Startup brasileira garantirá água a 10 mil afetados pela guerra na Ucrânia
PW 5660 pode ser um nome difícil, mas sua ação é simples e tem ajudado milhares de pessoas ao redor do mundo. Uma tecnologia desenvolvida no Brasil, trata-se de um purificador de água que precisa apenas de uma fonte hídrica qualquer para funcionar. Depois de servir em ação humanitária no Haiti, agora o equipamento ganhará protagonismo no auxílio aos ucranianos afetados pela guerra.
Na última segunda-feira (7), um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou 50 equipamentos para purificação de água desenvolvidos pela startup brasileira PWTech. De acordo com a empresa, serão mais de 10 mil pessoas contempladas com água potável em cidades onde, por conta da invasão russa, não há abastecimento de água.
Com o equipamento, a população poderá filtrar água de rios, lagos, açudes e até mesmo da chuva.
Estamos muito sensibilizados com tudo o que está acontecendo na Ucrânia e não abriríamos mão de ajudar essas famílias neste momento tão delicado do país.
Maria Helena Cursino, cofundadora da PWTech
Como chegar à Ucrânia
As 50 máquinas que serão distribuídas pelo território ucraniano foram compradas através de uma licitação internacional feita pelo Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (Unops).
"Na segunda-feira de Carnaval, fomos convocados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), um braço do Ministério das Relações Exteriores, que também é parceira da Unops, para essa missão. Em apenas dois dias, providenciamos todos os equipamentos", conta Maria Helena Cursino, cofundadora da PWTech.
O relacionamento da startup com a Unops nasceu em 2020, quando a empresa foi escolhida para fornecer equipamentos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Em 2021, quando houve o terremoto no Haiti, a PWTech também foi acionada para fornecer 50 equipamentos para abastecer os vitimados no Haiti. "As pessoas receberam treinamentos para o manuseio e os equipamentos foram distribuídos para as comunidades. Foi muito importante levar o purificador para lá, já que a carência dos haitianos por água potável era muito grande", comenta Cursino.
Os purificadores de água chegarão à Ucrânia em caminhões que sairão de Varsóvia, capital da Polônia, com destino às cidades que fazem fronteira com a Rússia e/ou estão no leste ucraniano — ou seja, as que foram mais afetadas pela invasão.
Além de ter problemas com abastecimentos hídricos, as cidades de Mariupol e Sumy também sofrem com a falta de energia. Isso, contudo, não afetará o uso dos equipamentos: eles funcionam com energia elétrica, mas também com geradores, placas fotovoltaicas e baterias de carro.
Funciona também no Brasil
Cada unidade do PW5660 pesa apenas 12 quilos e é capaz de purificar quase 6 mil litros de água por dia. A filtração é feita através de membranas que garantem que a água fique isenta de bactérias, vírus, coliformes fecais e metais contaminantes, tornando-a ideal para o consumo humano.
"Nosso equipamento foi desenhado para ser portátil e fácil de manusear. No momento em que você o fornece alguma espécie de energia, já tem água potável saindo", explica Maria Helena Cursino.
A startup criou o purificador com o intuito de atender a demanda por água potável em comunidades remotas que já tenham recursos hídricos, mas não para consumo humano. Foi assim que ela chegou à Ilha do Bororé, próxima à represa Billings, na zona sul da cidade de São Paulo.
"Na Ilha do Bororé criamos um crowdfunding para doar ainda mais equipamentos do que já tínhamos doado e beneficiamos mais de 100 famílias através do compartilhamento da água entre as casas", diz a empresária.
Para Maria Helena Cursino, esse trabalho não é muito diferente da ação na Ucrânia. "Eu acho que é uma coisa só. Quando falamos da falta de acessibilidade à água potável, isso não se limita apenas às comunidades distantes. Falamos também de pessoas que foram vítimas de desastres naturais ou da guerra", diz.
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