cada um tem sua estratégia. A minha tentativa é falar sempre numa mistura de coração e informação sólida. Em um momento de tanta fake news e tanto ódio, acho que é uma arma poderosíssima falar com muito conteúdo relevante e trazendo atenção para os fatos, além de colocar emoção junto porque muitas vezes as pessoas estão conscientes, mas não estão sensibilizadas."

Leia: "Ter microfone nas mãos é benesse, mas traz responsabilidade"