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Projeto promove a formação de jovens com parcerias com a iniciativa privada

Jovens egressos do Programa Formare - Divulgação
Jovens egressos do Programa Formare Imagem: Divulgação

Lígia Nogueira

Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP)

20/02/2022 06h00

Com o desemprego em alta entre os jovens brasileiros, um projeto de formação profissional gratuita vem mostrando que é possível gerar emprego e renda ao qualificar profissionais por meio de parcerias com a iniciativa privada. Desde sua criação, mais de 22 mil pessoas já passaram pelos cursos do Formare e 80% delas foram inseridas no mercado de trabalho. Em 2020, o programa contou com cerca de 800 alunos e 3,5 mil educadores voluntários ativos.

Ter participado da iniciativa, em 2004, mudou a vida de Max Rodrigo da Silva Conceição, hoje com 35 anos. Graças ao curso de formação, ele ingressou na Volkswagen Caminhões e Ônibus, no interior do estado do Rio de Janeiro, conseguiu um emprego que possibilitou financiar a faculdade de engenharia e hoje mora na Inglaterra, onde vive com a companheira e a filha do casal. "Saí de uma situação em que não tinha o que comer no dia seguinte para ser líder de uma empresa em Londres com alcance mundial", conta.

A iniciativa é mantida há 30 anos pela organização sem fins lucrativos Fundação Iochpe e atualmente mantém parceria com 46 empresas, tendo impactado 1.100 jovens só em 2021. Reconhecido como uma das primeiras franquias sociais do país, o programa alia educação profissional, voluntariado e investimento social privado para proporcionar formação profissional a jovens em situação de vulnerabilidade.

Na adolescência, Max estudava de manhã e trabalhava na parte da tarde para poder ajudar na renda familiar em Floriano, um distrito de Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro. Fazia bicos de todos os tipos e tocava em um grupo de samba para conseguir algum dinheiro a mais. Quando soube do curso de formação que estava sendo oferecido na Volkswagen, pedalou cerca de 40 quilômetros de bicicleta para fazer a inscrição. Valeu a pena: na época, ele tinha 17 anos e conseguiu passar entre os 14 primeiros em uma prova com 500 candidatos.

Formare - Divulgação - Divulgação
O engenheiro Max Rodrigo da Silva Conceição
Imagem: Divulgação

Após terminar o curso e começar a trabalhar como montador, Max seguiu estudando alemão após o expediente — uma oferta de uma das professoras para os ex-alunos. "Aí fiquei sabendo que o Formare iria sortear bolsas de estudo e resolvi fazer um vestibular. Infelizmente não consegui a bolsa, mas foi o combustível que eu precisava para tentar o vestibular para a faculdade de Engenharia Mecânica no UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda)."

Durante os seis primeiros períodos o estudante teve ajuda financeira da Fundação Iochpe por ser ex-aluno do Formare. "Foi uma das minhas decisões mais acertadas, a engenharia mudou minha vida", diz ele, que logo foi promovido a engenheiro na Volkswagen e teve a oportunidade de trabalhar na Nissan e na Jaguar Land Rover, por meio da qual recebeu um convite para trabalhar na Inglaterra.

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Max e a família em Londres
Imagem: Divulgação

"Moro em Londres há cinco anos. Aqui eu conheci minha esposa, Marina Mantuano, e tive minha filha, Manuela, que vai completar três anos em junho. Consegui ter grandes conquistas aqui e me sinto privilegiado e realizado com a minha situação pessoal e profissional", celebra o hoje líder de engenharia na Arrival, empresa de veículos de transporte elétricos.

"Tudo isso foi possível porque aprendi a sonhar", diz Max.

Nove a cada 10 egressos estão empregados

Um levantamento recente do Formare mostrou que 92,4% de seus ex-alunos estão empregados e têm rendimento médio mensal de R$ 2 mil. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Plano CDE a pedido da organização sem fins lucrativos Fundação Iochpe. O estudo também revela que 75,8% têm emprego com carteira assinada e 71,4% têm até dois anos de atuação na mesma empresa.

"Esses números mostram o quão importante é manter ativo o investimento em educação, especialmente nos jovens. No Formare vivenciamos isto há mais de 30 anos, sempre promovendo a conexão entre esses jovens e a iniciativa privada. O programa tem uma contribuição social altamente significativa, minimizando os efeitos práticos do desemprego e da falta de iniciativas efetivas para incluir mais jovens no mercado de trabalho, já que as ações não são suficientes para dar conta dos milhões de jovens em busca de oportunidade", comenta Claudio Anjos, presidente da Fundação Iochpe.

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Programa já formou 24 mil jovens no Brasil
Imagem: Divulgação

O estudo "Trajetória profissional dos ex-alunos Formare", realizado em outubro e novembro de 2021, por e-mail, com 923 respondentes, mostrou ainda que mesmo após concluir o Programa Formare a maioria continua investindo e ampliando sua qualificação: 21,3% declararam ter o ensino técnico completo; 11,2% superior incompleto; e 22,7% superior completo.