Em Brasília, luta de mulheres indígenas por educação tem apoio de Malala
Um globo terrestre gigante e milhares de pessoas reunidas. Em meio a várias faixas levantadas, uma dizia "o futuro é indígena". No último dia 7 de abril, cerca de sete mil indígenas, de 200 povos, marcharam em Brasília pela demarcação de territórios. O ato fez parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL) que acontece desde o dia 4 de abril e se estenderá até o dia 14 do mesmo mês.
"O ATL é o lugar onde a gente se reúne para fazer nossas reivindicações, socializar e nos organizar", comenta Cirila Kaimbé. Da comunidade indígena do nordeste da Bahia, Cirila está presente no acampamento para, além de lutar pela demarcação e pelo meio ambiente, pautar temas sobre educação.
Cirila Kaimbé é professora, coordenadora estadual de educação escolar indígena NTE 17 de Ribeira do Pombal, na Bahia, e integrante do projeto Meninas na Luta (Cunhataí Ikhã). O projeto tem exigido maior investimento do governo federal na educação indígena durante o acampamento.
Desde 2018, o Meninas na Luta, que foi implementado pela Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ) com apoio do Fundo Malala, abrange 47 meninas indígenas entre 13 e 24 anos de nove povos indígenas da Bahia - Kaimbé, Kiriri, Pankararé, Pataxó, Pataxó HãHãHai, Tupinambá, Tumbalalá, Tuxá e Tuxi. O objetivo do grupo é promover o acesso e a qualidade do ensino secundário para meninas indígenas no Estado da Bahia.
As meninas nem sempre são incluídas nos movimentos de reivindicação. Incluir e incentivar a participação de adolescentes indígenas em mobilizações faz parte dos nossos programas de formação, que são conduzidos por mulheres. Essa é uma grande contribuição do projeto Cunhataí Ikhã.
Ana Paula Ferreira de Lima, coordenadora de projetos da ANAÍ e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil
Uma vitória
Um encontro entre a professora Cirila Kaimbé com o projeto Meninas na Luta está marcado para um outro ato, o ATL Bahia, que acontecerá em Salvador entre os dias 26 e 29 de abril. No ATL em Brasília, ela tem se concentrado em se mobilizar com outros professores.
"Nós tínhamos algumas reivindicações específicas e fomos ao Ministério da Educação", conta à reportagem. Do Ministério, Cirila saiu com uma vitória. O ministro interino do MEC, Victor Godoy, recebeu a delegação de professores que tinha como pauta o Programa Bolsa Permanência (PBP).
O PBP já disponibilizou 2 mil vagas em janeiro para estudantes indígenas e quilombolas e, depois do encontro, ofereceu mais mil novas bolsas, representando um investimento anual de quase R$ 11 milhões.
"A questão das bolsas vai ser um avanço para nossos indígenas, pois muitos deles estão com expectativas para incentivo e continuidade na universidade, uma vez que não têm condições de arcarem com os custos por conta própria. Com a bolsa, eles podem concluir seus estudos", disse Cirila no encontro.
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