A partir de doações dos patrões, diarista cria projeto que alimenta 3,5 mil
A vida nada fácil, dividida entre os trabalhos domésticos em residências diferentes, não impediu a diarista Cátia Cordeiro de fundar um projeto que auxilia 3,5 mil pessoas todos os meses em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O "Mãos Unidas" surgiu da vontade de Cátia de ajudar as pessoas. Como diarista, ela ganhava dos patrões roupas usadas, sapatos e utensílios domésticos, entre outras coisas. Ficava com o que lhe era útil e doava o restante para vizinhos e amigos. Foi o início de tudo.
"Hoje amparamos pessoas em vulnerabilidade. Fazemos uma feirinha solidária todos os sábados e doamos legumes, frutas, verduras, alimentos da cesta básica e produtos de limpeza e higiene pessoal", contou a Ecoa.
Cátia explica que frutas, legumes e verduras que sobram da feirinha são direcionados a outras comunidades da cidade. O projeto administra alguns grupos de doações e tenta amparar as pessoas em outras necessidades também.
"Doamos roupas, sapatos, brinquedos, mobiliário, kits de higiene e limpeza. Realizamos também um varal solidário. Procuramos atender demandas específicas, como kits de enxoval de bebê, material de construção, medicamentos, fraldas descartáveis e por aí vai", disse.
Mãe dava café e comida a vizinhos
A idealizadora do "Mãos Unidas" conta que sempre se dispôs a "pôr a mão na massa". Ela se considera uma pessoa de ação, que se espelha na mãe, uma senhora descrita por ela como bondosa e de um coração imenso.
"Nossa casa é bem rente à rua. Quando minha mãe cozinhava ou ia fazer um único café, cheirava a rua toda. Então, os vizinhos gritavam: 'Eita, cafezinho cheiroso, hein, dona Geralda?' Na mesma hora ela levava um copo de café para a pessoa que passava ou uma marmita com a comida. Às vezes, tirava do seu próprio sustento para ajudar alguém", relembrou.
Crescer nesse ambiente estimulou Cátia a seguir a vida com um olhar sensível para com aqueles que precisam de apoio. Esse sentimento a levou a participar de ações na igreja, mas ela sentia que dava para fazer algo em uma escala maior.
"Nosso maior obstáculo é o transporte. Não temos carro. Então, para tudo o que vamos fazer dependemos das condições financeiras e transporte. Um dia desses, o voluntário com o carro maior cancelou na última hora. A comida toda pronta e sem transporte para levar", explicou.
A arrecadação dos ingredientes para a produção das marmitas obedece a um planejamento. Cátia explica que tudo começa pela escolha dos itens. Em seguida, ela divulga nos grupos e nas outras redes sociais.
"A pessoa que se dispõe a doar entrega no meu endereço, que é onde funciona o projeto, ou via PIX. Ou corro atrás de voluntários para buscar, ou Uber. Fazemos de tudo para não perder a doação", diz.
Cozinha coletiva na 'área gourmet'
A cozinha do projeto está em construção em cima da casa de Cátia, em uma varanda onde ela, inicialmente, sonhava fazer uma "área gourmet". "Disponibilizei o espaço para montar a cozinha do projeto. Está na fase dos acabamentos, mas já trabalhamos lá."
Ângela Gonçalves, vendedora de equipamentos para fisioterapia, foi uma das primeiras pessoas a serem ajudadas por Cátia Cordeiro. Ela lembra que ficou desempregada e chegou a receber cestas básicas.
"O exemplo dela me faz olhar para trás e querer ajudar também. Ela é uma mulher inspiradora. Veio aqui em casa e me ajudou muito, até antes de fundar o projeto. Chorei muito e fiquei muito grata a ela. Fiquei cinco anos cuidando do meu pai. Ele morreu tem três meses e agora estou desempregada", contou.
perfil do Instagram. O projeto Mãos Unidas divulga suas ações no Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX: 31988295347 (chave-celular).
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