Topo

Após vencer doença, menino pede para alimentar pessoas em situação de rua

Adeola Abraham Olagbegi, 13 anos, pediu à ONG Make-A-Wish para alimentar pessoas em situação de rua na cidade de Jackson, Mississippi (EUA) - Divulgação
Adeola Abraham Olagbegi, 13 anos, pediu à ONG Make-A-Wish para alimentar pessoas em situação de rua na cidade de Jackson, Mississippi (EUA) Imagem: Divulgação

Antoniele Luciano

Colaboração para Ecoa

18/12/2021 06h00

Nada de festas de aniversário, viagens para a Disney, fantasias, brinquedos caros ou videogames de última geração. O pedido de Adeola Abraham Olagbegi à Make-A-Wish, organização não governamental que atende crianças que lutam contra doenças graves, surpreendeu moradores da cidade de Jackson, no Mississippi (EUA). O menino, que há menos de um ano passou por um transplante de medula óssea, pediu que a instituição o ajudasse a alimentar pessoas em situação de rua ao longo de um ano.

Batizada de "Mesa de Abraham", a ação teve início em setembro de 2021. Desde então já foram fornecidas centenas de refeições para moradores da cidade natal do garoto de 13 anos. No terceiro sábado de cada mês, Abraham se junta a um grupo de voluntários para distribuir marmitas. Somente no primeiro mês, foram alimentadas cerca de 80 pessoas. As refeições foram feitas com apoio de doações de empresas locais.

'Volto às minhas raízes quando faço isso'

Abraham conta que decidiu fazer esse pedido à Make-A-Wish inspirado nas atividades que desenvolvia com a família antes de ser diagnosticado com anemia aplásica, uma doença que afeta o desenvolvimento de células do sangue. Todos os meses, ele e os pais serviam juntos pessoas que viviam nas ruas. Com o diagnóstico, no entanto, o trabalho teve de ser interrompido para que a família pudesse focar esforços no tratamento. "Sempre foi uma coisa boa a fazer e foi isso que cresci fazendo. Então, eu volto às minhas raízes para fazer o que fui ensinado a fazer", disse o menino à WLBT, emissora afiliada da rede CNN.

A mãe do garoto, Miriam Olagbegi, chegou a questioná-lo se realmente não queria ganhar algo material quando ele lhe contou sobre sua decisão. "Você tem certeza de que não quer um Playstation?", lembrou ela à CBS. A resposta foi negativa. Agora, toda a família está empolgada para que a "Mesa de Abraham" continue. A ideia é tornar a iniciativa uma organização sem fins lucrativos. "Se eu estivesse nas ruas, gostaria que alguém pensasse em mim e fizesse algo especial. Então é isso que tento levar para os meus filhos", completou a mãe.

Mesa de Abraham - Divulgação - Divulgação
Ação criada por menino de 13 anos foi batizada de 'Mesa de Abraham'
Imagem: Divulgação

Exemplo de união

O pedido de Abraham, segundo a porta-voz da Make-A-Wish, Jamie Sandys, é um exemplo de como uma criança pode unir uma comunidade. "Entre as empresas que doaram alimentos e as pessoas que os receberam, o desejo de Abraham impactou diretamente centenas de pessoas", disse ela.

Para Abraham, a realização desse desejo também tem feito bem a ele. "Quando as pessoas em situação de rua pegavam o prato, alguns deles cantavam para nós e nos agradeciam", lembrou o garoto. E isso é realmente bom, aquece nossos corações. Meus pais sempre nos ensinaram que é uma bênção ser uma bênção", pontuou.

Abraham Olagbegi - Divulgação - Divulgação
Abraham Olagbegi: 'Quando as pessoas em situação de rua pegavam o prato, alguns deles cantavam para nós'
Imagem: Divulgação

Um desejo a cada 34 minutos

A Make-A-Wish está em atividade desde 1980, quando uma comunidade de voluntários tornou realidade o desejo de um menino de 7 anos. Na época, Christopher James Greicius lutava contra uma leucemia e sonhava ser policial.

A organização acredita que a realização de desejos desses pequenos pacientes é transformadora porque pode ajudar crianças a superar suas limitações e as famílias a lidar com a ansiedade.

Hoje, já são realizadas atividades em quase 50 países, nos cinco continentes. Mais de 45 mil voluntários atuam na organização, que já atendeu mais de 500 mil pedidos em todo o mundo. Só nos Estados Unidos, um desejo é concedido para uma criança a cada 34 minutos.