Qual o impacto de ter um carro para o aquecimento global?
Sair pelas manhãs em uma grande cidade envolve a quase certeza de se deparar com um mar de veículos nas ruas. Além de provocar trânsito, a maioria dos automóveis no Brasil é movida a combustíveis fósseis que são emissores de gases do efeito estufa (GEE) e agravam o aquecimento global.
Só no estado de São Paulo há mais de 19 milhões de carros, de acordo com dados do Ministério da Infraestrutura, Departamento Nacional De Trânsito - Denatran, divulgados pelo IBGE em 2020.
É certo que ter um automóvel na porta de casa garante algum conforto e para algumas pessoas pode até ser um símbolo de status. Mas quais os impactos de ter um carro para o aquecimento global? Como a queima de combustível, o ciclo de produção e o seu uso afetam o nosso planeta?
Ecoa conversou com diferentes especialistas sobre o tema para mensurar como os carros afetam o meio ambiente e quais são as possíveis soluções para a mobilidade. Acompanhe a seguir.
Como ter um carro impacta o aquecimento global com as suas emissões?
O setor de transporte como um todo é responsável por 14% das emissões de gases do efeito estufa no mundo. Só em São Paulo, os carros representam 72,6% dessas emissões da cidade e são mais poluentes que os próprios ônibus, se comparada a quantidade de material particulado lançado por pessoa transportada. Os dados são do estudo feito pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), que também apontou que os carros registram 88% dos quilômetros percorridos por veículos motorizados no município.
Quantas árvores o seu carro 'custa' por ano?
Andar cerca de 20 quilômetros de carro por dia, com um motor 1.5 ou 2.0 movido a gasolina, gera 1,703 tonelada de carbono por ano, de acordo com calculadoras de carbono. A compensação mínima ao meio ambiente seria a plantação de ao menos cinco árvores anualmente.
"A compensação ambiental funciona com o princípio poluidor-pagador. É uma espécie de indenização ao planeta pelo uso dos seus recursos, como uma forma de prevenção ao dano ambiental", explica Davi Bertoncello, especialista em mobilidade urbana e CEO da Tupinambá Energia, startup de eletromobilidade urbana.
Qual o impacto da fabricação de um automóvel para o meio ambiente?
Quando se pensa nos impactos de um veículo, logo se imagina o dióxido de carbono sendo lançado de seu escapamento. Mas, antes mesmo que o motor do automóvel possa funcionar, as emissões GEE já começaram em seu processo de fabricação. "É preciso lembrar que há uma série de insumos que impactam no aquecimento global, como extração de metal, plástico e borracha", lembra o especialista em sustentabilidade Marcus Nakagawa.
Quanto o assunto são os veículos elétricos como uma saída, Bertoncello aponta números menores, mas não totalmente animadores: "Um carro utilitário médio e movido a gasolina gera cerca de 24 toneladas de CO2 durante seu ciclo de vida, enquanto um veículo elétrico produz cerca de 18 toneladas de CO2, sendo 46% desse impacto no período da produção do carro e da bateria. Se houver redução das emissões na produção e também na geração da energia, a vantagem do veículo elétrico pode ser ainda maior", explica para Ecoa.
Mas qual a solução para os impactos dos automóveis?
O especialista em mobilidade acredita que o caminho seja a eletrificação das frotas, sejam elas públicas ou privadas. "É uma necessidade para a mitigação de CO2. Sabemos que em países em desenvolvimento, como o Brasil, vai ser importante olhar para o setor de forma integrada. Pela força do etanol, vai existir um período de maior concentração dos modelos híbridos, mas o caminho a longo prazo serão os carros elétricos", defende Bertoncello.
Os números de carros elétricos ainda são 'tímidos' e marcam 3,55 milhões de vendas até agosto deste ano em todo o mundo, mas mostram expansão e já representam mais do que o total vendido em 2020. No Brasil, a venda de carros elétricos foi de 1,8 mil e 25,1 mil híbridos, segundo dados de um levantamento feito pela InsideEV.
Enquanto a tecnologia não apresenta alternativas para uma mobilidade inteiramente livre de emissões de carbono, escolher por outros modais pode ser uma saída interessante.
"Pesquisas revelam que o brasileiro percorre em média 45 km/dia para completar suas tarefas de rotina em um tempo de deslocamento de 2h40. Em média, utiliza 2,5 meios de transporte diariamente. Os modais que mais atraem o público como opção aos carros a combustão são metrô e trem", aponta Bertoncello.
Em conjunto com essas outras opções para melhorar a mobilidade, o especialista alerta que é necessário investir na construção de novas ruas, avenidas, veículos leves sobre trilhos, ciclovias e corredores de ônibus. "É preciso melhorar a experiência de modais verdes e públicos", diz.
"Mas outra saída complementar é mitigar a necessidade de locomoção por carro com iniciativas que podem transformar a mobilidade de uma cidade, como ampliação do horário de funcionamento do transporte público, alteração de horários comerciais em bairros centrais e/ou ultra lotados e adoção do home office e sistema híbrido de trabalho", completa.
Como deixar o carro de lado no dia a dia ou reduzir o seu impacto?
A pedido de Ecoa, o especialista em sustentabilidade Marcus Nakagawa trouxe opções simples para ajudar a deixar o carro de lado ou diminuir as suas emissões. Confira a seguir:
- Dê prioridade ao transporte coletivo como ônibus e metrô. Dependendo da cidade e da linha dá até para ler um livro enquanto se desloca;
- Em cidades planejadas ou em menores percursos, é possível usar bicicletas e patinetes para ir ao trabalho e para o local de estudo;
- Crie um grupo de caronas para pessoas que vão ao mesmo destino ou próximo. Assim, já é possível diminuir o número de carros na rua e consequentemente a emissão.
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