'Boçal', 'meia tigela' e mais termos racistas para você deixar de usar
Em março, o jornalista Paulo Morsa foi demitido da rádio Transamérica após chamar, no programa esportivo Papo de Craque, o técnico do Palmeiras Abel Ferreira, entre outras coisas, de "boçal", a fim de dar a entender que o palmeirense era ignorante.
O que muita gente não sabe é que o termo se relaciona a pessoas escravizadas. A palavra é repudiada por movimentos negros e consta no dicionário de expressões (anti) racistas lançado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia - DPE/BA, no ano passado.
Para não cair no erro, Ecoa separou expressões que estão no dicionário e podem ser usadas para substituir palavras racistas do seu vocabulário.
1. Boçal
A palavra traz referência aos escravizados que não sabiam usar a língua portuguesa.
Alternativa: Ignorante ou grosseiro
2. Meia tigela
O dicionário de expressões (anti) racistas explica que a expressão faz referência aos negros escravizados que trabalhavam à força nas minas de ouro e que, quando não conseguiam cumprir as metas estabelecidas pelo escravizador, recebiam metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de "meia tigela".
Alternativa: mal feito.
3. A coisa tá preta
A fala é considerada racista uma vez que associa pessoas negras a uma situação ruim e negativa.
Alternativa: a situação está complicada/difícil.
4. Cabelo ruim
Expressão usada para se referir, geralmente a cabelos crespos ou cacheados, associa o cabelo de boa parte das pessoas negras a algo negativo.
Alternativa: cabelo cacheado ou crespo.
5. Cor de pele
Termo que se refere à cor bege/rosado associada à pele de pessoas brancas e que desconsidera outras cores de pele tratando a pele de pessoas brancas como algo "normal" enquanto as outras não o seriam já que não são "cor de pele".
Alternativa: tom/cor bege ou rosa claro.
6. Da cor do pecado
O que para muitos é entendido como um "elogio" à pele de pessoas negras, geralmente mulheres, é uma ofensa. O termo carrega uma hipersexualização dos corpos negros.
Alternativa: não hipersexualizar/objetificar corpos negros.
7. Feito nas coxas
A origem da expressão é incerta. A teoria mais difundida é a de que ela remete ao período de escravidão, quando telhas eram moldadas nas coxas de pessoas escravizadas — e é essa a informação que o dicionário da DPE/BA traz.
O arquiteto José La Pastina Filho, no entanto, contestou essa teoria em um ensaio publicado em 2006, no qual argumenta que o tamanho das telhas coloniais brasileiras era incompatível com as medidas das coxas de um homem. Contudo, como afirmou a Agência Lupa em uma checagem feita em 2021, essa afirmação não é uma unanimidade entre especialistas.
Alternativa: mal feito.
8. Não sou tuas negas
A expressão remete à época da escravidão quando mulheres negras eram usadas por donos de escravos e outros homens brancos para satisfazer seus desejos sexuais. Além de racista, o termo é machista.
Alternativa: não usar essa expressão.
9. Preta(o) de alma branca
Termo racista que diz que, apesar de ser negra, a pessoa possui uma alma de pessoas brancas, o que é entendido como algo superior, positivo, em detrimento de ter uma alma de pessoas negras.
Alternativa: não usar essa expressão.
10. Serviço de preto
Se refere a uma atividade mal feita, ou seja, faz referência ao trabalho executado por pessoas negras como algo ruim.
Alternativa: serviço mal feito
11. Denegrir
A raiz do termo significa "tornar negro", e a palavra é muitas vezes usada de forma racista como sinônimo de difamar — o que reforça o ser negro como algo ruim.
Alternativa: difamar ou caluniar.
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