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Ambev impulsiona voluntariado corporativo com mentoria de gestão para ONGs

Ação emergencial da Aliança Bayeux Franco Brasileira na Paraíba durante a pandemia de covid-19 - Reprodução/Instragram
Ação emergencial da Aliança Bayeux Franco Brasileira na Paraíba durante a pandemia de covid-19 Imagem: Reprodução/Instragram

Juliana Domingos de Lima

De Ecoa, em São Paulo

12/05/2022 06h00

Em Bayeux, município com cerca de 100 mil habitantes na região metropolitana de João Pessoa (PB), uma ONG tem impactado milhares de famílias com o oferecimento de atividades socioeducativas, qualificação profissional e ações emergenciais durante a pandemia. A Aliança Bayeux Franco Brasileira (ABFB) foi fundada em 2014 pela psicóloga baienense Célia Dantas com a missão de ajudar crianças e jovens em vulnerabilidade social.

Situada entre a capital João Pessoa e o município de Santa Rita, Bayeux é circundada por rios e tem um contingente importante de população ribeirinha vivendo em comunidades pobres. A Aliança tem sua sede entre três dessas comunidades: São Severino, São Lourenço e Porto do Moinho. Nos últimos dois anos, a ONG expandiu sua atuação para a comunidade de São Geraldo, em João Pessoa, e outros oito municípios da Paraíba por meio de ações emergenciais relacionadas à covid-19.

Em 2020 e 2021, conseguiram alcançar mais de 36 mil famílias com distribuição de alimentos, kits de higiene e máscaras. Outras 7.854 pessoas foram impactadas diretamente pelas atividades da ONG entre 2019 e 2021. Esse número representou um crescimento de 252% na quantidade de beneficiários em relação aos três anos anteriores e coincide com a participação da Aliança Bayeux no VOA, o programa de mentoria para ONGs da Ambev que já ajudou mais de 400 organizações.

Além de ajudar a Aliança a alcançar seu objetivo principal de atingir mais pessoas, a mentoria levou a ONG a implementar uma série de melhorias na gestão, que tiveram resultados na captação de recursos (indo de cerca de R$ 22 mil para R$ 44 mil ao mês), na presença nas redes sociais e no reconhecimento externo. Em 2021, a ABFB recebeu o prêmio #WeAreTogether do Fórum Internacional de Participação Civil pelo conjunto de ações emergenciais realizadas na pandemia.

"Eu vim da iniciativa privada, não tinha experiência em gestão no terceiro setor", disse a idealizadora da ABFB, Célia Dantas, a Ecoa. "Quando chegamos em Moscou [para o prêmio] e a nossa organização estava lá com os números de impacto e indicadores ao lado de várias outras do mundo, me deu uma sensação de gratidão muito grande ao VOA, que foi quem nos ensinou a fazer isso".

30 mil horas doadas a ONGs

As primeiras parcerias da Ambev com ONGs começaram em 2017 com mentorias para a Gerando Falcões, presente em mais de 700 favelas no país, e o Instituto Pró-Saber, de Paraisópolis. Com base nessa experiência, o VOA foi lançado em 2018 como um programa de voluntariado corporativo: funcionários da Ambev doam horas de trabalho para capacitar ONGs de todo o país em gestão de projetos, orçamento e pessoas, ajudando-as a "alçar voos mais altos".

Entre 2018 e 2021, cerca de mil funcionários já foram voluntários do programa, atingindo um total de 30 mil horas doadas. Levando em conta o público das mais de 400 ONGs que já passaram pelo VOA, a Ambev estima ter impactado indiretamente 10 milhões de pessoas ao longo desses anos.

O programa tem dois anos de duração: no primeiro, as ONGs têm acesso à mentoria e às aulas de gestão; no segundo, colocam em prática o que aprenderam, ainda com o acompanhamento dos mentores. No caso da ABFB, o primeiro mentor que tiveram não está mais no VOA, mas segue prestando assessoria à ONG.

Incentivos

Segundo Carla Crippa, vice-presidente de relações com a sociedade da companhia, lideranças também são voluntárias do programa, dando o exemplo. Há outros incentivos, como reconhecimento dos voluntários em reuniões de resultados e o suporte de uma plataforma com conteúdos online, além de poder contribuir dentro do horário de trabalho.

"Dar essas ferramentas facilita e incentiva que a pessoa faça [o voluntariado], porque ela entende que isso vai ser valorizado dentro da empresa. É uma questão das mensagens passadas [pela empresa] em relação a isso", diz Crippa a Ecoa.

Ainda assim, de acordo com a vice-presidente, a principal motivação é ver o impacto positivo na sociedade. Segundo ela, é comum que os voluntários se envolvam com a causa para além da mentoria, participando de ações desenvolvidas pelas ONGs.

Embora o foco do programa seja a doação de tempo e conhecimento de pessoas capacitadas em gestão, os voluntários também aprendem com o contato com as ONGs.

"Também já fui voluntária e a gente aprende sobre empatia, sobre realidades diferentes, sobre como resolver problemas com escassez de recursos. E isso ajuda inclusive nas atividades que realizamos na própria empresa", diz Crippa.