Próximo álbum de Alok terá 100% do lucro revertido para artistas indígenas
O próximo álbum do DJ Alok ainda não tem data de lançamento, mas já conta com uma novidade. 'O Futuro é Ancestral', nome da obra, terá todo lucro revertido para =artistas indígenas, entre eles Mapu Huni Kuî, Owerá MC e Grupo Yawanawa, que participam do álbum.
Os artistas também estarão com Alok em uma performance que será gravada nesta sexta-feira (16) no rooftop do edifício da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O encontro, que também é apoiado pelo Greenpeace, faz parte da Assembleia Geral das Nações Unidas, leva o mesmo nome do próximo álbum do DJ e debate sobre como a indústria do entretenimento pode contribuir para a ressignificação do imaginário sobre a identidade dos indígenas.
A ideia da gravação, segundo o instituto de Alok, é evidenciar a urgência da promoção e defesa dos direitos dos povos indígenas. "Levar a sabedoria ancestral da floresta ao mundo faz parte não apenas dos meus objetivos artísticos, mas dos meus princípios como cidadão", comenta o DJ que também é presidente do Instituto Alok.
"Desde 1500, com a chegada dos portugueses, há um preconceito enorme contra a gente, falam que o indígena, quando usa o rap, perdeu a sua cultura. E, quando a gente mostra a nossa cultura, falam que o indigena é selvagem. Mas a gente vai continuar seguindo, mostrando nossa cultura e nossa arte", diz Owerá MC.
Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas.
Alok, artista e presidente do Instituto Alok
Terras indígenas são essenciais
A visita de Alok na ONU não vai parar na gravação. Em nome do Instituto Alok, o DJ, junto ao Pacto Global, assinará um documento para a criação de um fundo que apoiará artistas indígenas.
O Fundo Ancestrais do Futuro ajudará a produção de cinema, música, games e Web3 e a projetos baseados no uso de tecnologia para o bem-estar dos povos da floresta e a preservação da biodiversidade. Empresas, organizações do terceiro setor e indivíduos poderão contribuir com o fundo.
A produção artística produz conhecimento mas também empatia, e isso é o que mobiliza vontades para respeitar os povos, valorizar culturas e preservar a natureza. Não somos mobilizados apenas por ideias e estatísticas. O cinema e a música, por exemplo, são ferramentas de difusão de ideias e também de sentimentos. São expressões que iluminam a cultura de um povo, nos situam no tempo, revisitam o passado mas olham para o futuro.
Alok, artista e presidente do Instituto Alok
Mas qual a importância de falar sobre cultura indígena nesse momento? Otávio Toledo, diretor de Relações Institucionais do Pacto Global da ONU no Brasil, explica: "Trazer para o tema do clima uma abordagem sobre cultura e entretenimento é fundamental para conectar a pauta com novos e diferentes públicos e engajar muito mais gente no reconhecimento da importância da população indígena e seus conhecimentos ancestrais na preservação da biodiversidade".
A demarcação e manutenção de territórios indígenas é fundamental para manter a floresta em pé. Nos últimos 36 anos, a perda de floresta nativa na Amazônia foi de apenas 0,8% nesses locais. Por outro lado, em territórios não demarcados a perda foi de 21,5%. Os dados são do MapBiomas divulgados no último mês.
"As terras indígenas são essenciais para manter a vida e a subsistência de 305 povos indígenas brasileiros. A demarcação destas terras significa garantir a diversidade cultural e a preservação dos modos de vida tradicionais, que garantem a proteção do meio ambiente e da biodiversidade", diz Dinamam Tuxá, advogado e coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta.
Alok, artista e presidente do Instituto Alok
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