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"Sopão das Manas" leva alívio da fome para mais de 30 mil pessoas em SP

Coletivo começou distribuindo sopa, mas hoje doa cestas básicas e alimentos in natura também - Mayra Azzi
Coletivo começou distribuindo sopa, mas hoje doa cestas básicas e alimentos in natura também Imagem: Mayra Azzi

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, no Recife

11/07/2022 06h00

Um projeto reuniu mulheres cozinheiras para combater a insegurança alimentar, em São Paulo. Motivado pela ação severa da pandemia da covid-19 sobre pessoas em situação de vulnerabilidade social, o Sopão das Manas passou a identificar necessidades e levar soluções. O grupo, que chegou a ter 40 voluntários, já atendeu cerca de 30 mil pessoas e distribuiu mais de 20 toneladas de alimentos, em dois anos de trabalho.

Katia Lyra, idealizadora do coletivo e coordenadora do projeto, conta que a ideia de criar um trabalho para dar alívio à população mais vulneráveis se deu no início da pandemia quando ela percebeu a "catástrofe que estava por vir".

"Logo no início, muita gente não tinha o que comer. Surgiu a ideia de fazer uma sopa pelo menos uma vez por semana. A maior motivação é quando a gente percebe que tem um governo que não cumpre seu papel. A motivação parte de uma indignação. Desde muito pequena tenho esse olhar solidário ", disse ela a Ecoa.

A coordenadora explica que as pessoas auxiliadas não são necessariamente moradores de rua. O trabalho atende comunidades, ocupações, aldeias e principalmente onde existe uma liderança comunitária, uma organização que consegue passar para o projeto a necessidade de cada lugar.

No início, em 2020, havia a distribuição de sopas. No entanto, o coletivo percebeu que poderia ser mais efetivo doando cestas básicas e distribuindo alimentos in natura.

Cestas e alimentos in natura

"A gente já não faz mais sopas, mas guardamos esse nome porque desde o início a ideia era servir sopas. Mas a gente entendeu que consegue atingir mais as pessoas de forma positiva levando insumos in natura para que elas tenham mais autonomia, e que dure mais tempo", ressaltou.

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O trabalho atende comunidades, ocupações, aldeias e lugares que tenham uma liderança comunitária
Imagem: Mayra Azzi

Além da alimentação, o Sopão das Manas também realiza ações pontuais, de acordo com as demandas locais. Em período de frio intenso, por exemplo, as equipes vão as ruas levar cobertores, agasalhos e kits de higiene pessoal.

O recurso das ações, aponta Katia Lyra, vêm de pessoas que seguem o projeto desde o início. Quando surgem as demandas, o Sopão vai às redes sociais e convoca os seguidores e amigos para realizarem doações. Essa é a única fonte de recursos, uma vez que o projeto não dispõe de parcerias.

"Esses amigos atendem aos nossos chamados. Recebemos doações por PIX. O trabalho é feito com muito amor, mas ainda é insuficiente. Sabemos que precisamos de mais, de políticas públicas voltadas ao combate da fome", disse.

A coordenadora avalia que quem está, de certa forma, em uma posição de privilégio precisa se movimentar para ajudar pessoas em situação difícil. Esse movimento, ainda que conturbado e cheio de obstáculos, leva estímulo a outras pessoas e incentiva a solidariedade.

"Eu sinto que entender o lugar de privilégio que a gente tem e usar isso de alguma maneira, é um jeito de lutar e ser coerente com nosso discurso quando falamos de humanidade. Nossa situação atual no país é catastrófica. Um número absurdo de pessoas em insegurança alimentar", destacou.

Katia ressalta que vê todo esse cenário de fome com grande indignação e tristeza. " É um absurdo que, em 2022, com todos os recursos que a gente tem, tecnologia, solo tão fértil, a gente não consegue ter um plano para que as pessoas tenham o mínimo de dignidade, o mínimo, que é se alimentar", disse.

Para saber mais sobre o projeto, acesse o perfil do Instagram do Sopão das Manas. O projeto aceita doações em dinheiro, que podem ser feitas por PIX: sopaodasmanas@gmail.com (chave-e-mail).