Comunidades se unem para reflorestar área no litoral da Paraíba
Pesquisadores, instituições e comunidades se uniram para reflorestar uma área desmatada no entorno do Riacho Manimbu, no litoral norte da Paraíba. A região, de um hectare, por muito tempo serviu de pasto para o gado e de plantação de cana-de-açúcar. O riacho está assoreado e o lugar já não apresenta o mesmo escoamento de água observado tempos atrás, permanecendo alagado devido à descaracterização da cobertura vegetal. Para recuperar o local, o objetivo é plantar mais de três mil mudas de espécies nativas de Mata Atlântica.
Com a preparação da área, que inclui a abertura de canais que favorecem o escoamento do excesso de água no solo, já se tornou possível iniciar o plantio das mudas nativas. A partir do desenvolvimento dessas mudas e a possível recuperação da Mata Atlântica que havia no local, acredita-se que a região terá uma drenagem e um escoamento natural do fluxo d'água, que ajudarão a gerar um volume hídrico maior e recuperar o curso do riacho.
O trabalho tem a participação de equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, da FMA (Fundação Mamíferos Aquáticos), em parceria com o Programa Petrobras Socioambiental, e da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape.
O pesquisador e médico veterinário João Carlos Borges coordena o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. A Ecoa, ele conta que a ideia de fazer um trabalho focado nessa área desmatada surgiu em 2013 e foi sendo maturada até ser possível agir.
"Foi durante um curso de conscientização, que teve a temática do reflorestamento com agentes mirins. Nesse grupo estavam pessoas da comunidade Tavares e uma delas identificou uma área desmatada que, no passado, contava com a presença da Mata Atlântica. Por indicação desse colaborador, nós fizemos a avaliação do local e começamos a reunir esforços para começar o reflorestamento", disse.
Os moradores da área revelaram ao pesquisador que o curso do Riacho Manimbu era maior, com mais profundidade e largura. O assoreamento, acrescenta ele, deixou o recurso hídrico muito limitado. Isso culminou em outro problema: o empobrecimento do solo.
A importância de reflorestar
João Carlos Borges explica que o reflorestamento contribuirá com o microclima local, com a recuperação de fauna e flora e com o enfrentamento das mudanças climáticas, já que as árvores vão ajudar no consumo de CO2 e geração de oxigênio.
Além disso, o pesquisador destaca que a conservação do peixe-boi-marinho está diretamente relacionada à conservação de seu habitat, que é composto por regiões de manguezais, estuários, mar, praias, matas ciliares e a Mata Atlântica. Na natureza, ressalta, um depende do outro.
"Essas pessoas estão trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor para viver e estão ensinando que isso é um sonho possível e que a união realmente faz a força", afirmou.
A participante do curso mirim que apontou a área desmatada onde o trabalho ocorre foi a agora pedagoga Kátia Geraldo, que mora na comunidade de Tavares há mais de 30 anos. Quando criança, ela lembra que chegou a ver a área com muitas árvores.
"Com o passar do tempo, o desmatamento aumentou, as próprias pessoas da comunidade começaram a desmatar. A gente viu uma grande decadência na área de mata. Eu fui agente ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho em 2013, fiz até um projeto na época pensando na área. E hoje estou vendo uma nova oportunidade para esta área se recuperar do dano que lhe foi causado", ressaltou.
Kátia diz que é motivo de comemoração poder ver a região recebendo esse apoio e perceber que o trabalho de reflorestamento saiu do campo das ideias para ações realmente efetivas.
"Eu fico muito feliz por isso, por poder participar também. É um sonho ver isso aqui novamente do jeito que era — eu sei que vai levar um pouco de tempo, mas já é um avanço a gente ver florescer de novo", disse.
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