Kylie Jenner é criticada por voo de 3 minutos; aviões são vilões do clima?
"Você quer ir no meu ou no seu?", postou a empresária, modelo e influencer Kylie Jenner, famosa pelo reality show The Kardashians, em uma de suas redes sociais. Na postagem, uma foto dela com o namorado Travis Scott, entre dois jatos particulares, gerou um debate sobre poluição ao meio ambiente. Incomodados com a situação, internautas descobriram voos do Kylie Air com trajetos de até 3 minutos, que seria possível fazer de carro em 40 minutos. Houve gente que sugerisse que Kylie Jenner fosse processada por crime ambiental.
Os comentários apontaram que enquanto centenas de pessoas ao redor do mundo estão mudando seus hábitos de consumo no dia a dia, os mais ricos esbanjam viagens aéreas rotineiras emitindo quantidades de gases poluentes que levariam uma vida inteira para serem compensadas.
Ecoa explica o impacto da aviação no meio ambiente.
Qual o impacto da aviação no meio ambiente?
Uma pesquisa de 2021 da ONG europeia Transport & Environment aponta que jatos particulares emitem duas toneladas de CO2 em apenas uma hora. Já uma pessoa, em média, na Europa emite 8,2 toneladas de CO2 ao longo de um ano inteiro. "Jatos particulares têm um impacto desproporcional no meio ambiente", afirma o relatório.
Um dos resultados da pesquisa apontou que os jatos podem ser até 14 vezes mais poluentes do que aviões comerciais, por passageiro, e até 50 vezes mais poluentes do que trens.
Nesse sentido, uma das propostas da ONG é a taxação em viagens particulares calculada em relação a distância do voo e o peso da aeronave até que uma legislação mais rigorosa seja aprovada.
Segundo Antonio Soler, 57, advogado ambientalista e integrante da ONG Centro de Estudos Ambientais (CEA), em tese, viagens contínuas em jatos particulares podem ser consideradas crime ambiental "se forem emissões acima dos padrões legais". Mas a prova é tecnicamente cara e difícil, explica o advogado.
Quem são os maiores responsáveis pela poluição no meio ambiente?
Antonio afirma haver uma desigualdade significativa na 'pegada ecológica'. Ele lembra que apenas 1% da população mundial gera mais de 50% das emissões de gases da aviação de passageiros. "Uma parte mínima dos habitantes do planeta se vale dessa modalidade de transporte poluente, mas seus efeitos negativos globais atingem toda a população de forma desigual", comenta.
Como exemplo, o advogado cita dados estimados em 2018 de que "somente 11% dos habitantes do planeta se valeram do transporte aéreo, e, quando se trata de voos internacionais, esse percentual cai para 4%".
Nesse contexto, para ele, mudanças individuais de hábitos de consumo não são suficientes quando comparadas com o impacto causado pelas grandes corporações e pelos mais ricos. "No caso da água, por exemplo, em média, 70% é usado na agricultura, 20% na indústria e somente 10% nos demais usos, como doméstico", explica.
Para enfrentar esse cenário "são indispensáveis políticas públicas como as que estão previstas na Convenção do Clima". Porém, na contramão das Nações Unidas, a Suprema Corte dos Estados Unidos limitou, em junho deste ano, a autoridade da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), órgão governamental, para regulamentar emissões de gases de efeito estufa das usinas elétricas a carvão e a gás.
Como é possível amenizar o impacto da aviação na poluição?
A fim de trazer luz ao debate, a Transport & Environment propõe que, até 2030, as agências reguladoras ao redor mundo devem permitir uso exclusivo de hidrogênio ou aeronaves elétricas para voos de jatos particulares em uma distância de até 1.000 km.
Além disso, sugerem o compromisso das empresas de jatos para firmar contratos com o Power Purchase Agreement (PPA), um acordo de compra e venda de energia renovável a longo prazo.
Para levar o assunto a sério, o secretário-geral da ONU, em comentários sobre o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), afirmou que os governos de todos os lugares devem reavaliar suas políticas energéticas, ou o mundo será inabitável.
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