Startup de limpeza natural começou em concurso e hoje tem 10 mil assinantes
Já parou para pensar no impacto dos produtos de limpeza que usa em casa para a saúde e o meio ambiente? Em 2018, um projeto que queria levar ao público geral soluções para esses problemas surgiu dentro da Terpenoil, uma fabricante de produtos de limpeza naturais para empresas.
A ideia saiu do papel no ano seguinte e se transformou na YVY, startup que produz e vende, majoritariamente por assinatura, cápsulas retornáveis de produtos de limpeza à base de ingredientes naturais.
A empresa conta hoje com uma base de 10 mil assinantes em todos os estados do país e faturou R$ 7 milhões em 2021, valor que prevê triplicar em 2022.
No processo de tornar a YVY realidade, um dos passos importantes foi a participação na ClimateLaunchPad Brasil, competição global que alavanca negócios verdes da qual a empresa foi vencedora em 2018.
"Ser escolhido como a primeira empresa dessa chamada [da ClimateLaunchPad] no Brasil e poder ir para a Escócia fazer um pitch do nosso negócio no meio de empresas de diversos países foi um reconhecimento muito relevante e trouxe uma credibilidade que é importante para nós até hoje", disse a Ecoa Marcelo Ebert, cofundador da YVY.
A 5ª edição da Climate LaunchPadBrasil está com inscrições abertas até 15 de maio no site da competição.
'Melhor para o meio ambiente, para a saúde e mais cômodo'
Segundo o cofundador da YVY, a proposta da startup é solucionar três questões relacionadas ao consumo de produtos de limpeza convencionais, feitos com ingredientes sintéticos e petroquímicos.
A primeira são os efeitos prejudiciais à saúde, já que esses produtos podem causar alergias, falta de ar e irritações na pele. A segunda, os impactos na natureza, que se dão por exemplo na extração dos componentes, nos resíduos das substâncias que poluem ar, solo e água e no envasamento em embalagens plásticas de uso único. Já o terceiro ponto se refere à maior comodidade para os consumidores, que recebem os produtos em casa, sem precisar carregar itens pesados e volumosos.
A YVY trabalha com ingredientes naturais — como terpenos cítricos (substâncias extraídas da casca da laranja e do limão) e óleos essenciais. Os produtos possuem uma fórmula ultraconcentrada, embalada em cápsulas de plástico reciclável e retornável. A empresa realiza a logística reversa desse material, que é tratado e retorna para a produção.
"Os ingredientes que a gente usa são todos de fontes renováveis, as embalagens estão numa cadeia circular fechada, e a gente transporta uma quantidade muito menor de material. Por esses três motivos temos certeza de que o que a YVY faz é melhor para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e muito mais cômodo", disse Ebert.
Os assinantes da YVY são, em geral, pessoas que já fizeram outras transições em busca de uma vida mais sustentável, por exemplo na alimentação e no uso de cosméticos, além de famílias com crianças e pets, que costumam ser sensíveis à toxicidade dos produtos de limpeza convencionais.
Mas Ebert enfatiza que este é um produto para todo tipo de público, com preço competitivo e eficácia. Os kits de cápsulas são personalizáveis em quantidade, variedade e periodicidade, incluem borrifadores reutilizáveis e têm valores entre R$ 57 e R$ 217. A marca também deu início à distribuição no varejo pela rede de lojas Multicoisas.
Como funciona a ClimateLaunchPad Brasil
A competição da ClimateLaunchPad é realizada no Brasil desde 2018 pela Climate Ventures, instituição sem fins lucrativos que tem o objetivo de impulsionar empreendedores com projetos que impactem positivamente o clima e o meio ambiente de forma mais ampla. Conta com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Fundo Vale.
"Os negócios podem ter um papel muito importante em tornar a economia mais inclusiva, regenerativa e carbono zero, não só fomentando a neutralidade dos impactos mas também o impacto positivo no clima"
Daniel Contrucci, diretor executivo da Climate Ventures
O instituto possui cerca de oito programas voltados a diferentes estágios de desenvolvimento desses negócios. A ClimateLaunchPad funciona como porta de entrada para empreendedores que ainda estão estruturando seus projetos, e que podem vir a participar em seguida de rodadas de negócio e encontros com investidores via Climate Ventures.
"Qualquer pessoa que esteja pensando no que pode fazer pelo mundo e tenha uma ideia de negócio que impacte positivamente o clima é encorajada a se inscrever e participar da competição", afirmou Contrucci.
A competição é baseada em uma metodologia global e realizada em parceria com a EIT Climate-KIC, iniciativa de inovação público-privada da União Europeia com foco na mitigação e na adaptação às mudanças climáticas.
Os três primeiros colocados da etapa nacional dividem um prêmio no valor de R$ 10 mil e representam o Brasil na etapa latino-americana e global, realizada no continente europeu, que premia os três finalistas com uma quantia total de 17,5 mil euros (R$ 93 mil).
Segundo o diretor executivo da Climate Ventures, os prêmios em dinheiro são apenas a "cereja do bolo" — os principais atrativos da competição são o recebimento de capacitação e aceleração, tornar-se parte de uma comunidade global de empreendedores voltados à questão climática e a visibilidade e projeção no mercado que as empresas ganham a partir da competição.
Uma possível restrição aos interessados é que, pelo fato de ser internacional, o concurso é realizado todo em inglês e por isso o regulamento exige que pelo menos uma pessoa na liderança fale inglês fluente. "Isso ainda é um fator limitante porque a gente acaba deixando muita gente boa de fora. Temos pensado em como contornar isso criando outras oportunidades para empreendedores que não falam inglês", disse Daniel Contrucci.
Além da ClimateLaunchPad, a Climate Ventures promove outros dois programas nesse semestre: "Amazônia em Casa, Floresta em Pé", voltado para empreendedores da sociobiodiversidade da Amazônia e "Conexão Onda Verde", para negócios já mais maduros.
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