Amigos se unem para recolher lixo e tiram 1,5t das ruas de S. J. dos Campos
Com o objetivo de deixar os parques e equipamentos públicos mais limpos e organizados para as crianças, um grupo de amigos se reúne e põe a mão em São José dos Campos, interior de São Paulo. O cerco contra o lixo descartado irregularmente nas ruas culminou na criação do projeto Minha Cidade Mais Bonita, que já retirou cerca de 1,5 tonelada de resíduos das vias da cidade desde a criação do trabalho em julho deste ano — para se ter uma ideia, a produção média de lixo por pessoa é de 1kg por dia.
Os amigos se deslocam todos os sábados a comunidades diferentes e mostram para os moradores que, com ações simples, é possível deixar as ruas limpas. Durante as ações, acontece também um trabalho de conscientização. Todo o lixo acumulado é entregue a catadores da região e a pontos de recolhimento da prefeitura.
Ao longo da pandemia do novo coronavírus e do agravamento da crise socioeconômica, os idealizadores do projeto decidiram sair de suas casas e proporcionar uma ação social simples e construtiva.
"Levar uma mensagem de esperança, conscientização ambiental, valorização comunitária e cidadã. Apesar de ser uma atividade simples, por trás há uma mensagem poderosa de que podemos mudar o mundo aos poucos, coletando o lixo da rua sem perguntar quem jogou, trazendo assim para o indivíduo engajado o poder do exemplo e da consequente transformação social", explicou o engenheiro aeroespacial Danilo Miranda, coordenador da iniciativa.
Todos os sábados, às 10h da manhã, os voluntários já estão posicionados em algum local de São José dos Campos. As ações escolhem praça, rua, terreno ou qualquer outro espaço que necessite de atenção.
O lixo é coletado, passa por triagem e é pesado. Os recicláveis são devidamente encaminhados para reciclagem. Danilo contou que, nos locais, normalmente há moradores da comunidade nas praças ou nas varandas das casas acompanhando o mutirão de limpeza. O projeto aborda essas pessoas e as convida para participar.
"Tentamos despertar a consciência para o poder de ação que elas podem ter sobre o local em que vivem e sobre o impacto negativo do lixo no meio ambiente. Por outro lado, estamos plenamente convencidos de que, como diz o ditado, 'palavras movem, mas os exemplos arrastam'. Infelizmente, percebemos que há uma inércia grande e uma crença muito mal embasada na capacidade de ação do poder público, de que o governo vai resolver o nosso problema por nós, o problema do lixo inclusive", disse.
"Precisamos fazer a nossa parte. Numericamente falando, poucas pessoas com quem conversamos se juntaram a nós, mas todas elogiam a ação. Isso tudo serve de estímulo para que continuemos agindo. Estamos organizando para um futuro próximo uma série de oficinas e lives para falar de forma mais ampla sobre a questão do lixo, reciclagem e meio ambiente", acrescentou.
O lixo reciclável (dividido em plástico, papel, metal e vidro) é doado para catadores. Quando a quantidade é pequena, o grupo leva até um dos PEVs (Posto de Entrega Voluntária) do município. Resíduos orgânicos e o não recicláveis são encaminhados para um aterro sanitário.
"Estamos em conversas avançadas para começar a encaminhar o lixo orgânico para compostagem urbana, com algumas empresas do setor. Esse serviço já existe, mas normalmente é pago, então estamos buscando alguma empresa parceira que queira voluntariamente associar a sua marca conosco", continuou Danilo.
O projeto é 100% financiado com recursos de doações, vindas em especial dos membros do projeto, e em menor grau de alguns apoiadores externos, mas sem vínculo político.
Danilo Miranda ressaltou que amigos entendem que todas as pessoas têm consciência da importância do meio ambiente. "Venho da área tecnológica, então tem sido um grande aprendizado, navegando em águas diferentes. Essa causa adquiriu um sentido especial para mim e espero que adquira também para muitas outras pessoas", disse.
Eduardo de Oliveira é professor de educação física aposentado e morador do bairro Residencial União. Ao saber do trabalho do Minha Cidade Mais Bonita, resolveu entrar em contato com o projeto.
Ele já fazia um trabalho ambiental no meu bairro, que foi projetado para ser arborizado, mas precisou da ajuda de moradores para essa realidade se concretizasse.
"Juntamente com outros moradores, comecei a plantar mudas há uns 20 anos. Plantei umas 300 mudas sozinho e ainda distribuo outras tantas. Mas tem a questão do lixo também. Conheci o Danilo e entrei em contato. É muito difícil uma proposta de cidadania dessa. Ele reuniu o pessoal com sacolas e vassouras e trouxe para ajudar", contou.
Eduardo considera o trabalho importante, principalmente a parte de conscientização da população local. "Tem umas crianças voluntárias. Seria ótimo investir nisso. Por isso, vamos tentar um trabalho com as escolas", adiantou.
Para conhecer mais sobre o projeto Minha Cidade Mais Bonita, você pode acessar o perfil deles no Instagram.
Doações podem ser feita por meio da plataforma Vakinha Online.
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