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Juma é onça: o que fazer diante de uma onça-pintada? Pantanal ensina errado

Juma Marruá (Alanis Guillen) virou onça pela primeira vez em "Pantanal" - Reprodução/TV Globo
Juma Marruá (Alanis Guillen) virou onça pela primeira vez em "Pantanal" Imagem: Reprodução/TV Globo

De Ecoa, em Corumbá (MS)

29/07/2022 12h49

Imagine que você encontrou uma onça-pintada no meio da mata. Qual seria sua reação? No episódio de "Pantanal" exibido nesta quinta (28), a internet comemorou Juma (Alanis Guillen) virando onça. Em uma das cenas, porém, Zaquieu (Silvero Pereira) e Alcides (Juliano Cazarré) tomam uma atitude incorreta ao encontrar o bicho.

Na cena, os dois se desesperam, sentam, erguem as mãos e desviam o olhar. É um recurso dramático. Na vida real, pode piorar a situação, especialmente quando as onças são cada vez mais ameaçadas pelo homem. Para o veterinário Diego Viana, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), a principal atitude é manter a calma (se possível) e seguir as indicações abaixo.

Olho no olho

Na cena em "Pantanal", as personagens se abraçam e desviam o olhar da onça-pintada para evitar o confronto. Segundo Diego, a ação é incorreta. É preciso fazer exatamente o contrário. O contato visual mantém a onça atenta. O animal, então, analisa a situação e tenta compreender se está diante de uma presa ou uma ameaça. Não tente se aproximar, nem fotografar.

Veja a cena

Não corra!

O veterinário não recomenda correr. Nunca. Oferecer as costas para a onça é o comportamento de uma presa. "Assim como um gato [doméstico], ela vai querer brincar com você", diz. Não adiantaria correr. Os felinos estão entre os animais mais rápidos da Terra. Uma onça-pintada pode chegar a cerca de 80 km/h, apontam estudos.

Se afaste lentamente

As personagens de "Pantanal" fizeram uma atitude mais ou menos correta. Na cena, eles recuam lentamente, sem dar as costas, embora não mantenham a calma e se lancem no chão. O mais indicado é, realmente, se afastar lentamente, mas de maneira calma e com os olhos na onça.

Em 2020, um turista em Utah, nos Estados Unidos, se afastou sem dar as costas e manteve contato visual após o encontro com uma onça-parda em uma trilha. Especialistas afirmaram que a onça estava acuada e possivelmente protegia os filhotes na mata.

Não ataque.

Os grandes felinos são constantemente ameaçados pelos humanos e preservá-los é essencial para o meio ambiente e em respeito à vida. O avanço das grandes cidades, o desmatamento e as mudanças climáticas facilitam o encontro com eles em áreas urbanas, onde não queriam estar.

Juma (Alanis Guillen) virá onça após descobrir ficar trancada em casa depois de traição de Jove (Jesuíta Barbosa) - Reprodução/Globo - Reprodução/Globo
Juma (Alanis Guillen) virá onça após descobrir ficar trancada em casa depois de traição de Jove (Jesuíta Barbosa)
Imagem: Reprodução/Globo

Segundo o veterinário, a onça não tem o menor interesse nos seres humanos como alimento. É um mito. "Não existe nenhuma presa da onça-pintada que seja bípede e da nossa altura", diz. Como exemplo, uma das refeições das onças são os rasteiros jacarés. O humano não é comida.

Por outro lado, elas podem se sentir ameaçadas pelo humano. Não à toa. A espécie é caçada e morta no país até hoje e, em alguns casos, leva a culpa por mortes sem ter envolvimento. Além disso, a morte de uma onça é um crime ambiental e pode render prisão de até 1 ano e multa.

O que fazer depois?

Após avistá-la em um lugar urbanizado, o mais indicado é telefonar para a polícia ambiental. Nestes casos, a instituição costuma unir forças com ONGs ou institutos especialistas para fazer o resgate. Além disso, é possível doar para instituições sociais que resgatam e cuidam de grandes felinos no Brasil, como Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o Onçafari.

Instituto Homem Pantaneiro (IHP) - Corumbá, Mato Grosso do Sul
Banco do Brasil | Agencia: 0014-0 |Conta Corrente 50820-9 | CNPJ 16.575.853/0001-91

Onçafari (Pantanal, Amazônia e Cerrado)
Acesse o site da instituição e saiba como doar.