Vendedor de frutas tira 10 toneladas de lixo de rio com ecobarreira caseira
Um vendedor de frutas percebeu que o rio onde aprendeu a nadar estava morrendo devido ao descarte de lixo. Era comum ver garrafas e até sofás correndo pelas águas que passam por trás da casa dele em Colombo, no Paraná. Sensibilizado com a situação, o comerciante se tornou um ativista ambiental e criou com suas próprias mãos uma ecobarreira flutuante, formada por galões plásticos. O mecanismo já ajudou a retirar mais de dez toneladas de resíduos das águas.
Diego Saldanha tem 35 anos, é casado e pai de dois filhos e espera pelo nascimento do terceiro. A Ecoa, ele contou que começou a sentir necessidade de se movimentar para ajudar a natureza em 2016. O vendedor ativista iniciou o projeto de limpeza do rio Atuba sozinho. As águas que passam vizinhas à sua residência têm espaço cativo na sua memória afetiva.
"Em meados dos anos 1990, o rio era minha diversão na infância. Lembro que passava as tardes nadando e pescando. Não pude ficar parado vendo aquele patrimônio ser agredido diariamente", disse.
Diego arregaçou as mangas e projetou sua própria ecobarreira. Depois de pesquisar materiais que poderiam ajudar na contenção do lixo, chegou à conclusão de que seria muito caro para a sua realidade financeira. Foi aí que teve a ideia de adaptar um equipamento e criar uma ecobarreira caseira. Ele investiu R$ 1.000 para dar início à operação.
Atualmente, o equipamento tem 12 metros de comprimento e 12 blocos feitos com cano PVC e metal. "As barreiras passaram por algumas atualizações durante esse tempo. A primeira que fiz foi com galões de 50 litros envolvidos por redes e estendidos no rio. Funcionava bem para segurar muito lixo flutuante, mas senti a necessidade de melhorar. Ela agora é feita com canos de PVC e uma estrutura metálica para barrar lixos menores, como bitucas de cigarro, sacolas e copos plásticos", explicou.
O dispositivo tem um funcionamento simples, mas eficaz, garante Diego. Tudo que desce flutuando pelo rio é parado pela barreira e depois recolhido por ele.
"Faça chuva ou faça sol, três vezes por semana eu faço a limpeza. Percebi uma melhora na comunidade. Nunca mais o rio encheu e invadiu as casas e também percebi a presença de peixes e aves que não se via mais por aqui", continuou o ativista.
Destinação do lixo
Tudo que é retirado do rio é separado. O que é reciclável segue para a venda e o dinheiro é usado para ajudar nas ações e projetos ambientais. Segundo ele, alguns objetos inusitados vão para um museu, onde é possível fazer visitas.
"O trecho do rio é praticamente o quintal da minha casa. Tento mostrar que sou um vizinho atencioso e que, com uma atitude relativamente fácil, é possível cuidar e dar manutenção ao rio", acrescentou.
O trabalho solitário do vendedor de frutas atraiu algumas parcerias. A ajuda possibilitou melhorias na questão operacional, como a construção de uma ponte metálica e a aquisição de um guincho para ajudar a retirar o acumulado das águas.
O apoio chegou após ele divulgar as ações nas redes sociais. Compartilhar essa experiência fez o projeto Ecobarreira ganhar notoriedade e angariou mais 47 mil seguidores somente em seu perfil no Instagram. Com a repercussão, Diego espera expandir o uso da ecobarreira para outros locais do país.
"Quero que as pessoas se conscientizem. Hoje, eu realizo palestras onde falo sobre a importância de cuidar do meio ambiente mesmo que com pequenos gestos. Recebo turmas escolares e também visito colégios [ação suspensa com a pandemia] para ajudar na educação ambiental dessas crianças", ressaltou.
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