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Casal cria área de preservação da natureza e acolhimento de mulheres em SP

Propriedade na cidade de Birigui (SP) também abriga cães em situação de risco - Divulgação
Propriedade na cidade de Birigui (SP) também abriga cães em situação de risco Imagem: Divulgação

Felipe Augusto

Colaboração para Ecoa, de São Paulo (SP)

14/05/2022 06h00

Um casal transformou sua chácara em Birigui, no interior de São Paulo, em uma área de preservação da natureza e espaço de acolhimento para mulheres. A propriedade foi construída há 30 anos pela própria família, que cuida de 11 cães resgatados e se dedica a terapias de reconexão e alimentação vegana.

A vibrante casa amarela no noroeste paulista conhecida como Chácara Flora é lar de Rose e do marido, Luiz Fávero. A história do local pode ser traduzida pela simplicidade dos detalhes e pelo amor à mata e aos animais. "Quando compramos a chácara, a intenção era passar apenas os finais de semana, mas como fui criada no campo, minhas raízes pediram para voltar. Foi então que resolvemos fazer a casa, nós mesmos, meu pai, marido, filhos e eu. Erguemos tudo do zero", conta Rose.

Hoje, além de abrigar mais de 60 tipos de árvores e mais de 50 espécies de pássaros —todos livres—, a propriedade também conta com outras visitas: a de mulheres em busca de autoconhecimento. Com a sócia, Alessandra Scarpin, que é artista em mandalas intuitivas e instrutora de Terapia Multidimensional e Tameana, ela decidiu inovar e fazer um trabalho de terapia para a cura do corpo e da alma.

Além de cuidar do espaço e mantê-lo, Rose também é artesã e coleciona diversos trabalhos de pintura e restauração de obras sacras, com um olhar atento aos detalhes. "Eu tinha um ateliê na cidade, mas não conseguia trabalhar em paz, o barulho era demais e eu não conseguia me concentrar. Resolvi começar a dar aulas no meu ateliê aqui na chácara, mas com o tempo me cansei. E quando os meus filhos foram embora, achei que poderia dividir esse espaço com outras pessoas, compartilhar um pouco dessa energia", explica a artista.

Uma coisa foi puxando a outra e agora é possível ter aulas de reiki, meditação, fazer retiros ou simplesmente passar um final de semana lendo, descansando e aproveitando a alimentação vegana que a anfitriã prepara para os hóspedes. "Os quartos dos filhos são alugados para quem quer ficar sossegado em meio à natureza", conta.

O canto vazio que se transformou em espaço de acolhimento

Chacara - Divulgação - Divulgação
Chácara no interior de SP tem mais de 60 tipos de árvores e mais de 50 espécies de pássaros, todos livres
Imagem: Divulgação

No final de 2019, após iniciarem uma jornada pelo caminho do autoconhecimento, Alessandra e Rose sentiram a necessidade de expandir tudo o que estavam vivendo e compartilhar a experiência. Foi com o olhar da transformação que elas deram forma ao projeto "Um dia para chamar de seu". "O intuito é levar um pouco do que experimentamos em nossas vidas para outras mulheres", ilustra Alessandra.

A dupla propõe dinâmicas de cura, acolhimento das emoções com terapias vibracionais e manifestações dos desejos e sonhos.

"Logo que cheguei no portão caíram algumas flores no vidro do carro e já me senti bem recebida. Fizemos alguns tipos de terapias e a cada minuto eu me percebia melhor, mais conectada comigo mesma. É um ato de amor-próprio e muito libertador", relata a administradora de empresas Fabiana Baptista dos Santos, 47 anos, que se encantou pela comida vegana servida no local.

Birigui - Divulgação - Divulgação
Culinária vegana é um dos destaques do projeto
Imagem: Divulgação

O alimento também é um aliado e Rose conta que outra forma de elevar os pensamentos está na comida à base de plantas. "A maioria pensa que vai comer salada com arroz e feijão. Não imaginam o quanto a comida vegana pode ser saborosa. Gosto de usar legumes e grãos que produzem ocitocina e serotonina, os hormônios da felicidade. Além disso, cada erva, verdura, tudo o que uso na alimentação das hóspedes é pensado para trazer alegria", complementa.

Resgate de animais em situação de risco

O amor pelos animais é antigo e foi se transformando em ativismo com o passar dos anos. "Quando nos mudamos para a chácara, começamos a resgatar animais em situação de risco. Eles geralmente estavam muito doentes e fracos. Cuidávamos, levávamos ao veterinário, dávamos amor e tentávamos colocá-los para adoção. Conseguimos muitas vezes, mas muitos ficavam aqui. Já tivemos mais de 40 animais sob nossos cuidados", relata a moradora e dona do espaço.

Esse sentimento também está presente em seu dia a dia e no seu engajamento com a proteção da natureza, que acredita ser uma importante ferramenta de transformação, mas ainda um grande tabu em uma cidade pequena como Birigui, onde a cultura ainda é tão enraizada na agropecuária.

"É quase impossível conversar sobre veganismo com as pessoas. Minha estratégia é ir mostrando aos poucos, me fazendo ser ouvida por meio dos pratos que cozinho. Quando as pessoas experimentam, costumam apreciar. Com o tempo, entendi que não adianta impor, o mais importante é falar e mostrar essas ideias. Não é fácil, mas as coisas sempre podem mudar", finaliza.