'Caminhos' ajuda pessoas a deixarem situação de rua sem burocracia
O número de pessoas em situação de rua cresceu 31% nos últimos dois anos em São Paulo. A pandemia de covid-19 levou para as ruas pessoas que perderam seus trabalhos, já não podiam mais pagar seus aluguéis e cujas vidas tomaram um caminho bem diferente do que idealizaram.
Foi pensando nisso, que o projeto 'Caminhos' nasceu há cerca de quatro meses, para amparar essas pessoas e ajudá-las a reencontrar a rota de suas vidas. Em parceria com o padre Júlio Lancellotti, um grupo de quatro amigos busca pessoas em situação de rua na capital de São Paulo e as ampara na busca de emprego, estudo, moradia ou na compra de passagens para voltarem para suas cidades natal.
De forma bem direta, o objetivo é tirar pessoas das ruas sem burocracia e permitir que tenham dignidade para seguir suas vidas de forma autônoma. É uma conta bem simples: tem gente na rua que tenta voltar para casa e é impedida pela burocracia estatal, por dificuldades que o sistema impõe ou por outros fatores. Felipe Gonçalves, 22 anos, idealizador e voluntário do projeto.
Pacto de compromisso
Entre as histórias das quase 70 pessoas ajudadas pelo projeto estão desde a busca por um novo lar, matrículas em cursos e até mesmo a admissão de um grupo de pessoas em situação de rua em uma empresa de call center.
"Um dos assistidos foi incluído no treinamento de telemarketing realizado em parceria com a EDP [companhia do setor elétrico] e a Atento para pessoas que moram na rua. Depois do processo, ele conseguiu ser efetivado na vaga junto com alguns outros alunos e reconstruiu um lar para sua esposa e filho", conta Gonçalves.
Para participar do projeto, as pessoas em situação de rua devem firmar um compromisso de voltar à escola e concluir o ensino médio quando não o tem.
"O único pré-requisito para a pessoa ser ajudada é se matricular numa escola para terminar os estudos e nós ajudamos nesse processo. Não por nenhum juízo de valor de que se precise disso para ser alguém, mas porque é a condição que a sociedade impõe para que se consiga um emprego em que se seja menos explorado", diz Gonçalves.
"Além disso, é uma forma a mais de garantir que se consiga andar com as próprias pernas num mundo que definitivamente não quer que pessoas nessas condições caminhem", completa.
Sonhos ajudam nas doações
Para ajudar nas doações, é comum que as histórias e sonhos das pessoas em situação de rua sejam compartilhadas na rede social do projeto Caminhos.
"Postamos as histórias das pessoas nos aproximando o máximo possível da realidade que conseguimos captar. Como exemplo, temos o caso de um rapaz que quer sair das ruas porque tem uma filha pequena de um ano e quer garantir uma condição digna para o seu crescimento. Então, contamos a história na postagem no Instagram e pedimos as doações", explica Gonçalves.
"Às vezes atingimos o valor necessário, em outras fica um pouco abaixo. O que entra de doação sai de passagem, aluguéis, móveis, eletrodomésticos essenciais e outras necessidades", continua.
A parceria com o padre Júlio Lancellotti cria uma espécie de norte para quem se encontra perdido nas ruas, revela Felipe. "Muitas histórias chegam por ele, tenho a impressão de que é como se ele fosse uma espécie de lenda urbana entre alguns moradores de rua. Depois das primeiras pessoas ajudadas pelo Caminhos, chegava uma ou outra na paróquia falando com o Lancellotti - e perguntando se era ele era o padre que da passagem de volta para casa", conta.
O projeto aceita doações em dinheiro via chave PIX (projetocaminhosrua@gmail.com). Além disso, busca parcerias com empresas para ações de empregabilidade. Mais informações sobre como ajudar e colaborar podem ser obtidas por meio da página no Instagram do projeto Caminhos.
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