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Garoto dá banho em vira-latas para ajudá-los a serem adotados no RS

Thiago do Val Sidegum dá banho em cão sem lar - Arquivo pessoal
Thiago do Val Sidegum dá banho em cão sem lar Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, do Recife (PE)

03/01/2022 06h00

Um menino de 11 anos teve a iniciativa de higienizar cães sem lar na intenção de conseguir que sejam adotados. Thiago do Val Sidegum, morador de Antônio Prado, no Rio Grande do Sul, criou a campanha "Sou de rua, mas tô limpinho" e ficou conhecido na cidade por esse trabalho, conseguindo até parcerias com comerciantes locais.

Todos os sábados, o pequeno sai pelas ruas de seu bairro em busca dos animais. Ele dá banho, perfuma e arruma os cachorrinhos com laços, estrelinhas e tudo que puder para deixá-los "mais fofos". Já fez isso com mais de 50 cães, segundo a família.

O primeiro banho foi em 9 de janeiro de 2021, e o esforço do garoto já ajudou cerca de 40 cães a conseguirem um novo tutor e uma nova casa. Ele explicou a Ecoa que a relação com os bichos vem desde de muito novo.

Thiago é estudante no 5º ano do ensino fundamental e tem três pets: duas cachorras e um gato. Shiva, uma das cadelas, foi adotada em uma feira de filhotes depois de passar a tarde toda indo e vindo da gaiola da bicicleta do menino.

"E depois de muito pedir, meu pai me deixou ficar com ela. Na casa da minha mãe tenho outra cachorra, a Preta, que já está com a gente tem seis anos. No final do ano passado, decidi que precisava de algum jeito fazer algo pelos animais. Conversando com meu pai contei da minha ideia de dar banho nos doguinhos de rua para eles ficarem limpos e cheirosos. A intenção é que as pessoas olhem eles diferentes na rua, e que sintam vontade de adotá-los", explicou.

Além dos cães em situação de rua, o garoto fechou parceria com a ONG Arca de Noé e passou a atender cachorros recém-resgatados.

Cão ganhou banho e acessórios para ajudar a ser adotado - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cão ganhou banho e acessórios para ajudar a ser adotado
Imagem: Arquivo pessoal

Para dar mais visibilidade aos animais, Thiago realiza ensaios fotográficos. As fotos vão para as redes sociais. "São para aumentar as chances de adoção porque as pessoas se interessam mais se os peludos aparecerem em fotos mais bonitas. A ONG já constatou isso, daí meu pai faz e edita as fotos que vão para o meu Instagram", disse.

Vegetarianismo

O amor pelos animais vai além, acrescenta Thiago. O menino conta que se tornou vegetariano em 2019, por iniciativa própria. Depois de uma conversa com sua mãe, e depois com o pai, soube que boi, vaca e outros animais são criados para o abate, e para alimentar os seres humanos.

"Não consigo aceitar essas coisas. Não acho certo. Então, decidi que não comeria mais carne. Já faz dois anos e meio, e meus pais me apoiaram. Nesse tempo, muitos disseram que era só uma fase, que eu ia voltar comer carne, mas não. Sou vegetariano e não pretendo mudar isso. Às vezes, é complicado pois é difícil achar comida assim nos restaurantes e lanchonetes", ressaltou.

Em uma mensagem para estimular as pessoas a adotarem os doguinhos, o garoto afirma que dar esse tipo de oportunidade é "a melhor coisa do mundo". Ele também alerta sobre a adoção responsável: "Adotem sabendo que não é uma coisa, ou um brinquedo. É um ser que vai viver muito e que só quer dar amor para a gente".

"Que não tenham preconceito com os cães adultos. Ele já faz tudo no lugar certo não precisa ensinar. Se não puder adotar, porque não tem espaço, ou o lugar não permite, apadrinhe um peludo. Isso mesmo, ajude uma ONG com ração ou dinheiro, ou bota um potinho de ração e água na tua calçada", aconselhou.

Sirlei Stedile é presidente da Arca de Noé (Associação de Voluntários de Proteção Animal). Ela contou que foi procurada por Thiago com a proposta de levar cães que estão sob seus cuidados para banhos e fotos.

"Todos os sábados, levamos na casa dele, para esse fim. Ele dá preferência aos cães que estão na rua. Ele pede para que levemos algum que esteja em uma casa de passagem para adoção. Isso nos ajuda financeiramente, pois nos poupa esse gasto com banho. Sempre chegam até nós precisando de banho, tosa etc.", disse.

Guri do Chapéu

Thiago do Val Sidegum com um dos cachorros para adoção - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Thiago do Val Sidegum com um dos cachorros para adoção
Imagem: Arquivo pessoal

Thiago começou a usar chapéus por influência da mãe, que deu o primeiro exemplar. O presente virou o preferido dele. Daí em diante não tirou mais da cabeça. Logo o pai percebeu o gosto pelos chapéus e disse que ele seria conhecido na rua por causa disso.

"Meu pai disse que não é comum alguém da minha idade usar chapéus e me deu o apelido de Guri do Chapéu. Depois, ganhei cinco do meu pai e da minha vó. Mais um da minha prima, meu tio, e mais seis de uma amiga da minha mãe. Hoje já são 19 chapéus na coleção", explicou.