Produtor artesanal aposta na honestidade dos clientes para vender queijos
As pacatas praias de Muriú e Jacumã, que fazem parte do município de Ceará-Mirim, na Região Metropolitana de Natal (RN), já são conhecidas como destino de veraneio. De uns anos para cá, além das belas paisagens naturais, o local está ficando mais famoso pela agricultura familiar. Um dos responsáveis é Marinho de Sousa, 42, criador da primeira queijaria artesanal legalizada das regiões Nordeste e Norte do Brasil.
Em sua propriedade, a Fazenda Caju, que fica no distrito de Gravatá, em Ceará-Mirim, o empreendedor começou a cuidar de três vaquinhas da raça Gir Leiteiro e descobriu no hobby a possibilidade de um negócio: produzir queijo a partir do leite cru.
Em 2019 seus produtos passaram a ser vendidos em um box da Cecafes (Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária), na capital potiguar, mas, sem recursos para pagar um funcionário para cuidar das vendas, Marinho precisou criar um inusitado sistema de autoatendimento que aposta na honestidade dos clientes para poder comercializar seus queijos.
O funcionamento é simples: o freguês escolhe o produto e deposita o valor referente em uma urna ou faz uma transferência bancária. Só precisa anotar em um caderno o que levou e como efetuou o pagamento.
"Para a gente que é pequeno, que vive da agricultura familiar, o gargalo é sempre a comercialização. Porque se for entregar para atravessadores a gente fica sem margem, acaba tendo de vender barato. E, para vender direto para o consumidor final, a gente precisa ter uma estrutura", diz o empreendedor, que passa a semana dedicando-se à produção de queijo na propriedade onde mora com a família.
A rotina de trabalho começa cedo na Fazenda Caju. Marinho prepara o café da manhã dos quatro filhos e os leva para a escola. Volta para a casa e toma café com a companheira, Marilia, antes de dar início a mais um dia cuidando dos laticínios. No sábado, que é o dia de maior movimento, Marinho segue para a Cecafes para conversar com os clientes e interagir.
Ele conta que antigamente eles mesmos entregavam os queijos nas casas dos clientes. Depois, por um tempo, os interessados passaram a ir até a loja para buscar, e passaram a anotar o que levavam em um caderno. Assim, o autoatendimento foi sendo formatado e a família, nas palavras do empreendedor, ganhou confiança no que estava fazendo. "A gente montou um projetinho e colocou uma caderneta. Os clientes começaram a comprar dessa forma."
Instalaram uma câmera no local e descobriram que houve, sim, pessoas que levaram e não pagaram pelo produto, "mas foi pontual". "E acabou que, quando você é desonesto, vem uma vez, pega, e depois vem de novo. Então, pela câmera, eu consegui rastrear quem era e pegar a pessoa no flagra. Por mais que um ou outro levasse, o sistema valia a pena", diz.
Autoatendimento na horta
Deu tão certo que, agora, o autoatendimento está sendo implantado na fazenda, enquanto o espaço na Cecafes está fechado para reforma. O empreendedor, que também trabalha ensinando gratuitamente outras pessoas a fazer e a vender queijo, está montando uma horta em que os clientes colhem o alimento e deixam o pagamento dentro de uma urna. Felizmente, diz ele, pessoas honestas existem em maior quantidade.
"Meu objetivo é encorajar outras pessoas e, com isso, também acabo dando uma assessoria para os interessados em produzir o próprio queijo", resume o empreendedor, cuja história foi incluída na websérie "E se fosse no Brasil?", resultado da parceria do Razões para Acreditar com a empresa de tecnologia de serviços financeiros Stone.
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