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Projeto leva crianças e adolescentes órfãos para dia de pesca nos EUA

O norte-americano William Dunn, criador do projeto Take a Kid Fishing, durante uma excursão de pesca com crianças - Divulgação
O norte-americano William Dunn, criador do projeto Take a Kid Fishing, durante uma excursão de pesca com crianças Imagem: Divulgação

Antoniele Luciano

Colaboração para Ecoa

23/12/2021 06h00

Pescar sempre fez parte da história de William Dunn, norte-americano também conhecido como Big Will. Quando criança, na década de 1970, ele praticamente foi criado a bordo de um barco com o pai, que vendia lagostas. Nas horas vagas, a dupla passava o tempo apanhando peixes na água, na costa da Flórida. Aqueles momentos juntos na infância foram tão significativos para Dunn que, décadas depois, a pesca se tornou o principal ingrediente de um projeto social tocado por ele na vida adulta.

Há 11 anos, o pescador é o responsável pelo Take a Kid Fishing ("leve uma criança para pescar", em inglês), uma iniciativa que já levou mais de 1,5 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e que não convivem com seus pais para um dia de pescaria.

Os passeios tiveram início depois que Dunn se conectou com a história de um vizinho, Cameron Delong. Na época, o garoto tinha 8 anos de idade, um pai ausente e um comportamento destrutivo. "Descobri que o pai dele não participava da sua vida e comecei a levá-lo para pescar todo fim de semana. Isso mudou suas atitudes. Ele começou a ir melhor na escola e a ser mais respeitoso com sua mãe e irmã", recordou o pescador, em entrevista ao portal de notícias Southern Living.

Efeito positivo da pesca

Essa experiência foi transformadora não só para o pequeno Cameron, hoje um jovem bem-sucedido, mas também para Dunn. Ao notar o efeito positivo da pesca junto ao menino, ele decidiu oferecer a atividade para outras crianças e adolescentes em situação semelhante. Depois de passar por uma série de problemas pessoais, Dunn compreendeu o projeto como a chance de colocar em prática algo com propósito. "Eu levei um tiro, fui atingido por um raio, mordido por uma cascavel e me divorciei em 1993. Então, Deus meio que tinha um chamado para mim", relatou ao Bay News.

Take a Kid Fishing - Divulgação - Divulgação
O Take a Kid Fishing já levou mais de 1,5 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e que não convivem com seus pais para um dia de pesca
Imagem: Divulgação

O primeiro passo para começar os trabalhos da organização foi procurar orfanatos e programas de adoção na Flórida. Em seguida, foi preciso comprar com dinheiro do próprio bolso equipamentos para a atividade, como molinetes, varas e anzóis. Big Will também usou recursos próprios para fretar barcos para promover as excursões, que levavam em torno de 20 a 25 pessoas, cada uma.

Cerca de 90% dos participantes nunca haviam estado a bordo de um barco. "Muitos foram arrancados de suas famílias ou suas famílias foram atingidas por uma tragédia. Mas quando você entra na água, se esquece de todos os seus problemas", disse Dunn.

As excursões contam com almoço e orientações práticas para pesca. No entanto, para o pescador, a ação vai muito além do ato de lançar uma isca e fisgar um peixe na água. Dunn acredita que as viagens possibilitam que o público atendido possa se sentir apoiado, independentemente se há vitória ou não. Além disso, pescar em grupo lhes ensina lições para a vida.

Take a Kid - Divulgação - Divulgação
Take a Kid Fishing: cerca de 90% dos participantes nunca haviam estado a bordo de um barco
Imagem: Divulgação

Entre as habilidades desenvolvidas estão aprender a ter paciência, trabalhar em equipe, relaxar e evitar tomar decisões precipitadas.

Desde que o trabalho com a Take a Kid Fishing começou, já foram feitas mais de 200 viagens e capturados mais de 5 mil peixes pelos participantes das excursões. A iniciativa se tornou oficialmente uma organização sem fins lucrativos há três anos, o que permitiu que Dunn aumentasse o impacto dos passeios através de doações e parcerias com empresas. O trabalho também tem contado com voluntários, principalmente da igreja do idealizador.

Mais de uma década depois, Dunn ainda vai para a água pescar com Cameron Delong, hoje com 19 anos. O pescador afirma que se sente abençoado por poder acordar todos os dias e levar mais crianças e adolescentes para uma experiência importante em suas vidas. "É uma bênção para mim e minha esposa vê-los crescer. Neste ano, muitos se formaram com honra em seus lares infantis", comentou.