ONG com 500 voluntários distribui 870 toneladas de alimentos em SP e RJ
A notícia de que uma frente fria havia matado pessoas em São Paulo levou o paulistano Christian Francis Braga a juntar tudo que tinha e levar para aquecer moradores de rua. A ajuda cresceu e identificou outras necessidades, e a fome era a principal delas. Para atuar nessa frente, nasceu o Instituto Gas (Grupo de Atitude Social), que distribuiu mais de 870 toneladas de alimentos somente em 2021.
Braga é o idealizador do trabalho e presidente do instituto. Ele contou a Ecoa que a ideia surgiu durante o frio que se abateu sobre São Paulo em 2016. "Ao ver no jornal que pessoas haviam literalmente morrido de frio, meu primeiro impulso foi ir para a rua ajudar. Nos dias seguintes, comecei a pedir itens de abrigo e alimentos, organizando uma agenda de saídas para entrega", lembra ele.
O frio acabou, mas já não era possível parar com as entregas, pois Braga viu que o problema ia além do agasalho. "Também atacava o estômago vazio, sem contar que conhecíamos as pessoas pelos nomes. Virar as costas não foi uma opção. Aos poucos, outras pessoas se juntaram a mim, trazendo mais itens e ideias, estruturando de modo orgânico o que hoje é o GAS", explicou.
400 km percorridos por noite
Equipes do instituto identificam as dores locais, estudam alternativas de alívio e buscam recursos para ajudar. A atuação junto aos vulneráveis é diária. A recorrência das ações funciona intercalada: uma semana na rua e outra nas comunidades. As ações de rua cobrem toda a capital paulista, além de Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira e Osasco, também o Rio de Janeiro.
"Só em São Paulo são 400 km percorridos por noite, entregando café quente, achocolatado, água, cobertores, lanches, biscoitos, moletons novos, meias e gorros, absorventes, itens de higiene, fraldas, papel higiênico, ração para cães e gatos, entre outras coisas", conta o presidente.
Nas comunidades, o grupo oferece cestas básicas, absorventes, fraldas, itens de higiene, ração para os pets e itens mais pontuais, como doces para as crianças, máscaras de proteção, álcool em gel etc., além de promover e manter mercados solidários, onde alimentos além da cesta básica são disponibilizados para compor o prato das famílias.
Christian Braga explica que cada frente tem sua particularidade. Nas ruas, o público-alvo é formado por homens em sua maioria. Entretanto, com a pandemia, aponta o idealizador, muitas famílias com crianças e idosos também passaram a fazer da rua a sua morada.
Já nas comunidades, o perfil é mais variado. São pessoas que vivem de empreitada, ou seja, subempregos e bicos que proporcionam o mínimo de renda para manter o prato e o teto. Com a redução ou perda total desses empregos, famílias vêm sendo, em grande parte, sustentadas por mulheres.
"Nas ruas, nós mapeamos as rotas e atravessamos a madrugada indo ao local de dormida da pessoa, oferecemos alimento, calor e atenção. Nas comunidades, nós mapeamos as famílias em parceria com a liderança local. A pessoa se inscreve antes através do líder comunitário e recebe a cesta das nossas mãos, além de outros provimentos", ressaltou.
Mais de 4 mil voluntários
O Instituto GAS é uma ONG independente. Isso quer dizer que a manutenção financeira depende de doações, grande parte dela de pessoas física. O trabalho, que já contou com 4,5 mil voluntários (hoje 500 deles são fixos), não tem apoio de emenda política ou aporte religioso e, pontualmente, recebe recursos da iniciativa privada ou de outras entidades parceiras do terceiro setor.
"Eu me sinto radiante em poder ajudar porque crianças, idosos, gestantes e enfermos estão com o prato cheio a partir da atitude perseverante de pessoas que acreditam no que eu digo e repito: não queira que o mundo mude ficando de braços cruzados. Falar sobre fazer o bem é muito bonito, mas estamos em um momento em que é preciso materializar o bem", destacou.
o perfil do instituto no Instagram. Para conhecer mais sobre o projeto, acesse O projeto aceita doações em dinheiro, que podem ser feitas via PIX: 34.347.549/0001-79 (chave-CNPJ) ou diretamente pela plataforma de doações.
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