Vassouras ecológicas geram renda para mulheres e ajudam meio ambiente em PE
Uma iniciativa no Recife (PE) tem dado apoio a mulheres vítimas de violência doméstica e em luta contra a depressão por meio de um trabalho que ajuda o meio ambiente. A Fábrica de Vassouras Ecológicas recolhe aproximadamente duas toneladas de garrafas PET por mês e transforma o plástico no utensílio doméstico. Metade da produção fica na fábrica, para cobrir os custos, e os outros 50% são repassados às mulheres para que vendam ao preço que determinarem. O valor arrecadado fica integralmente com elas.
Carolina dos Santos é educadora popular e agente popular de saúde, além de coordenadora da fábrica. A profissional, que também integra a Campanha Mãos Solidárias, iniciativa que desenvolve várias ações sociais em Pernambuco, contou que a ideia para o projeto surgiu em 2018, mas só foi oficializado dois anos depois.
"Naquele ano, fazíamos reuniões das famílias e recebemos essa proposta de geração de renda. Em 2019, fomos amadurecendo a ideia elencando o que poderia ajudar aquelas mulheres. Em plena pandemia, aprovamos a iniciativa e passamos a arrecadar as garrafas PET com vizinhos, amigos e escolas de Brasília Teimosa (bairro da zona sul do Recife)", conta a Ecoa.
A coordenadora do projeto explica como funciona a divisão dos recursos arrecadados. Cada participante tem direito a levar para casa metade de sua produção. Essa parte pode ser vendida ao valor que ela quiser. Já a metade que fica na fábrica é comercializada no espaço e serve para a manutenção da operação.
"O quanto cada uma vai ganhar em dinheiro depende de sua produção. Por exemplo: uma pessoa que fez 60 vassouras no mês pode levar 30 para que ela possa negociar a qualquer preço. E deixa as outras 30 no projeto. Se uma pessoa faz menos, 10, por exemplo, terá direito de levar cinco. E assim segue a produção", detalha.
O trabalho busca gerar renda para mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade social e muitas vezes são vítimas de violência doméstica. Carolina explica que o projeto busca compartilhar informações para combater esse tipo de problema.
"De 15 em 15 dias, chamamos pessoas para dar palestras sobre violência doméstica. Temos uma parceria com o Centro de Referência da Mulher. Além disso, oferecemos aulas de yoga, de massagem e realizamos passeios com as mulheres participantes", diz.
Poder fazer parte de uma iniciativa que transforma realidades e ainda ajuda o meio ambiente é motivo de orgulho para Carolina.
A coordenadora considera as participantes da fábrica como uma família, e lembra que o apoio mútuo faz toda a diferença.
Estamos limpando a natureza e nos ajudando enquanto mulheres. Conversamos sobre tudo e não temos vergonha de nos abrirmos umas com as outras.
Carolina dos Santos, coordenadora da Fábrica de Vassouras Ecológicas
Afra Ferreira, 60 anos, conheceu a fábrica por meio de uma amiga. A dona de casa enfrentava uma depressão e não via esperança de sentir aquela dor arrefecer. Encontrou no projeto um escape para a saúde mental e decidiu ficar.
"Estava depressiva por ter perdido meu marido. Entrei no projeto e fiz amizades. Fui bem acolhida, as pessoas da fábrica têm um coração aberto. Viraram minha família. Passo o tempo lá. Aprendi a fazer as vassouras. Isso ocupa minha mente", diz.
Rede de apoio e de preservação do meio ambiente
Afra conta que os vizinhos ajudam a recolher as garrafas PET. E que esse apoio criou uma rede de apoio que impede que o plástico seja descartado incorretamente no meio ambiente.
"Peço aos meus vizinhos para juntar as garrafas. Eu mesma lavo, limpo direitinho, corto e levo para a fábrica. Passo a maior parte da tarde lá. Isso me ajuda a ficar mais calma. Eu precisava procurar algo para fazer, estava angustiada, chorava muito, era muito desespero. A vassoura é um trabalho manual. É uma arte que precisa ser mais valorizada", conclui.
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