Projeto aposta na agrofloresta como ferramenta para a soberania alimentar
O projeto Kairós, que há 20 anos atua na Grande Belo Horizonte (MG) ajudando na distribuição de alimentos dos pequenos agricultores da região, se viu diante de uma encruzilhada quando começaram as restrições impostas pela pandemia de covid-19, em 2020. De um lado, a produção "empacada", começando e estragar, de outro uma população crescente de pessoas em insegurança alimentar.
Se é na crise que se apresentam as oportunidades, foi nesse momento que a produtora executiva do Kairós, Ártemis Caldeira-Brant, decidiu ligar as duas pontas. "Enxergamos a oportunidade de ligar uma coisa à outra e melhorar essa cadeia de produção, oferecendo recursos e conhecimento para que cada comunidade tivesse sua própria horta", disse a Ecoa.
Surgiu, então, o projeto Quitanda Solidária, baseado no conceito de "agrofloresta", uma técnica de plantação diversificada que, em um pequeno espaço, além de conseguir uma produção maior contribui para a recuperação de áreas degradadas. "Em vez de uma área plantada ter só alface, inserimos mudas de hortaliças e frutas. A ideia é levar o conceito de floresta para uma horta, rendendo muito mais do que se fosse uma monocultura. Depois, os moradores podem consumir esses alimentos e fazer novas plantações", explicou Ártemis.
Hortas com 50 variedades
Com os alimentos prontos para serem colhidos, as instituições parceiras montam as cestas de alimentos e distribuem para as famílias que mais precisam no local. O excedente é vendido no local a um preço simbólico, para ajudar na compra de material para o próximo plantio.
Cada cesta de alimentos montada possui de 8 a 10 itens, entre frutas, hortaliças, verduras e temperos, conforme disponibilidade e sazonalidade de colheita. Em média, as hortas comunitárias implantadas comportam até 50 variedades.
Para criar a horta solidária é preciso somente um espaço, que pode ser um terreno, um quintal ou até mesmo um vaso de plantas (para as de mínimas dimensões), que não precisa ter histórico de agricultura.
A equipe do projeto entra com a inteligência e infraestrutura para preparar o solo. Em lugares com boa infraestrutura, a horta pode ser feita em apenas um final de semana. Enquanto isso, os moradores vão aprendendo sobre irrigação, técnicas de plantio, manutenção e cultivo.
Na comunidade do Aglomerado da Serra, por exemplo, onde o espaço era árido e pequeno, foi feita uma horta urbana. Na comunidade Vila Taquaril, em Belo Horizonte, uma empresa local doou o espaço para implementar outra horta. Nas comunidades em que o plantio e distribuição dos alimentos já se tornou autossustentável, a Quitanda Solidária segue fazendo o suporte técnico.
Projeto quer ir além de Minas
O objetivo é atingir o máximo de comunidades possível, primeiro em Minas Gerais, por logística, mas atuar em outras regiões não está descartado. "Se tivermos parceiros locais que tenham interesse podem procurar o Instituto. Acreditamos na agrofloresta e queremos difundir essa técnica de cultivo", explicou.
A iniciativa já chegou a Raposos, Brumadinho, Nova Lima e Itabirito. Até fevereiro deste ano, foram distribuídas 6.370 cestas, somando mais de 32 toneladas de alimentos. Cinco hortas já foram implantadas. Cerca de 377 famílias receberam as cestas quinzenalmente, e outras 27 famílias de agricultores - que já atuavam com o Kairós - estão gerando renda doando alimentos para complementar as doações.
"A transformação chega a emocionar. Na comunidade Água Limpa, que foi a primeira a receber a ação, uma moradora disse que, antes, não tinha nada e, de repente, era ela quem tinha alimentos para doar. Somos muito gratos por poder entregar a eles dignidade e soberania alimentar, que são direitos do ser humano", avalia Ártemis.
Para conhecer mais sobre o projeto e fazer doações, acesse https://quitandasolidaria.kairos.org.br ou o perfil do projeto no Instagram.
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