Bilionário constrói maior prédio de madeira do mundo à prova de fogo
No início de 2022, a maior edificação do mundo de madeira foi inaugurada na Noruega. São mais de 85 metros de altura, duas vezes maior que o Cristo Redentor. Segundo os idealizadores, a ideia é apresentar um modelo de construção sustentável feito com materiais renováveis e com menos recursos para transportar e transformar metais e cimento.
Chamado de Mjøstårnet, o prédio tem 18 andares, 72 quartos de hotel e salas comerciais e residenciais. É o terceiro prédio mais alto da Noruega, país com poucos arranha-céus. É feito com madeira de 18 mil pinheiros de reflorestamento da região, a 140 km da capital Oslo, e da vizinha Suécia, para encurtar as emissões causadas pelo transporte de longas distâncias por navios e caminhões. Foram mais de seis anos entre o primeiro esboço e a inauguração do prédio de madeira.
Ainda faltam dados para precisar o quão sustentável é o Mjøstårnet em relação a um prédio convencional. O principal argumento do investidor bilionário hoteleiro norueguês Arthur Buchardt é, justamente, se opor aos dados de emissões conhecidos da construção civil convencional.
Segundo um artigo da Nature de 2021, 8% de todas as emissões globais de poluentes atmosféricos são emitidos só pela indústria de cimento. No mundo todo, são 30 bilhões de toneladas de concretos usados anualmente, três vezes a mais do volume usado há quatro décadas. De acordo com estudos, 600 quilos de dióxido de carbono são emitidos a cada uma tonelada de cimento. Além disso, o crescimento dos centros urbanos pode acabar com a areia do mundo.
A madeira mais usada é a "glulam" (ou mlc, em português), uma madeira laminada impermeabilizada com cola industrial, mais maleável e usada em colunas e ligações, e a CLT, um tipo de madeira com ripas mais longas usadas para construir pavimentos e paredes extensas.
As construções de madeiras causam desconfiança por um motivo importante: o fogo. Países da Europa restringiram ou proibiram madeira em construções após incêndios devastadores, como o Grande Incêndio de Londres, em 1666. A Noruega teve a própria versão do desastre: a cidade de Ålesund, com muitas casas de madeira, foi destruída por um incêndio em 1904.
Em 2016, as colunas do Mjøstårnet foram incendiadas e a análise concluiu que a madeira, apesar de chamuscada e enrugada, queimou apenas 2 centímetros da primeira camada de proteção e manteve seu interior intacto.
Segundo os parâmetros da Noruega, a estrutura é considerada segura por resistir a mais de duas horas de fogo ininterrupto sem ceder durante os testes. Para a vida real, saídas de emergência, extintores e paredes forradas com gesso foram instalados contra chamas, como qualquer outro prédio convencional.
100% sustentável?
Na prática, embora funcional, os desenvolvedores classificam o Mjøstårnet como um portfólio para o trabalho de arquitetos, engenheiros e investidores diante de restrições futuras às emissões da construção civil. Por ora, ainda é um investimento caro.
O Mjøstårnet custou US$ 113 milhões de dólares, ou cerca de R$ 580 milhões, o que, de acordo com uma publicação norte-americana, é 11% mais caro do que um prédio nos mesmos moldes feito de concreto e aço.
A Noruega tem uma tradição de reflorestamento ensinada desde a escola e, como no Brasil, as construtoras norueguesas são obrigadas a compensar os danos ambientais com o plantio de novas árvores.
Nem todos os países possuem reservas de pinheiros. Caso um investidor estrangeiro, de um país sem estoque de árvores, replique o prédio fora da Noruega e Suécia, as emissões com o importação de madeira desafiara a proposta sustentável de usar recursos locais.
"Madeira é o único material renovável no mundo", afirma o porta-voz Magne Vikøren para Ecoa, repetindo o posicionamento oficial da administração do prédio. Segundo ele, o plantio mantém a regeneração de áreas verdes, que são responsáveis por diminuir a poluição atmosférica.
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