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Empresa de reciclagem coleta 100 toneladas de eletrônicos em domicílio

A REEECicle busca os aparelhos nas residências e se responsabiliza pelo descarte responsável - Divulgação
A REEECicle busca os aparelhos nas residências e se responsabiliza pelo descarte responsável Imagem: Divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, do Recife

16/06/2022 06h00

Uma empresa de reciclagem criou uma coleta residencial gratuita de material eletrônico em Pernambuco. O programa explica às pessoas que se os eletrônicos forem descartados de forma incorreta podem causar danos ao meio ambiente, já que alguns materiais levam mais de 100 anos para se decompor. Atenta ao prejuízo que esses resíduos podem causar à natureza, a REEECicle busca os aparelhos e se responsabiliza pelo descarte responsável.

Para participar, o morador só precisa entrar em contato com a REEECicle para agendar uma visita. O material recolhido é desmontado, as peças são separadas e convertidas em matéria-prima para diferentes indústrias, evitando a extração de mais recursos naturais.

A companhia realiza ainda um trabalho de divulgação nas redes sociais e publicações na mídia, e distribui coletores por diversos pontos da capital pernambucana. O resultado do esforço é a coleta mensal de cerca de 100 toneladas de eletroeletrônicos que poderiam ir parar no meio ambiente. Os materiais recolhidos vão de celulares, tablets e notebooks a eletrodomésticos em geral.

Sávio França, CEO da REEECicle, conta a Ecoa que teve a ideia de criar uma coleta em domicílio após ver o resultado de uma pesquisa realizada perla Green Eletron, gestora brasileira sem fins lucrativos para a logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas de uso doméstico que não têm mais utilidade. O levantamento demonstrou que mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas são descartadas incorretamente em todo o mundo.

Recicle - Divulgação - Divulgação
Para participar do programa, o interessado só precisa entrar em contato com a REEECicle para agendar uma visita
Imagem: Divulgação

"O Brasil é um dos líderes do ranking, ocupando a quinta posição mundial e a primeira na América Latina. Na mesma pesquisa, foi demonstrado que as pessoas já tinham ouvido falar dos pontos de coleta, mas nunca haviam levado seus eletrônicos usados para descartar nesses locais, por isso lançamos o serviço residencial", afirma.

Anteriormente, o foco das coletas estava nas empresas e em órgãos públicos. Mas capacidade operacional era menor, de acordo com o empresário.

Drive-thru de descarte de eletrônicos

"No início da pandemia, iniciamos o drive-thru de descarte de eletrônicos no Recife. A pessoa trazia seus eletrônicos e sem descer do veículo deixava o material. Hoje, há dois pontos de drive na capital. Em 2021, realizamos um piloto, contemplando alguns bairros, estabelecendo rotas e foi muito positivo o retorno. Em seguida fechamos um contrato com a Green Eletron que fortaleceu a operação e ampliou a capacidade operacional", diz.

Coleta em residências

Atualmente, a coleta dispõe de três veículos, e cada um faz uma rota na Região Metropolitana do Recife. A pessoa interessada em descartar um aparelho solicita a coleta em dois canais e, em no máximo em 48 horas, uma equipe vai até o local combinado. Todo o material descartado é encaminhado para a REEECicle.

Na empresa, é feito o processo de triagem, em que todo equipamento é desmontado, as peças que serão descartadas são separadas por tipos e transformadas em matéria-prima para a fabricação de novos produtos.

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Os materiais recolhidos vão de celulares, tablets e notebooks a eletrodomésticos em geral
Imagem: Divulgação

"Para além da coleta residencial, temos ecopontos em alguns condomínios e em parques públicos e realizamos campanhas itinerantes, que são feitas em colégios e áreas públicas e em datas ligadas ao meio ambiente e à reciclagem. Nessas campanhas, realizamos trabalhos de conscientização sobre a preservação do meio ambiente e explicamos o tempo que esse material eletrônico leva para se decompor, caso seja descartado de forma incorreta", continua França.

"Na minha vida o que sempre me moveu foi participar de algum projeto que saísse do trivial produtivo. Algo além de prover o sustento e o da família. Durante minhas horas de trabalho sempre me questiono o que tenho feito para contribuir com as pessoas, com o meio ambiente, para o planeta. Isso me anima e me dá energia", diz.

Trabalho nas escolas

A economista Roberta Laurindo, 51 anos, é moradora do bairro das Graças, zona norte do Recife. Ela conheceu o trabalho da empresa por intermédio da escola onde a filha, Manuela, 9, estuda.

"No Dia do Meio Ambiente, o colégio convidou a empresa para recolher objetos recicláveis e falar sobre como eles podem ser utilizados para fazer outros produtos. Depois, acionei a empresa e descartei um teclado de computador", conta.

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Na empresa, é feito o processo de triagem, em que todo equipamento é desmontado, as peças que serão descartadas são separadas por tipos e transformadas em matéria-prima para a fabricação de novos produtos
Imagem: Divulgação

Para Roberta, o trabalho da REEEcicle deve ser replicado em outras cidades e estados. "Essas iniciativas são alternativas, mas é preciso começar de alguma forma. Estou fazendo a minha parte. Se todo mundo fizer, dá certo", acredita.