Papo Preto #71: Resistência e aceitação da estética negra na moda

A modelo Mariana Vassequi resolveu seguir a profissão por acaso. Como tem 1,83 m de altura, sempre chamava a atenção e era abordada por agências que ofereciam oportunidades de trabalho. Estudante de Ciências Sociais, ela considerava o ambiente fútil, mas foi em seu primeiro ensaio fotográfico que ela aprendeu a amar a sua estética negra.

Neste episódio de Papo Preto, ela conta para o apresentador Yago Rodrigues como chegou a Paris, onde vive hoje e trabalha como modelo de passarela, e fala do seu empenho em combater o racismo dentro do mercado da moda.

Mesmo já trabalhando como modelo, Mariana se formou em Ciências Sociais e o tema da sua monografia foi o racismo na moda. "Eu comecei a perceber que as duas coisas estavam interligadas e unia duas profissões", conta a partir de 5:15 do arquivo acima.

A modelo diz que sempre há uma resistência à aceitação da estética negra. "No início dos anos 2000 não foi fácil, era majoritária a questão de ter um cabelo liso para ser considerada bonita. Na adolescência fiz a transição do cabelo liso para o dread, até por um ato de resistência e rebeldia. Depois raspei o cabelo e, a partir daí, começou a crescem eu cabelo crespo natural e nunca mais mudei" (a partir de 6:48 do arquivo acima).

Mas ainda hoje ela recebe trabalhos para os quais precisa raspar ou alisar o cabelo. "Ainda tem muita resistência para aceitar o volume do black, eu fico sem referências. Mas espero que eu fique de referência para as próximas gerações. Estou aqui porque outras mulheres do passado me inspiraram e, ao mesmo tempo, abro um caminho para que gerações futuras possam vir também (a partir de 17:19 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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