Hortas criadas em terrenos ociosos de SP colhem 6 t de alimentos todo mês
A Zona Leste da cidade de São Paulo, uma região muito populosa e com grande vulnerabilidade social, foi escolhida como sede de um projeto que leva o campo para a cidade e busca melhorar a situação dos habitantes por meio de ações sustentáveis de agricultura urbana.
Criada em 2004, a ONG 'Cidades Sem Fome' tem como objetivo desenvolver projetos de agricultura sustentável em áreas urbanas e rurais. A ideia é levar a autossuficiência financeira e de gestão para a população vulnerável por meio de projetos dentro da própria organização.
O idealizador é Hans Dieter Tamp, gaúcho de 51 anos formado em Administração de Empresas e técnico em Agropecuária e Políticas Ambientais. Ele sonha em acabar com a fome no Brasil da forma mais simples e verde possível.
Selva de pedras
Nascido e criado em uma fazenda no Rio Grande do Sul, Hans cresceu mexendo na terra. Ao se mudar para Suzano, na Grande São Paulo, se assustou ao ver tantos prédios e pouco verde. "Eu via um monte de terreno vazio e pensava: 'por que não fazer uma horta e transformar o entulho em um espaço para prover alimentos para a vizinhança?'", explica.
Tamp começou, então, a procurar os proprietários das áreas que considerava ociosas e aptas a abrigarem uma horta para negociar o uso. Hoje, a ONG desenvolve projetos de hortas urbanas utilizando áreas públicas e particulares, que não possuem uma destinação específica.
O foco da ação, além de levar mais verde para áreas urbanas, é criar oportunidades de trabalho para pessoas em vulnerabilidade social e melhorar a situação alimentar e nutricional de crianças e adultos da região.
A horta de São Mateus, uma das mais antigas e maiores do projeto, tem 8 mil metros quadrados que antes eram tomados por lixo e entulho. Hoje o projeto está presente em outras regiões de São Paulo e também auxilia pequenos agricultores familiares do Rio Grande do Sul a buscar alternativas para o plantio das monoculturas, apoiando-os na transição para uma gestão ecológica e novos negócios.
A população local que trabalha nas hortas, além de poder consumir os alimentos, pode também lucrar com a venda dos produtos. Todos são vendidos por um preço mais acessível do que o encontrado em feiras livres ou mercados, e são livres de agrotóxicos. A doação para a população acontece em caso de excedentes.
Hortas nas escolas
Depois de ganhar as áreas ociosas da cidade, o projeto chegou também às escolas públicas. Hoje a ONG mantém 37 hortas escolares para a produção de alimentos, criando uma interface entre alunos, professores e comunidades do entorno para criar vínculos ambientais com os jovens.
O projeto Hortas Escolares permite que os alunos desenvolvam oficinas práticas de plantio em hortas e vivenciem os trabalhos. Eles aprendem a cultivar os alimentos, conhecem a matemática envolvida no plantio e nas colheitas, a biologia das plantas e do solo e o valor nutritivo dos alimentos.
Todos os legumes e verduras plantados nas escolas são colhidos para alimentação das próprias crianças, que podem levá-los para casa.
6 toneladas de produtos por mês
Desde a criação, a ONG já implantou 33 hortas urbanas, gerou 451 empregos diretos e cerca de 22.600 alunos de escolas públicas foram beneficiados com o projeto Horta Escolar. Todos os meses, 6 toneladas de verduras e legumes são colhidos nas hortas.
Além disso, 48 cursos de capacitação profissional foram organizados pelo projeto Cidades Sem Fome. Quase mil pessoas já participaram e foram capacitadas em técnicas de produção de alimentos orgânicos em áreas urbanas e receberam também instruções para buscar meios para a comercialização de seus produtos.
Você pode ajudar a ONG Cidades Sem Fome com doações de sementes, mudas de verduras e legumes, entre outros itens. Todas as informações estão no site da organização. O projeto também aceita doações por meio de depósito em conta bancária: Banco do Brasil | Agência 1189-4 | Conta corrente: 31.474-9 | CNPJ: 06.151.676/0001-62. Mais informações pelos telefones: (11) 2735-4842 ou (11) 99820-5784 ou pelo e-mail: cidadessemfome@uol.com.br.
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