Empresário ajuda 600 a terem o que comer toda semana no centro de SP
Foi logo no início da pandemia de covid-19, em 2020, que o empresário Bruno Machado, 32 anos, decidiu sair com seus amigos às ruas para distribuir lanches, pãezinhos e café quente no centro da capital paulista.
"Fizemos os lanches com café na minha casa e saímos para distribuir toda semana no entorno da Praça da República, no centro da cidade. O que não esperávamos era que logo nas primeiras saídas iríamos nos deparar com uma pandemia, que mudou drasticamente o cenário global", lembra ele.
O empresário diz ter encontrado pessoas completamente desamparadas, sem saber o que estava acontecendo, e famintas. "As pessoas estavam muito aflitas, parando nosso carro para nos perguntar o que estava acontecendo, pois havia quase quatro dias que estavam com sede, fome e sem ninguém a quem pedir ajuda", lembra Bruno.
"Aquele dia marcou as nossas vidas de forma dolorosa. Desde então começamos a intensificar nossas idas ao centro para auxiliar algumas pessoas, sempre com recursos próprios. Logo, com a intensidade das entregas e o número extremamente alto da necessidade, não tínhamos mais como bancar todos os alimentos no ritmo intenso em que estávamos tendo", continua.
Foi então que o empresário chamou mais amigos para ajudar e consolidou o projeto Pãozinho Solidário. Atualmente, o grupo atende 600 pessoas por semana e leva pães, água, leite com achocolatado, café, cobertores, marmitas e álcool em gel à população em situação de rua.
Alimento para mente e corpo
Além da ajuda contra a fome e o frio, o grupo leva um atendimento orientado por psicólogos, que promove escuta ativa das pessoas em situação de rua e tem um cuidado especial, sobretudo, com crianças nessas condições que estão dentro do espectro autista.
"Nós temos um time que chamamos de 'time de escuta ativa'. Enquanto há voluntários fazendo a entrega de alimento e roupas, esses voluntários ficam 100% focados em conversar com os assistidos", conta Victória Santos, 25 anos, gestora de projetos e uma das organizadoras do Pãozinho Solidário.
"A ideia dessa área não é fazer uma sessão de terapia ou algo do tipo, é realmente mostrar que eles podem e devem ser ouvidos e que, independentemente de qualquer decisão ou escolha equivocada que tenham feito em algum momento da vida, ainda há esperança e eles ainda são importantes", completa.
Victória explica que os voluntários são coordenados por psicólogos que direcionam a escuta e a postura correta para ouvir, respeitar e interagir de forma afetuosa com as pessoas que são atendidas.
Dentre às muitas que já atendeu, Victória relembra o caso de um homem que buscou ajuda de uma clínica de reabilitação para deixar o ambiente das ruas e voltar para a sua família.
"Esse atendido me pediu um abraço e quando abri os braços, começou a chorar e disse que em meio a uma pandemia nós havíamos sido contaminados com o vírus do amor. Dias depois, ele buscou ajuda para ser atendido na reabilitação", conta.
Reforço à educação
O grupo também leva cerca de 60 cestas básicas mensalmente para a região norte da cidade de São Paulo e ajuda na volta às aulas das crianças e adolescentes da região.
"Levamos mensalmente cestas básicas e roupas, além de entregas pontuais de itens escolares no período de volta às aulas. Atendemos a comunidade Vila Nova Esperança, que fica próxima da Rodovia Anhanguera", diz.
Nessas entregas, o grupo também conheceu e ajudou a estruturar o projeto 'Escola Criança Futuro Melhor' em que uma mãe da comunidade abre as portas de casa diariamente e oferece ajuda nos deveres escolares e uma espécie de reforço escolar. "Apoiamos a iniciativa com materiais escolares. Essa mãe não é professora, mas ajuda como pode os filhos e seus amigos", conta Victória.
O projeto Pãozinho Solidário aceita doações em dinheiro, que podem ser feitas via Pix (chave e-mail): paozinhosolidario@gmail.com. Para mais informações, é possível acionar o grupo via a sua
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