Grupo de teatro que formou elenco de Cidade de Deus será dirigido por Babu
O ator Babu Santana foi nomeado para a diretoria da associação cultural Nós do Morro, projeto do qual fez parte. A entidade, sem fins lucrativos, oferece acesso à cultura para crianças e adolescente que residem no Vidigal, no Rio de Janeiro. A proposta é proporcionar a esses jovens formação em cinema e teatro. Babu deu seus primeiros passos na carreira artística quando ingressou no projeto ainda jovem. Agora, ao integrar a diretoria, avalia que poderá retribuir o que o Nós do Morro lhe propiciou.
A Ecoa, o ator, que já viveu Tim Maia nos cinemas, conta que entre os integrantes antigos há uma espécie de sociedade. Babu já fazia parte desse grupo, que reúne sócios fundadores, alunos e professores.
"Eu já trabalhava com cenário, produção. E a vontade de ver o Nós do Morro em destaque me fez alçar uma candidatura. Fui convidado pelo Marcelo Mello, que é um dos diretores. Fui votado e eleito, e estamos no começo, tentando reaparelhar o local. Temos três imóveis: dois construídos e um terreno. E queremos retomar as aulas. Atendemos quase 100 pessoas, mas o grupo chegou a atender 600 nos tempos áureos. A meta é essa, na maioria crianças e adolescentes", ressaltou Santana.
Reaparelhar os terrenos é objetivo mais urgente, segundo o artista. Babu explica que a diretoria está buscando recursos. O Nós do Morro vendeu objetos e algumas coisas que estavam em desuso, reformou a primeira laje do casarão, um local onde poderá atender mais pessoas.
"Estamos recebendo a produção do filme da Luciana Bezerra, nossa antiga presidente, que gerou uma receita para começarmos as obras. O Nós do Morro está em obras e atendendo duas turmas, de um edital que ganhamos da prefeitura, e estamos em pesquisa para montar a nova companhia, erguer um novo prédio para ampliar o atendimento à comunidade e adjacências", continuou.
Relacionamento de longa data
Babu assumiu a direção no último mês de maio e pretende dar continuidade às atividades do projeto. A novidade é que tentarão produzir mais e virar uma espécie de produção teatral, para a arte não morrer, especialmente no Rio de Janeiro. Ver teatros fechando abala o artista.
"Na minha época, 70% [das pessoas] que assistiam as peças eram do Vidigal. Sempre foi projeto de formação de plateia, com apoio do comercio local, nos primeiros projetos do Nós do Morro. Queremos dar acesso a quem não tinha oportunidade, que o teatro fosse até quem não podia ir ao teatro. Hoje, devido à pandemia, perdemos o hábito, por conta das aglomerações, por exemplo. A principal relação é a formação de plateia, e assim continuará sendo", disse.
A relação entre Babu e a companhia começou com o desejo dele de fazer teatro. O ator lembra que fazia teatro na escola, mas desejava fazer algo "mais contundente". "E aí meu vizinho, minha tia, e essa proximidade fez com que eu entrasse. Nós do Morro é tudo na minha vida profissional. Hoje não sei dizer onde começa e termina minha família, e onde começa e termina o Nós do Morro", ressaltou.
O Nós do Morro sempre ofertou conhecimento. O projeto já teve aulas com grandes nomes do mercado. Ele prepara os jovens artistas para o mercado. "Ao passar por lá, mudou tudo. Eu entrei no Nós do Morro e lá comecei a fazer testes para cinema, televisão. Eu acho que não teria nem carreira se não fosse a companhia. Eu sou homem e artista feliz, realizei muitos sonhos e vou realizar muitos outros. É isso. Sou um homem feliz", concluiu.
Incentivo à cultura
Junto com a diretoria, Babu Santana foi recentemente a Brasília para se unir à luta pela derrubada dos vetos a duas propostas de incentivo à cultura: a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc 2.
"Acreditando na democracia, eu fui mostrar minha indignação, tendo em vista que os argumentos para o veto eram argumentos que não me convenciam. Fui dar meu testemunho, como profissional que foi beneficiado por políticas públicas e leis de incentivo. E hoje sustento minha família e emprego pessoas. Viva a cultura brasileira e a arte brasileira. Viva a Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc, e obrigado aos senadores e deputados", acrescentou.
"O artista é cronista do nosso tempo. Nem todas as vezes vão acontecer coisas boas para contarmos, e nada passa batido aos nossos olhos. Para manter unidade, tem que manter esperança. Nem só de pão, água e ar vive o ser humano. Vivemos de pensar e sentir também. Temos que ter esperança de um país melhor, ter mais amor, compartilhar mais pensamentos. Temos que fazer exercício da cidadania, e quando o cidadão se sente injustiçado, ou sente que seus representantes não estão agindo de forma bacana, temos que manifestar de forma educada, pacífica e tranquila, como qualquer outra categoria".
Babu Santana
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