Influencer cria 'PIX do Currículo' e ajuda a empregar mais de 200 pessoas
Um influenciador digital de Porto Alegre (RS) decidiu se movimentar para ajudar pessoas desempregadas durante a pandemia. Aproveitando a onda do "faz um PIX", Kaká D'Ávila criou uma rede solidária que já empregou mais de 200 pessoas na capital gaúcha. Por meio de uma ação chamada de "PIX do Currículo", ele recebe os documentos dos interessados e distribui de graça para empresas que têm vagas, sem que o candidato precise se deslocar e sem custo algum.
A crise econômica e social inflou a lista de pessoas em situação de vulnerabilidade no Brasil, mas incitou um sentimento de cooperação. Em entrevista a Ecoa, Kaká conta que agiu motivado em ajudar candidatos em busca de uma oportunidade de trabalho. "Já estive desempregado por bastante tempo e pude sentir as consequências na pele."
"Perdi um filho que nasceu prematuro de seis meses e faleceu em um domingo de Páscoa. No dia seguinte a empresa em que eu trabalhava me demitiu, alegando de uma forma muito fria que não teriam tempo para a minha recuperação. Era época de metas e eles tinham que vender. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida", relembra.
O influenciador prometeu que assim que pudesse ajudaria aqueles que mais precisam. Casualmente, depois de algum tempo, foi trabalhar em uma agência de empregos. "Aprendi muito e comecei a repassar esse conhecimento, ensinando os candidatos a fazer um currículo e se destacar nas entrevistas de emprego, entre outras coisas. Procuro proporcionar suporte e motivação aos outros, que foi o que eu não tive na época."
Como funciona?
Mas o que tem a ver o PIX com currículos enviados por e-mail? O idealizador do projeto explica que só queria aproveitar que se fala muito em PIX atualmente e surfar de forma lúdica no status da atividade bancária. "Foi justamente para chamar a atenção das empresas", diz.
Funciona assim: o interessado envia o currículo por e-mail e Kaká o repassa para empresas que estão contratando. "É como se você fizesse um PIX do seu currículo e eu o transferisse para empresas que têm vagas. É de graça!"
Muitas companhias elogiam a ideia e acabam chamando os candidatos para uma entrevista. "Eu apenas faço o link entre eles. E está dando muito certo", comemora.
Já foram mais de 20 mil e-mails recebidos. Entre eles, há casos que sensibilizaram o influenciador. Kaká lembra que uma pessoa enviou o currículo cheio de erros de ortografia e no e-mail pedia ajuda para fazer um novo, porque debochavam dela.
A candidata, destaca ele, era bem jovem, não tinha quem a ajudasse. Os pais morreram e o pai do filho dela os abandonou. "Ela se vira catando latinhas para sobreviver. Ajudei com alimentos, roupas, e fiz um currículo bem legal. Ela já tem até entrevista agendada."
Quando recebe os documentos, Kaká avalia se o currículo está bom. Se não estiver, pede autorização ao candidato para refazer o CV antes de enviá-lo por e-mail às empresas. Muitas vezes imprime e leva diretamente nos lugares onde há vagas.
"Algumas empresas já me conhecem e me procuram. Mas eu não espero isso acontecer, estou sempre batendo na porta das companhias, com inúmeros currículos nas mãos. Isso não tem preço, e na verdade só faço o que todos deveriam fazer", diz.
Eu sou aquele que já levou muitos 'nãos' na vida. Já morei nas ruas, comi do lixo, me tratavam como invisível. Hoje faço aquilo que eu gostaria que tivessem feito por mim.
Kaká D'Ávila, influenciador digital
A jornalista Valéria Soares passou um "PIX" para o projeto e já está empregada. A especialista em marketing disse que passou dois anos à procura de trabalho.
"Uma amiga conhecia esse trabalho voluntário e me mostrou. Estava atuando como autônoma, mas queria um fixo para facilitar. Com a pandemia, tudo complicou. Enviei meu CV para o e-mail do Kaká e, para minha surpresa, uma empresa de marketing me chamou e disse que tinha sido por meio do 'PIX do Currículo'."
Agora, na ativa novamente, Valéria aguarda apenas sair o primeiro salário para a felicidade estar completa.
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