Ação distribui renda em 'cartão de alimentação' para famílias em Campinas
Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar em Contexto de Covid revelam que 33 milhões de brasileiros passam fome. O número aponta que houve um aumento de 10 milhões de pessoas nessa situação em comparação com o registrado em 2020, quando 19 milhões de pessoas já estavam em situação de insegurança alimentar grave no país.
Garantindo que o básico não falte estão ações das organizações da sociedade civil como a Mobiliza Campinas, que atua em parceria com a Fundação FEAC e com mais de 100 organizações da sociedade civil.
O projeto, que está na terceira edição, e começou emergencialmente no pico da pandemia de covid-19, leva cartões de alimentação com três parcelas de R$ 150 para famílias que estão em vulnerabilidade social e residem em Campinas, no interior de São Paulo. Ao todo, 665 cartões serão entregues até o final da campanha, que tem arrecadação até o fim de agosto, chegando a cerca de 2.660 pessoas atendidas.
"Em 2022, a condição sanitária teve alguma melhora com a vacinação, mas a condição de vulnerabilidade de muitas famílias continuou. Sobretudo, porque a renda de quem ganha menos acaba mais afetada e a inflação tem crescimento principalmente nos alimentos", diz Jair Resende, superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, de Campinas.
Rastreamento de famílias
Mais do que distribuir alimentos, a campanha leva autonomia para que as famílias comprem itens que realmente façam sentido em sua rotina e no abastecimento da casa.
"As organizações parceiras atuam diretamente nos territórios mais vulneráveis de Campinas e realizam um cadastro das famílias. Há uma classificação, de acordo com as condições, dando prioridade para famílias desempregadas, enfermas, com idosos e crianças. Com base nesses indicadores, a Fundação FEAC repassa os cartões", explica Resende.
Apesar de os cartões serem livres para uso em qualquer estabelecimento comercial, há um estímulo e orientação para que as famílias utilizem dentro de seus próprios bairros para ajudar no fluxo da economia local.
"Acreditamos que o cartão traz uma espécie de simbolismo de autonomia. Pois, entrega acesso para pessoas poderem escolher seu próprio alimento. Algo que se diferencia de doações de cesta básica ou de outras doações, que entregam os produtos diretamente", acredita Resende.
Para Sílnia Prado, coordenadora da campanha Mobiliza Campinas, o cartão alimentação também protege a família do dilema entre comprar comida ou pagar as contas. "A família não precisa fazer essa escolha, e pode comprar leite, vegetais e outros alimentos que geralmente não estão presentes na cesta básica e que são necessários", aponta.
Prado explica que ainda não há uma quarta ação definida para 2023, mas que os dados do cenário da fome, que remonta os índices dos anos 90, já faz com o que o grupo pense em ações e projetos que assistam quem vive com fome. A coordenadora também afirma que irão manter a renda distribuída em cartões por mais um ano.
"Vamos viver e enfrentar a fome por muito tempo, esses impactos vão ser vivenciados no Brasil e no mundo. Estamos pensando em alternativas para lidar com essa questão nutricional", diz a coordenadora.
O projeto aceita doações por meio do PIX: (CNPJ: 46002176000183). Mais informações sobre a campanha e formas de contribuir podem ser conferidas no site do projeto.
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