Apê de 36m², sem carro: Como é a vida dos ex-árbitros Fernanda e Sandro
Há seis anos, quando ainda moravam em Brasília, Fernanda Colombo e Sandro Meira Ricci tomaram uma decisão vista por muitos como radical. Decidiram parar de usar carros e passaram a se deslocar pela cidade apenas andando ou de bicicleta.
"Muita gente falava que a gente era maluco porque o carro era mais fácil e confortável, só que a gente gosta muito de praticar exercícios e conseguimos adaptar isso no nosso dia a dia", conta Fernanda. Além do estilo de vida, os dois também dividem a profissão: após atuarem como árbitros de futebol, atuam agora como comentaristas.
Em uma conversa com Ecoa, o casal contou que não é nenhuma maluquice deixar o carro de lado e optar por meios de transportes mais saudáveis e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente. Aqui, eles dão também dicas de como você pode se inspirar e incorporar algumas dessas práticas na sua vida.
Não queremos dar a entender que somos antipáticos a quem tem carro, às vezes o carro é uma necessidade. Não tem nada a ver isso de quem tem carro é pior ou melhor. É só uma questão de você adaptar a sua vida para não precisar usar o tempo todo.
Sandro Meira Ricci, ex-árbitro e comentarista
"Um ganha-ganha"
Para Sandro, caminhar ou pedalar enquanto o carro fica de lado é um verdadeiro "ganha-ganha". Ganha o meio ambiente e ganha sua saúde. Para quem não tem tempo de ir para a academia ou para praticar exercícios em casa, é melhor ainda. A decisão dele e da mulher de parar de usar carro veio também por essa questão, mas não só.
Fernanda nunca teve carro. O alto preço do combustível, do próprio automóvel - fora a manutenção - fizeram com que optasse pelo ônibus e pelo trem. Até mesmo quando trabalhava em jogos de futebol como árbitra, ia, no máximo, de carona. Ela conta que já chegou até a ser reconhecida no transporte público por um torcedor e, dele, ouviu o comentário que passa na cabeça de muita gente: "por que você não anda de carro?!"
"As pessoas ligam o fato de ter um carro a um status social. A pessoa não deveria ficar surpresa por eu estar pegando um transporte público. Em outros lugares, é normal as pessoas não terem carro", conta.
Mas, para isso, segundo o casal, a cidade precisa contribuir. Uma boa educação no trânsito e vias também para ciclistas e pedestres são facilitadores da vida de quem quer parar de usar o carro. Mas, como é sabido, essa não é a realidade brasileira, muito menos nas periferias. "Em Brasília, a gente via ruas que não eram pensadas nos pedestres ou para quem busca outras alternativas de transporte. Tinham partes perigosas tanto pelos carros quanto pela segurança", comenta Sandro.
Hoje, o casal vive no Rio de Janeiro e reconhece que a cidade também possui pontos que dificultam a vida de quem não tem carro, apesar da oferta de ciclovias. "A gente sabe que quando se opta por um tipo de transporte como a caminhada e a pedalada a gente tem que ter cuidado porque estamos mais expostos no trânsito", diz Fernanda Colombo.
Uma mudança de cada vez
Em Brasília, o casal vivia em um apartamento de 36 m². Para eles, ter uma casa menor permitia uma economia importante de tempo com limpeza, por exemplo, mas também menos uso de água e luz. "Não podia nem brigar porque não tinha como cada um ir pra um quarto (risos)", lembra Fernanda.
Com a oportunidade de mudar para o Rio, abandonaram de vez o automóvel. Para isso, os dois tiveram que se mudar para perto do trabalho e optaram por um lugar maior — "para poder receber minhas enteadas que nos visitam", explica ela. "Fica só a 1 km do trabalho", completa.
Além disso, o amor de Fernanda Colombo pela cozinha — que Sandro, durante a entrevista, não cansou de elogiar — fez com que o casal optasse por cozinhar mais em casa para ter um controle maior do desperdício e do que se comia (mais uma vez o tal ganha-ganha do meio ambiente e da saúde).
Ter feito essas mudanças em conjunto foi fundamental para que os dois se adaptassem melhor à nova realidade. Se um vai ao mercado de bicicleta, por exemplo, o outro precisa ir junto para ajudar a carregar as coisas nas bolsas. "Ficamos um tempão sem comprar melancia", conta rindo Fernanda. A dificuldade com transporte das compras fez com que eles adquirissem uma moto elétrica.
Apesar de estarem satisfeitos com seus hábitos relacionados à saúde, o casal entende que precisa, e deseja, contribuir ainda mais com o meio ambiente. "Ainda podemos mudar alguns hábitos de consumo, valorizar empresas e produtos que respeitem o meio ambiente, na questão dos produtos orgânicos, da coleta seletiva", explica Sandro Meira Ricci.
O ex-árbitro tem consciência que os valores altos de alguns produtos e os salários baixos forçam muitas pessoas a optarem por comprar o que é mais barato. "Se você puder, compre de empresas que respeitem a natureza", sugere.
Se mais pessoas tivessem essa escolha, isso contribuiria muito para cuidar do planeta. É um micro que, se todos fizerem, vira um macro.
Fernanda Colombo, ex-árbitra de futebol e comentarista
Dicas para quem quer começar:
- Consenso familiar: parar de usar carro, mudar a alimentação ou buscar reduzir os resíduos são atitudes que vão impactar toda a família, assim, todos precisam estar de acordo.
- Buscar alternativas: às vezes não tem jeito, não vai dar para voltar de um exame, ir fazer a compra do mês ou buscar alguém na rodoviária tudo de bicicleta. Procure ter uma segunda opção de transporte caso o tempo não ajude ou você tenha um imprevisto, uma opção pode ser usar um carro por aplicativo.
- Planejamento: se de carro você leva quinze minutos até a escola de seu filho, andando esse tempo tende a aumentar. Mudar o meio de transporte exige planejamento prévio para que não ocorra atrasos e estresse.
Contribuir com hábitos saudáveis é bom para o meio ambiente e é legal para você também.
Sandro Meira Ricci, ex-árbitro e comentarista
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