Programa treina americanos negros para dar aulas e diminuir evasão escolar
Filho de uma educadora, o afro-americano Larry Irvin Jr. viu ainda pequeno na profissão da mãe uma forma de impactar o mundo. Ao chegar à vida adulta, no entanto, percebeu algo que o incomodava na educação: a falta homens negros liderando uma sala de aula. Nos Estados Unidos, somente três em cada 100 professores são homens negros. Empenhado em mudar essa estatística, Irvin criou a Brothers Empowered to Teach (BE2T), uma organização que recruta esse público para ensinar.
"Os homens negros estão nas salas como responsáveis pela disciplina, zeladores, treinadores esportivos, mas na frente de uma sala de aula, guiando a capacidade intelectual, nem tanto. Queremos dar o primeiro passo", disse o idealizador da BE2T, durante palestra no TED Talks.
Irvin defende que a presença de professores negros tem impacto sobre índices de evasão escolar. Segundo ele, ter pelo menos um professor negro ao longo da vida escolar já seria capaz de reduzir em cerca de 40% as chances de um menino negro de baixa renda deixar os estudos. "Imagine se você tivesse dois professores negros. Crianças são o que veem. Elas precisam dessa afirmação. Nós fornecemos o espelho", reforçou ele.
Para o educador, ser um professor negro é uma virada de jogo. Ele se lembrou de um ex-participante, Alex Halstead, que chegou à BE2T sem direção na carreira. Após a formação recebida junto à organização, observou Irvin, Halstead se tornou um reflexo para as crianças para as quais passou a lecionar. "Nós criamos a conexão com a sala de aula para um grupo demográfico que não tem sido representado na educação. Eles foram retirados dessa conversa do ponto de vista intelectual como alunos e professores", enfatizou.
Graduação de três anos
O trabalho com a BE2T teve início em 2012, em New Orleans, no estado da Louisiana. Desde então, a iniciativa oferece uma bolsa de graduação de três anos e programas de mentoria e orientação profissional aos candidatos aceitos. Os critérios para participar, explicou Irvin, são simples. O candidato precisa estar matriculado na universidade, ter uma performance acadêmica (Grade Point Average) de no mínimo 2,5 pontos e, obviamente, ser negro.
No primeiro ano de programa, os alunos da organização passam por um período de observação, recebendo lições de casa e desenvolvendo atividades recreativas. O período de laboratório ocorre nos dois anos seguintes, quando passam a aprender sobre pedagogia, administração de uma sala de aula, acompanhamento de professores, planejamento de aulas, entre outras questões. "Tudo culmina com estar na sala de aula, mas o molho realmente especial é o nosso desenvolvimento interno, pessoal e profissional", definiu Irvin.
Formação holística
Esse desenvolvimento, acrescentou o educador, ocorre por meio de um programa chamado Cipher 360, fruto de uma parceria com o Bank Street Education Center. O programa foi projetado para facilitar a conclusão do currículo dos bolsistas e atender professores experientes, escolas e sistemas educacionais.
Os tópicos de discussão envolvem temas sociais importantes para a experiência do homem negro, abordando não só o currículo do educador, mas também masculinidades, o desenvolvimento de networking no ambiente escolar e o apoio holístico para crianças negras em situação de vulnerabilidade social.
"Temos uma abordagem holística da educação. Desenvolvemos boas pessoas. E então, por sua vez, elas se manifestam em grandes educadores", disse Irvin, que acredita que, por meio desse trabalho, em 10 anos, mais meninos queiram ocupar essa posição em uma sala de aula.
Hoje, a BE2T tem mais de 60 bolsistas atuando em 10 escolas em New Orleans e Baton Rouge, ambas na Louisiana.
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