Topo

Quer reciclar o papel da figurinha do álbum da Copa? Casal de SP deu jeito

Casal de SP começou a reciclar o papel da figurinha no próprio condomínio, mas a iniciativa se espalhou - Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress
Casal de SP começou a reciclar o papel da figurinha no próprio condomínio, mas a iniciativa se espalhou Imagem: Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress

Rafael Monteiro

Colaboração para Ecoa, de São Paulo (SP)

18/09/2022 06h00

Se você está completando o álbum de figurinhas da Copa do Mundo, sabe como é a sensação: Rasgar o pacote e colar o retrato de um jogador de futebol no papel é prazeroso, quase relaxante. O hobby sazonal de crianças e adultos volta com força a cada quatro anos, seguindo o ritual antigo, mas também exige responsabilidade com o meio ambiente. Sabe aquele papel branco que serve de base para o adesivo, por exemplo? Ele é reciclável e não deve ser jogado no lixo comum.

O papel branco tem nome: liner. E, se você parar para analisar, é usado por aí em todo tipo de adesivo. De forma resumida, há dois tipos: o de papel e o sintético - e ambos recebem o mesmo tratamento de reuso. Pela presença de silicone, um material não biodegradável, os liners são rejeitados quando encontrados junto de outros tipos de papéis na reciclagem comum e acabam em aterros sanitários, grandes responsáveis pela liberação de gás metano, um dos principais causadores do aquecimento global.

Para quem mora na Grande São Paulo, o problema ambiental tem solução graças ao esforço de dois voluntários. Na zona oeste da capital, a gestora ambiental Patricia Meirelles e o economista Sergio Talocchi iniciaram um projeto de coleta dos liners pela região metropolitana do estado. A princípio, o casal só queria fazer a coleta no prédio onde moram. A divulgação, no entanto, fugiu do controle na internet e acabou virando um projeto maior.

"Como pais de três filhos, nós vimos a movimentação da troca de figurinhas e pensamos em começar a coletar o liner, pois sabemos a dificuldade de reciclar esses papeizinhos. A ideia era fazer o trabalho só no nosso condomínio ou na escola dos meninos. Só que um mandou um flyer da campanha para um, outro mandou para o outro, e eu acabei recebendo mais de 200 mensagens de WhatsApp só no primeiro dia. Eram pessoas querendo saber como reciclar as sobras das figurinhas em todo o estado de São Paulo, até do Rio de Janeiro", conta Patricia.

Limer é o papel branco que serve de base para a figurinha - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Liner é o papel branco que serve de base para a figurinha
Imagem: Arquivo Pessoal

O casal iniciou a coleta por conhecer o trabalho da Polpel, uma empresa de Guarulhos (SP) que desenvolveu um método próprio de transformar o limer em polpa celulósica, material mais usado para a fabricação de papel. Após apresentar o projeto da coleta de figurinhas, Sergio conseguiu o apoio também da Avery Dennison e da MD Papel, duas companhias com projetos sustentáveis, no processo de reciclagem.

As empresas ficam com o processo de transformação da liner em matéria-prima de papel, enquanto Patricia e Sergio cuidam da coleta. No momento, eles buscam os liners em pontos de encontro ou recebem o material na própria casa. Para dar conta dos pedidos crescentes de donos de figurinhas em toda a Grande São Paulo, o casal pretende lançar uma campanha de financiamento coletivo para bancar os gastos.

"A gente está em busca de um profissional de logística para nos ajudar. Nós estamos dispostos a trabalhar por isso, mas nosso esforço tem um alcance limitado. Também entrei em contato com a Panini para ver se eles têm interesse no projeto, mas ainda não tive resposta", diz Sergio Talocchi. "Mas uma coisa a gente garante: nós vamos fazer a história acontecer", complementa.

"A gente só pede para que eles separem os liners numa caixa ou num saco plástico. Entrem em contato conosco e nós damos um direcionamento", complementa Patricia. O projeto já tem uma conta no Instagram @movimentosobrenos e pedidos diários de coleta no Whatsapp pelo número (11) 99939-3054

Antes da reciclagem das figurinhas, o casal já havia feito uma pequena parceria com o projeto Morada da Floresta e levado composteiras para o condomínio onde vivem, transformando resíduos orgânicos em adubo. "Mas era um projeto bem pequenininho", explica Patricia. "Agora eu estou ficando famosa", finaliza, aos risos.