Mata Atlântica perde 20 mil campos de futebol, mas desmate zero é possível
O desmatamento na Mata Atlântica cresceu 66% em um ano. Entre 2020 e 2021, o bioma perdeu 21.642 hectares, o que corresponde a mais de 20 mil campos de futebol, segundo informações do Atlas da Mata Atlântica. No entanto, de acordo com o coordenador do estudo ouvido por Ecoa, é possível zerar o desmate na região.
A Lei da Mata Atlântica e o Código Florestal já existentes são suficientes para proteger e garantir a regeneração do bioma, afirma Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, responsável pelo Atlas em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"A partir da criação da Lei da Mata Atlântica houve uma grande diminuição do desmatamento. Ela é a nossa principal referência", diz Guedes Pinto. Realizado desde 1989, o Atlas da Mata Atlântica mostra que, no período de 2005 a 2008, 102.938 hectares foram desmatados no bioma. Já entre 2008 e 2010 o desmatamento foi de 30.366, uma queda de 70% em relação ao período anterior. A Lei da Mata Atlântica foi aprovada em 2006.
Para o especialista, basta cumprir as leis já existentes, ao mesmo tempo em que se garante fiscalização e punição a quem descumpra os regimentos. É estimado, contudo, que apenas 10% a 15% das multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a infratores em todo território nacional tenham sido pagas ou ao menos parceladas, segundo documentos do próprio instituto enviados ao Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas.
A Mata Atlântica, ainda de acordo com Guedes Pinto, vem sendo devastada, acima de tudo, para dar lugar a pastagens e à agricultura. Expansão urbana e especulação imobiliária também podem ser apontadas como causas.
Mas onde está a Mata Atlântica?
Você pode não saber, mas, caso você viva na região litorânea do país ou em capitais como Curitiba, São Paulo, Vitória, Salvador e Aracaju, entre outras, você vive em área de Mata Atlântica. Cerca de 70% da população brasileira vive no bioma e quase 80% da economia do país se concentram por lá.
Isso tudo significa que muito mais do que a metade dos brasileiros precisam da Mata Atlântica para obter água, energia e alimento. São as matas desta floresta tropical que protegem as nascentes de rios que abastecem grandes cidades.
"Se desmatamos a Mata Atlântica, a gente contribui para as mudanças climáticas, ou seja, contribui para que tenhamos ainda mais secas, mais enchentes, deslizamentos de terra, etc.", explica Luis Fernando Guedes Pinto. De acordo com o Atlas coordenado por ele, a perda do bioma registrada entre 2020 e 2021 equivale à emissão de 10,3 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
'Empresário precisa ter consciência de preservação'
"Papai, o que você está fazendo para cuidar da natureza?". O questionamento do filho Luca, de 11 anos, foi o que o empresário Caito Maia precisava para mudar os rumos de sua empresa. O fundador da Chilli Beans passou a pensar, a partir da fala do filho, como poderia impactar positivamente o meio ambiente.
Dois anos depois desse momento que marcou o empresário, a marca lançou uma parceria com a ONG SOS Mata Atlântica que resultou em uma coleção inspirada na fauna e flora do bioma, um dos mais ameaçados do Brasil. O intuito é alertar os consumidores sobre o assunto.
Além disso, a coleção será composta por peças, óculos e relógios 100% recicláveis. A Chilli Beans também fará uma doação direta de mais de 2 mil mudas de árvores ao programa da SOS Mata Atlântica chamado Florestas do Futuro, o que ajudará na recuperação de 1,13 hectares de florestas. A área para onde irão as mudas foi selecionada pela ONG que tem como objetivo não apenas plantá-la, mas garantir que a restauração florestal seja realizada.
"Unir a iniciativa privada, que é a Chilli Beans, a uma organização do terceiro setor, no caso da SOS Mata Atlântica, é dar voz a esse bioma. Queremos levar a mensagem de que precisamos proteger, parar de desmatar e começar esse exercício de larga escala de recuperação e regeneração do bioma", conta Rafael Bitante, gerente de restauração florestal da SOS Mata Atlântica.
Para Caito Maia, é importante que o empresariado tenha consciência de preservação ambiental. "Se cada um fizer um pouquinho, a gente tem um poucão [sic]".
Essas parcerias com empresas têm um papel super importante para a gente restaurar algumas regiões mais ameaçadas, para mostrarmos para a população a situação desse ecossistema e isso pode ganhar mais escala. Isso tem um grande valor. Mas o carro chefe é a política pública que ajuda a alavancar e dar maior escala para o cumprimento do Código Florestal.
Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da SOS Mata Atlântica
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