Embalagens de leite viram tapumes para proteger comunidades do frio em SP
Há cerca de dois anos, uma ONG de São Paulo passou a reutilizar embalagens cartonadas de leite ou suco, conhecidas por TetraPak, transformando-as em tapumes para proteger moradias em barracos de temperaturas extremas, chuvas, ventos e pequenos bichos e insetos. O projeto Caixas Protetoras já transformou a vida de moradores de 121 barracos, em 7 comunidades na região da Grande São Paulo.
Os tapumes medem 2m x 0,5m e são feitos com embalagens que seriam descartadas por falta de reciclagem. De acordo com a voluntária do projeto Elis Pedroso, poucas empresas conseguem fazer a reciclagem do material devido ao alto custo deste procedimento, e a grande maioria dessas embalagens acaba indo para o lixo.
"O que a gente faz é dar uma sobrevida a estas embalagens, transformando-as em placas com alto poder antitérmico e protetor, evitando que entre chuva, ventos, e ainda evitem a entrada de pequenos animais e insetos em demasia nos barracos", explicou Elis a Ecoa.
Mais de 3 mil placas
Para fazer o tapume são necessárias 23 caixas limpas e abertas, que são costuradas umas nas outras formando a placa. Quem faz o trabalho são 11 mulheres com habilidades para pilotar máquinas de costuras industriais, que são mais resistentes para perfurar as embalagens, que é composta de plástico e alumínio. Elas são de três ONGs diferentes que toparam o desafio de reaproveitar o material.
Ao todo, o projeto já reutilizou mais de 72 mil caixinhas de leite ou suco para a confecção de 3.148 placas, gerando um total de 59 mil reais para as costureiras da ação.
Em funcionamento desde março de 2021, a ideia do projeto surgiu durante uma visita da ONG Feito Formiguinhas, da qual a Elis faz parte, a uma comunidade na zona sul de São Paulo. Vendo a precariedade das moradias, ela se lembrou de um vídeo que tinha visto sobre uma iniciativa semelhante ao que hoje corresponde ao Caixas Protetoras, e resolveu arriscar.
Todas as comunidades beneficiadas pelo Caixas Protetoras são consideradas de alta vulnerabilidade. "Uma das casas em que instalamos as placas, a moradora dormia no chão com a filha pequena e nos contou que toda noite sentia os ratos passarem por cima delas. Com as placas ela está superfeliz porque consegue dormir tranquila. Isso nos corta o coração e nos incentiva a continuar por mais difícil e caro que seja", explicou.
Placas custam R$ 19
Isso porque, para que cada placa seja costurada, é necessário contribuir com a quantia de 19 reais. "O pessoal doa as caixas, mas não doa o dinheiro, que acaba saindo no nosso próprio bolso", revela a voluntária. Sem contar as embalagens que são doadas sujas e não conseguimos aproveitar. Para ajudar na ação, o projeto criou um vídeo orientando sobre como as embalagens devem ser entregues nos pontos de coleta.
Questionada sobre o futuro do projeto, a voluntária conta que o considera atemporal, pois as placas protegem os barracos do frio ou do calor, mas querem que a iniciativa se espalhe pelo país, e se colocam à disposição para orientar outras ONGS interessadas.
Estão previstas mais três instalações para os meses de junho e início de julho, pois ainda há placas costuradas pala aplicação. Em julho, o projeto deve voltar a receber doações de embalagens para novas entregas. "Já estamos em contato com outras 12 comunidades para que elas conheçam o projeto e aceitem nossa ajuda. Até lá, toda ajuda que vier pra confecção das placas é bem-vinda", diz a voluntária.
. Para conhecer o projeto, encontrar pontos de coleta de caixinhas e saber como doar corretamente visite as redes sociais da ONG Feito Formiguinhas.
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