Universidade dos EUA oferece ensino flexível e gratuito para refugiados
Nos últimos anos, mais de 70 milhões de pessoas deixaram seus países de origem. Desse total de imigrantes, que se deslocam por motivos que vão desde guerras a desastres ambientais, estima-se que só 3% tenham acesso ao ensino superior. Um programa da Southern New Hampshire University (SNHU), em Manchester, nos Estados Unidos, vem tentando mudar essa realidade.
Em 2017, a universidade criou o Global Education Movement (GEM), uma iniciativa na qual refugiados têm a oportunidade de cursar uma graduação flexível e gratuita nas regiões onde foram alocados. Trata-se do primeiro programa de aprendizagem em grande escala para pessoas nessa situação.
O GEM foi lançado na cidade de Kigali, a capital de Ruanda, e no campo de refugiados de Kiziba, área que se tornou a casa de 17 mil congoleses. Desde então, atende mais de 1000 estudantes em outros quatro países — Quênia, Maláui, África do Sul e Líbano.
Mudança de vida
Em Ruanda, 95% dos alunos chegaram até a conclusão do curso. Desse total, 88% receberam colocação profissional. Eles também ganham mais do que o dobro da renda dos colegas sem ensino superior e costumam encontrar emprego até seis meses após a formatura.
Quem não se formou ainda vê no programa uma chance de transformação na própria vida, mesmo longe de sua terra natal. É o caso de Noria Dambrine Dusabireme, uma das alunas atendidas. Ela cursa Comunicação e atua como estagiária em gestão de mídias sociais. "Aprendi muitas coisas por meio do projeto e no mundo real", disse ela ao TED Talks.
Para Noria, conseguir um diploma representa voltar a trabalhar onde e com o que ela quiser. "Posso tentar um mestrado em inglês com confiança, que é algo que eu nunca sonhei fazer. E tenho as qualificações necessárias para sair e encarar o ambiente de trabalho sem medo de falhar", completou.
Foco no aluno
Diretora-executiva da GEM, Chrystina Russel explicou ao TED Talks que o programa tem obtido bons resultados porque o modelo prioriza o aluno. Não existem provas, palestras ou prazos. Pelo contrário, o diploma obtido é baseado em competências desenvolvidas e não em um calendário. É o aluno quem escolhe quando começar e como vai fazer seu projeto. "A mágica disso é considerarmos a vida dos refugiados como ela é", afirmou Chrystina.
De acordo com ela, isso é possível porque a universidade combina o aprendizado online do conteúdo acadêmico com competências do ensino presencial, que podem ser desenvolvidas com parceiros da SNHU e empregadores locais. Além de mentoria online, são oferecidos apoio psicossocial, médico e na obtenção de trabalho. "O estágio estruturado é uma oportunidade para os alunos colocarem suas habilidades em prática, e para criarmos vínculos entre o estágio e uma futura oportunidade de trabalho", acrescentou a diretora-executiva.
Os alunos atuam com projetos, postados na plataforma disponibilizada pela SNHU. Cada um traz objetivos a serem trabalhados, as competências necessárias e instruções para o desenvolvimento da demanda.
Depois de concluídos, os projetos são submetidos a professores da universidade. Feedbacks são enviados e o estudante pode refazer o trabalho no seu tempo e quantas vezes forem necessárias até que alcancem o domínio completo do projeto. Quando todos os projetos estiverem dentro dos critérios do curso, o estudante está apto a se formar.
Refugiados que não concluíram o ensino médio também recebem atendimento para que possam obter o nível e, muitas vezes, a documentação necessária para prosseguir com os estudos.
De 18 a 67 anos
Segundo relatório do GME de 2020, o custo médio por aluno do programa é de US$ 5.682 por ano. Em uma universidade privada convencional norte-americana, o valor pode passar de US$ 35 mil por ano.
O público atendido hoje pelo GME tem idade entre 18 e 67 anos e envolve mais de 20 nacionalidades. A meta da SNHU é expandir o programa para 15 países nos próximos cinco anos.
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