Papo Preto #93: Questões históricas dificultam o acesso dos negros à saúde

"Existe na sociedade um estereótipo de que a raça negra é forte, tem saúde e não precisa de cuidados. E esse pré conceito, o mito de suportar a dor e todas essas questões, estão relacionadas ao processo histórico que o Brasil já viveu". Essa afirmação é do cirurgião dentista Arthur Lima, sócio-fundador e CEO da AfroSaúde, iniciativa que desenvolve projetos em saúde para populações vulneráveis.

Neste episódio de Papo Preto ele fala dos problemas de acesso à saúde da população negra e dos desafios de conscientizar toda a população sobre o cuidado preventivo do corpo e também da mente.

Ele diz que quando as estatísticas mostram que as pessoas negras são as que mais morrem por causas evitáveis é por causa da dificuldade de acesso a cuidados básicos e de outras questões que estão atreladas a isso e que são históricas. "É o que chamamos na saúde pública de determinantes sociais da saúde. São fatores que, direta ou indiretamente, interferem no processo de adoecer: é o emprego, a moradia, a alimentação" (a partir de 6:31 do arquivo acima).

Arthur Lima diz que estamos vivendo um período em que o número de pessoas com fome aumentou e que também a qualidade da alimentação caiu muito. E as pessoas negras estão nesse lugar. "Quando você coloca alimentação, emprego, moradia, causas externas como violência, surto de doenças... tudo isso acaba afetando essa população, porque não podemos entender saúde simplesmente como ir ao médico e tomar um remédio. Tem todos os outros fatores que exercem pressões diretas e indiretas no adoecer e no processo de cura das pessoas" (a partir de 7:08 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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