#SalveJegue: Campanha luta contra a extinção de jumentos no Brasil
"Os jumentos correm risco de extinção", alerta Patrícia Tatemoto, coordenadora da campanha #SalveJegue, que visa recolher assinaturas para uma petição que pede o fim do abate dos animais no país. O objetivo é entregar o documento a políticos e pedir a proteção dos animais.
De acordo com o último censo agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2017, havia no Brasil por volta de 400 mil jumentos. Contudo, entre 2015 e 2019, o país abateu 91,6 mil animais da espécie, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Há estudos, ainda, que mostram que até 20% dos jumentos morrem antes mesmo de chegar ao matadouro. Assim, o número de mortes pode ser ainda maior que o registrado. Segundo a campanha, se seguirmos nesse ritmo, os jumentos serão extintos.
Nosso objetivo é mostrar para os tomadores de decisão que a sociedade brasileira se importa com os jumentos e espera que eles criem políticas que protejam esses animais
Patrícia Tatemoto, PhD pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e coordenadora da campanha #SalveJegue
Por que os jumentos estão morrendo?
O abate, segundo Patrícia Tatemoto, que é PhD pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (Universidade de São Paulo), é feito para a retirada da pele do animal que, por sua vez, é fervida para a criação de ejiao — uma espécie de gelatina de couro tradicionalmente usada na medicina chinesa.
"Isso tem acontecido com várias irregularidades. Essa atividade é extrativista e compromete a saúde e o bem-estar dos animais", diz a coordenadora que foi contratada pela The Donkey Sanctuary, organização internacional sem fins lucrativos que defende os jumentos há mais de 50 anos em todo o mundo, para investigar o que estava acontecendo com os jumentos no Brasil.
Já existe, hoje, uma liminar que proíbe efetivamente a prática de abate de jumentos no país, contudo, Tatemoto denuncia que ela não está sendo cumprida. Matéria publicada na BBC confirma o que diz a coordenadora. Segundo o texto, apenas no Frinordeste, frigorífico da cidade de Amargosa na Bahia, foram mortos por volta de 14,4 mil jegues após a proibição.
A The Donkey Sanctuary mantém conversas com tomadores de decisão em estados estratégicos onde o abate é maior, como Bahia e Minas Gerais, trazendo propostas de legislações locais para brecar o abate dos animais. Também há um projeto de lei do deputado Ricardo Izar (Republicanos) na Câmara dos Deputados em Brasília, mas que aborda a proibição de abate de equídeos em geral, não só de jegues.
Equilíbrio ambiental
De acordo com a especialista Patrícia Tatemoto, ainda é inconclusivo o papel ecológico dos jumentos nos biomas brasileiros. "No entanto, qualquer espécie que seja extinta gera consequências para nossa espécie também", diz.
Quando uma espécie é extinta, por exemplo, ela deixa de abrigar alguns patógenos que vivem em harmonia com ela. Esses patógenos, então, vão procurar novos hospedeiros, que podem ser os seres humanos. Dessa forma, novas doenças podem aparecer.
"Um dos casos que acompanhamos, em Canudos, houve a apreensão de 800 jegues que estavam sem água e comida", lembra Tatemoto. "Lá, foram registrados 10 casos de mormo, que é uma doença que acomete tanto animais como humanos, e esse foi o maior surto dessa doença na Bahia", diz.
Caso entre em contato com os animais infectados, os seres humanos podem pegar a bactéria causadora dessa doença que fica alojada no pulmão, gerando sinais clínicos de pneumonia. Segundo estudos já publicados, uma pessoa que pega mormo tem 95% de chances de vir a óbito.
A campanha possui um site que, além de apresentar dados e fatos sobre a situação dos jumentos no país, recolhe as assinaturas da petição. Você pode acessar aqui: www.salvejegue.com.br.
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