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Famílias na BA precisam de colchões, água e alimentos; ajude com doações

Vista aérea dos estragos deixados pela chuva na cidade de Itajuipe, no estado da Bahia - Amanda Perobelli/Reuters
Vista aérea dos estragos deixados pela chuva na cidade de Itajuipe, no estado da Bahia Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Fernanda Schimidt e Paula Rodrigues

De Ecoa, em São Paulo

28/12/2021 11h51

Desde o começo de dezembro, fortes chuvas castigam regiões da Bahia, principalmente no sul do estado. Até a noite de domingo (26), o governador Rui Costa havia decretado situação de emergência em 72 municípios baianos. Segundo a Defesa Civil, 58 cidades foram alagadas, afetando cerca de 430 mil pessoas.

Por isso, pessoas, iniciativas, organizações, empresas e movimentos sociais vêm se mobilizando desde então para ajudar a amenizar os prejuízos e o sofrimento dos atingidos e atingidas - trabalho que precisou ser intensificado no último final de semana com o aumento das chuvas.

"A sociedade civil pode ajudar de duas formas", diz Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador geral do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA). "Quem estiver mais próximo dessas regiões, pode ajudar diretamente com doação de alimentos, água e tudo que é de maior necessidade para o ser humano. E quem está mais afastado, pode nos ajudar contribuindo com as campanhas de arrecadação de recursos".

Junto à Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá (FINPAT) e a Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ), o movimento coordenado por ele mapeou quase 9.800 famílias vivendo em territórios indígenas que precisam de ajuda.

Após membros das organizações visitarem comunidades onde residem os povos Pataxó, Pankarú e Tupinambá, um relatório - encaminhado ao governo do estado e à instituições federais como como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) - foi produzido listando as necessidades prioritárias de cada região, sendo o abastecimento de água potável, a doação de alimentos e de materiais de construção para reerguer casas, pontes e estradas destruídas as mais comuns entre elas.

Além disso, uma campanha de arrecadação de dinheiro para comprar alimentos e produtos foi iniciada. "Todos os recursos arrecadados serão investidos em apoio emergencial. Nós compreendemos que estamos sofrendo as consequências da não preservação da natureza. A culpa não é da chuva. Mas, infelizmente, a natureza está sendo maltratada. E neste momento precisamos muito de ajuda. Cada doação é muito importante", completa Agnaldo. As doações até o momento, porém, foram poucas, segundo ele.

"O que a gente está vendo na Bahia agora é uma situação de emergência climática. E nós precisamos, a partir dessa situação, exigir reparação, acesso a fundos para reconstrução das cidades e reparação dos atingidos", explicou o historiador Douglas Belchior, cofundador da Coalizão Negra por Direitos. Ele, que esteve em Glasgow para a COP26, defende que este é mais um exemplo de racismo ambiental, ou seja, as consequências da crise climática costumam afetar desproporcionalmente famílias indígenas, negras e em situação de vulnerabilidade. "É, sem dúvida nenhuma, um episódio explícito das consequências das mudanças climáticas, que atingem primeiro a população precarizada, fragilizada. O bairro que alaga, que tem enchente, as comunidades que perdem seus móveis com as enchentes são de pessoas negras na sua maioria. A gente percebe o racismo climático no resultado do processo, chega um momento que ele é impossível de não ser visto."

Rede de apoio nacional

Campanhas nacionais contra a fome também voltaram os esforços para contribuir com os municípios baianos. A campanha #TemGenteComFome, organizada pela Coalização Negra por Direitos, mobilizou apoiadores de sua rede de mais de 230 organizações para levantar fundos emergenciais de auxílio à região com quase R$ 500 mil arrecadados. "Uma articulação nacional como essa, que infelizmente se formou pela emergência social criada pela covid, nos dá condições e capacidade de responder com rapidez a situações de emergência em todo o país e a partir da necessidade local, das pessoas que estão sofrendo com isso e são lideranças do movimento na Bahia", explicou Douglas.

A Ação da Cidadania, por exemplo, que já havia enviado ajuda para socorrer as famílias baianas há duas semanas, agora também tem destinado parte das doações recebidas no Natal Sem Fome para as regiões atingidas no final de semana, com apoio do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil para chegar às regiões remotas mais atingidas. Já foram distribuídas 200 toneladas de alimentos e 50 mil litros de água.

Segundo Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor executivo da organização, as principais demandas são de alimentos, água, itens de higiene, colchões e cobertores. "Empresas podem doar ou em recursos ou em itens dos listados anteriormente, mas que possam entregar na região diretamente", diz. Além disso, ressalta a importância de pessoas físicas doarem qualquer quantia para ajudar as entidades e pessoas que estão atuando na linha de frente.

Parte dessas doações foi para Água Vermelha, na Terra Índigena Caramuru-Paraguaçu, onde mora Fabricio Titiah, líder indígena e presidente da Associação Hã Hã Hãe Indígena de Água Vermelha (AHIAV). Com a piora das chuvas, ele e outras jovens lideranças indígenas se uniram para articular uma campanha de arrecadação de dinheiro que será revertida para apoiar os territórios indígenas muito prejudicados pela situação.

"Precisamos de colchão, porque muitas famílias não têm onde dormir; materiais de construção para consertar o que a água derrubou como telhados, paredes; outra coisa que é fundamental é construir de novo nossas roças, que é a principal fonte de renda do nosso povo. Então, o dinheiro também vai para compra de ferramentas e sementes para ajudar a recuperar as hortas", conta Fabrício.

O dinheiro da campanha também vai para conseguir transportar os produtos e alimentos para locais mais remotos. A grande dificuldade, segundo Fabrício, por causa das pontes e estradas destruídas, é o deslocamento. Muita gente doa, mas a logística de entrega ainda é uma complicação.

"Com as arrecadações estamos conseguindo contratar carros para levar as cestas lá, o que não é barato, sobretudo agora nesse momento com as estradas péssimas, os motoristas cobram um preço a mais, então a arrecadação tem sido muito importante nesse momento", completa.

Ecoa selecionou campanhas de arrecadação de pessoas que estão na linha de frente e organizações sociais que estão precisando de doações:

Fabrício Titiah (Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu)
PIX (chave email): fabriciotitiah@gmail.com

Kécia Guedes de Oliveira (Pataxó)
PIX (chave telefone): 73 99865 -0523

Ivana Cardoso de Jesus (Tupinambá de Olivença)
PIX (chave telefone): 73 98159-6307

Teia dos Povos
Banco: Mercado Pago - 323
Agência: 0001
Conta: 3349577160-4
CNPJ: 19.812.274/0001-03

PIX (chave email): teiadospovos.ecommerce@gmail.com

Quilombo D'oiti
PIX (chave email): daninegajeje@gmail.com

Thyara Pataxó
PIX (chave telefone): 73 99198-2962

Rick Trindade
PIX (chave email): ricktrinsan@gmail.com

Conta: Banco Next - 237
Agência: 3728
Conta corrente: 580044-7

Campanha solidária Tupinambá
PIX (chave CPF): 897.384.115-72

Grupo de Amigos da Praia (GAP - Ilhéus)
As doações de alimentos, produtos de limpeza e itens de higiene podem ser feitas na sede da organização, na R. Leite Mendes, 3, em Ilhéus, ou em qualquer loja Carolina Costa de Salvador. Para doações em dinheiro, usar o PIX com chave CNPJ: 330137950001-21

Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)
PIX (chave CNPJ): 13.100.342/0001-25

Banco do Brasil
Agência: 3466-5
Conta: 60311-2

Aliança Comunitária de Serra Grande
PIX: (chave CNPJ) 25.008.869/0001-03

Coalizão Negra por Direitos
https://www.temgentecomfome.com.br
PIX (chave CNPJ): 11.140.583/0001-72
PayPal: https://www.therearehungrypeople.com/

Ação da Cidadania
As doações para a organização fundada por Betinho podem ser feitas pelo site da campanha Natal Sem Fome, por PIX (chave CNPJ: 00.346.076/0001-73) ou transferência bancária.

Banco do Brasil
Ag 1211-4
CC 500.537-x

Itaú
Ag 0417
CC 65638-6

G10 Favelas
Itambé, cidade natal do presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, está entre as afetadas pelas chuvas na Bahia. O grupo está mobilizando doações e parceiros para a entrega de alimentos e itens de higiene à população. As doações podem ser feitas por PIX ou transferência bancária.

Instituto Escola do Povo
Bradesco Agência 2764-2
Conta Corrente 23233-5
PIX (chave CNPJ) 12.772.787/0001-99
http://www.g10favelas.org/

Associação Mãe dos Extrativistas da Resex de Canavieiras (AMEX)
Necessidades básicas emergenciais: cestas básicas, colchões, lençóis, repelente, produtos de limpeza e materiais de higiene (escova, pasta de dente e sabonete)

Caixa Econômica Federal
Agência: 4581
Operação: 003
Conta corrente: 170-3

PIX (chave CNPJ): 11.314.360/0001-84

Entrega de donativos: AMEX - Rua João de Sá Rodrigues, 334, centro, Canavieiras-BA. Cep: 45860-000