Projeto está criando 'corredor verde caipira' para ligar 5 cidades de SP
Ainda existem florestas no estado de São Paulo, mas há um problema: muitas estão distantes entre si. São pontos verdes espalhados. Uns, maiores. Outros, menores. São os chamados fragmentos. Em 2018, porém, um grupo encabeçou a missão de conectá-los. A iniciativa trabalha para estabelecer um corredor verde no interior paulista.
A proposta do "Projeto Corredor Caipira" é reflorestar, conservar e criar agroflorestas em ao menos 45 hectares na região. Cinco municípios serão beneficiados diretamente — Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa Maria da Serra e Anhembi — e mais 11 de forma indireta.
O corredor deve ajudar na circulação de aves, primatas, répteis e insetos pelo território enquanto ergue mais florestas ou ajuda a mantê-las em pé, dizem os integrantes. O projeto vai passar por áreas particulares, que cederam espaço, e por terrenos ociosos das prefeituras. Os agricultores que forem usar as terras não precisarão pagar.
Ao todo, o estado tem 645 municípios, mas a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo calcula que apenas 48 deles têm mais de 50% do território coberto pela vegetação nativa - o que ocorre graças a unidades de conservação protegidas por lei. Pelos dados oficiais, 216 municípios paulistas têm entre 10% e 15% de vegetação nativa e 97 têm no máximo 20% de cobertura original. A falta de vegetação nativa é ainda maior na região interiorana.
O engenheiro agrônomo Henrique Ferraz de Campos, coordenador-técnico do Corredor Caipira, afirma que a situação é crítica.
"Nós não vemos grandes devastações no estado hoje, mas é que realmente sobrou muito pouco para ser ainda desmatado", avalia. Ao mesmo tempo, ele acredita que projetos de conservação também resguardam o que sobrou.
Preservando espécies
Algumas aves ainda conseguem voar de um fragmento para o outro. Henrique afirma que a tarefa é difícil para espécies sem asas, como o Muriqui-do-sul. O município de Anhembi, onde passará o Corredor, tem uma das últimas populações do primata, que sofre com a ameaça de extinção.
Além disso, o projeto vai criar uma coleção genética de espécies nativas como Juçara, Jatobá e Jaracatiá a serem preservadas para estudos realizados por cientistas.
As 20 espécies que serão "guardadas" no Corredor Caipira também correm risco no estado. É o caso da palmeira Juçara, alvo histórico do corte predatório ou ilegal para a produção de palmito. O projeto também servirá como espaço de educação ambiental da região, afirma o coordenador-técnico.
O Corredor Caipira começou a ser pensado em 2018 por engenheiros agrônomos e biólogos em homenagem ao professor Paulo Yoshio Kageyama, morto em 2016 e professor do tradicional Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq).
Os integrantes do grupo foram financiados por um edital da Petrobrás. O financiamento vai até novembro. Até lá, esperam que o Corredor Caipira seja absorvido pelas prefeituras da região.
"Nossa busca é envolver a sociedade para criar parcerias e políticas públicas a partir do corredor", diz.
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